
A adaptação dos consumidores ao ambiente digital gera novos processos da jornada de compras. Especialistas avaliam a sobrevivência dos negócios no cenário futuro
A adaptação dos consumidores ao ambiente digital gera novos processos da jornada de compras. Especialistas avaliam a sobrevivência dos negócios no cenário futuro
A crise mundial causada pela Covid-19 acelerou tendências que devem influenciar os lançamentos da indústria em 2021
Carlos Teixeira
Jornalista I Futurista – Radar do Futuro
Para quem se interessa em entender o futuro, vale a pena acompanhar e ampliar as reflexões sobre o papel e os sinais espalhados pelos influenciadores digitais, os líderes de audiência dos anos 2010. Seu filhos adolescentes, netos ou sobrinhos ou algum jovem próximo a você são os seguidores de tais pessoas que conseguem atrair legiões nas mídias digitais, em canais como YouTube, Twitter e Instagram. E que apontam para uma sociedade mais conservadora em questões políticas, econômicas e sociais.
Segundo a pesquisa “Influenciadores Digitais”, do Instituto QualiBest, os líderes das mídias sociais são, hoje, a segunda fonte de informações para a tomada de decisão na compra de um produto. Eles são referência para 50% dos 3022 que participaram do estudo. Perdem em poder de indução de decisões apenas para amigos e parentes, citados por 56% dos respondentes. Para Daniela Malouf, diretora-geral do Instituto QualiBest, blogueiros, youtubers e podcasters que já estão próximos de tomar a liderança absoluta nos corações e mentes dos internautas.
Segundo a pesquisa mais recente sobre os maiores influenciadores do Brasil – realizada em março e maio deste ano, 71% das pessoas seguem algum influenciador. Entre as mídias sociais, Facebook e Youtube ainda são as mais utilizadas – 92% e 90%, respectivamente. E também as mais preferidas – com o Instagram em terceiro lugar, nas duas categorias.
Indicado como influenciador digital pelo Instituto QualiBest, em uma categoria de ciência e curiosidades, o neurocientista Pedro Calabrez aproveitou o momento para identificar os riscos envolvidos na relação entre pessoas com algum nível de carisma e seus seguidores. Em um vídeo publicado no Youtube, sob o título “Os perigos da influência“, o professor especializado em comportamentos cita experiências clássicas na área de psicologia para apontar tendências inerentes à humanidade de seguir pessoas de referência.
A preocupação é justa. Afinal, assinala Calabrez, as experiências descritas no vídeo reforçam a compreensão de que o ser humano tem uma forte vocação a seguir “comportamentos de manada”. “Quando gostamos de algo ou de alguém reduzimos o nosso senso crítico”, afirma, propondo que as pessoas precisam lutar contra a irracionalidade de alguns comportamentos.
A preocupação é ainda mais justa quando se percebe que o médico Denis Furtado, o “dr. Bumbum”, denunciado pela imprudência e morte de uma bancária, fez fama na internet, com um contingente considerável de seguidores. Assim como Júlio Cocielo, 25 anos, um jovem que causou polêmica ao postar um comentário racista durante a Copa do Mundo de Futebol, no Twitter.
Ele disse que o jogador da seleção francesa Kylian Mbappé, que é negro, “conseguiria fazer uns arrastão top na praia”. Foi uma referência ao jogo entre França e Argentina da Copa do Mundo, no qual o atacante fez dois dos quatro gols da vitória francesa — o placar final foi 4 a 3 para o time europeu.
O post foi condenado por internautas, que vasculharam o perfil de Cocielo e encontraram mensagens ofensivas de anos anteriores. Em 2013, o mesmo influenciador publicou, em mais uma mensagem repleta de preconceitos, que só seria possível deixar de fazer piadas de negros caso eles fossem exterminados.
Foi necessário um escorregão maior para que os patrocinadores dos espetáculos protagonizados por tais pessoas concluíssem que mantinham atores de baixa qualidade em seu elenco de apoiados. Alguma coisa deu errada para os dois. O médico e o racista. Porém, não e possível deixar de levar em conta que o modelito que mistura preconceitos e culto a celebridades prossegue como padrão de comportamento social, capaz de sinalizar muito sobre o que vem por aí.
Eles são muitos. E compartilham a liderança das listas com artistas e esportistas. Gente que sabe explorar o vazio de conteúdos com piadas, ironia e ódio forma um contingente enorme nas mídias sociais. Mas há algo de novo no ambiente. Há pouco mais de uma década, a maior parte da população tinha acesso a uma quantidade mínima de referências entre celebridades. Mais exatamente, algumas poucas pessoas eram reconhecidas como famosas para tribos restritas. Era o ator da novela, o político, o empresário rico, os cantores e cantoras definidos pela indústria cultural. Nada mais.
Hoje, como vantagem inegável, entre os influenciadores é possível encontrar, além do neurocientista Pedro Calabrez citado acima, filósofos, sociólogos, cientistas políticos, economistas e psicólogos dispostos a apresentar conceitos e ideias. Especialistas que atendem a anseios por respostas para angústias, interesses por conhecimentos e posição política, entre outras demandas. Mas que estão em posições de desvantagem dos rankings de mais seguidos.
O perfil diverso dos influenciadores diante dos seguidores — ou influenciados — revela que encontraremos uma população mais complexa do que as definições disponíveis, e limitantes, sobre gerações do milênio ou “x” ou “y” ou “z”. Haverá os radicais, os de direita ou de esquerda. Os intelectuais e os pragmáticos. Mas há uma forte tendência de aumento do conservadorismo, uma contradição frente ao aumento do acesso a informações propiciado pela internet. Algo que fica bem evidente quando se avalia os líderes de audiência atuais.
Uma pesquisa apresentada em abril pelo Ibope reforça a tese de que o País se torna mais conservador, principalmente entre os mais escolarizados. E entre os que possuem cursos universitários. A proporção da população defensora de teses moralistas e punitivistas para solucionar os problemas do mundo saltou de 49% em 2010 e chegou a 55% em 2018. Não existem dados que confirmem a conclusão, mas os resultados parecem coerentes com o aumento do poder de interação dos influenciadores.
Mesmo com informações disponíveis, jovens custam a descobrir o ideal de cada um
A substituição de humanos ainda será lenta, até que comece a ocorrer de fato a queda dos preços de sistemas de inteligência artificial
Uma vez por mês, no primeiro dia do mês, o Radar do Futuro vai publicar o relatório “O que vem por aí”, sobre cenários de curto e médio prazos.
Em “O que vem por aí”, o Radar do Futuro apresenta a análise de conjuntura sobre acontecimentos do cenário global
A Cúpula de Líderes da COP26, em Glasgow, não eliminou o cenário de incertezas sobre a questão ambiental. A brasileira, Txai Suruí reivindicou a herança de seus antepassados
O veganismo, a proposta de eliminação total de alimentos de origem animal, se tornou uma indústria bilionária. Segundo a consultoria americana Allied Market Research, o mercado global de substitutos para a carne deve chegar a valer US$ 7,5 bilhões em 2025 se continuar crescendo quase 8% ao ano, como faz desde 2018.
Entidades empresariais e investidores privados serão essenciais para a viabilização de avanços significativos de projetos de inteligência artificial no Brasil. Nos próximos anos, a tendência é de ausência de políticas públicas efetivas, tanto por parte do governo federal quanto da maioria dos estados. Programas de fomento com recursos e apoio governamentais serão raros, ou até inexistentes. De nada adiantarão as procissões de lideranças setoriais reivindicando atenção em palácios de governo ou ambientes parlamentares.
Entender a realidade adiante será uma necessidade para a comunidade da tecnologia, de pesquisadores a candidatos a empreendedores. O presidente da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria), Jhonata Emerick, reconhece, em entrevista publicada pelo site Época Negócios, que apesar da grande oportunidade representada pela tecnologia, o empreendedor vê o Brasil ficar para trás.
Ele avalia que o desenvolvimento da tecnologia e de novos negócios requer impulsos de todo o sistema que envolve o tema. “Eu não vejo o governo falar de inteligência artificial. É preciso entender que a gente está ficando para trás. Se não tiver política pública ou minimamente um apoio sistêmico nessa discussão, vamos entrar numa guerra que já começa perdida”, reclama. É melhor colocar a mão na massa.
A preocupação dele sobre o papel do Brasil no cenário de IA é justa. Especialmente ao analisar a situação dos atuais líderes da área, China e Estados Unidos, onde os governos têm, por sinal, papel proeminente no apoio ao desenvolvimento de novas iniciativas. “Não temos dinheiro para competir. Vamos ser o campo de testes.” Para as startups brasileiras, portanto, é se mexer ou morrer. Ou melhor, se unir. “Se não tiver política pública, é preciso um espaço para os empreendedores se reunirem com um fim comum.” A proposta da ABRIA é preencher esse espaço. “Não há ninguém olhando o grande cenário de IA no Brasil”, diz.
A alternativa, para ele, é criar comitês de temas específicos, como inteligência artificial e ética, criação de proposta de valor nas startups e até auxílio na seleção e contratação de serviços de IA. “A proposta é trazer as empresas e a sociedade para a discussão.”
A Apple pode se tornar uma dez maiores emissoras de cartão de crédito nos Estados Unidos até 2024. O Apple Card, desenvolvido em parceria com o Goldman Sachs, tem potencial para gerar receita de US$ 1,5 bilhão no período, segundo estimativas da própria empresa, que se beneficia dos 146 milhões de proprietários adultos de Iphones.
A experiência do consumidor será totalmente impactada pela Realidade Aumentada (RA) e pela Realidade Virtual (RV). Até 2020, cerca de 100 milhões de consumidores efetuarão compras por meio de tecnologias de AR em lojas físicas ou online, estima o Gartner.
Um novo material translúcido desenvolvido por pesquisadores do Instituto Real de Tecnologia (KTH), na Suécia, pode substituí-lo com vantagens: a madeira transparente. Segundo seus criadores, ela é mais resistente e isola melhor o calor do que o vidro. Os cientistas suecos desenvolveram um processo que remove a lignina, molécula que estrutura a parede celular das células da madeira – e também absorve a luz. Isso já resultou numa madeira transparente.
“Omincanalidade”. A expressão que define a integração do comércio eletrônico com as lojas físicas de uma mesma marca, tende a ganhar destaque efetivo a partir deste ano. Como reconhecem especialistas, o conceito é amplamente citado por consultores. A prática, porém, ainda é limitada. Agora, dadas as condições tecnológicas, econômicas e sociais favoráveis aos conceitos, é possível prever a aceleração de projetos.
Os sistemas de energia do mundo tornaram-se menos acessíveis e não são ambientalmente mais sustentáveis do que há cinco anos. Embora o acesso à energia tenha melhorado substancialmente, com menos de um bilhão de pessoas vivendo sem acesso à eletricidade, as preocupações quanto à acessibilidade e à equidade da transição energética estão aumentando. Estas são as conclusões da última edição do relatório Fostering Effective Energy Transition do World Economic Forum , que foi publicado hoje.
Em 2050, mais de 10 milhões de pessoas podem morrer por problemas relacionados a bactérias resistentes, segundo um estudo do governo britânico coordenado por especialistas da área e divulgado em 2014. As “superbactérias” também custariam até 3,8% do PIB global, segundo o Banco Mundial. Os principais afetados serão regiões mais pobres e com menos acesso a hospitais de qualidade e saneamento básico, sobretudo na África e na Ásia.
Sem contar com a China, 86% do mercado de publicidade digital global são investidos nas multinacionais Google e Facebook. Globalmente, as plataformas concentram 40,9% do mercado de publicidade, segundo dados do site português Dinheiro Vivo. Os números confirmam a tendência apontada por Eric Brynjolfsson e Andrew McAfee, no livro “A segura era das máquinas”, de que, nos próximos anos, os vencedores levam tudo na disputa por mercados.
“Diz-se que as pessoas superestimam o que pode ser realizado a curto prazo e subestimam as mudanças que ocorrerão a longo prazo.” —Ray Kurzweil, A Era das Máquinas Espirituais.
Este relatório sobre tendências foi produzido pelo Radar do Futuro.
Se você deseja receber informações, envie um email para carlos@radardofuturo.com.br
Até o dia 10 de cada mês, análises especiais sobre acontecimentos de relevância e o vem por aí, no futuro
CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro
O segundo semestre de 2022 será um período de oportunidades de grande aprendizado para os especialistas das áreas de ciências sociais e de humanas, atentos aos acontecimentos do planeta. Não necessariamente para ganhar dinheiro. Mas pela abundância de acontecimentos prováveis, capazes de gerar novos estudos sobre o comportamento da civilização. Sem saídas de curto prazo para as crises econômica, política, social e sanitária, o mundo tende ao conflito crescente. No Brasil, há eleições em contraste com inflação e aumento da pobreza. Pratos cheios para sociólogos, cientistas políticos, especialistas em direito, historiadores e psicólogos, entre outros expostos às ações humanas.
O mundo, conforme você conhece, está desaparecendo. E vem muito mais por aí.