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Empresas sem presença humana
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Engenharia de energia: segmento de crescentes oportunidades
Carlos Teixeira
Radar do Futuro
Já nos primeiros anos da próxima década, fazendas em cantos isolados do Brasil serão capazes de produzir a própria energia e garantir o funcionamento de todo o processo de produção sem a necessidade de comprar a eletricidade de concessionárias. Das residências do proprietário e dos trabalhadores, passando pelas máquinas de moagem ou embalagem, e pelo abastecimento de tratores e colheitadeiras, a autossuficiência no abastecimento tende a ser regra graças à integração de diferentes fontes. Da energia solar, com uso de baterias altamente potentes, até o aproveitamento de biomassa.
No cenário desse futuro de curto prazo, a engenharia de energia, um campo relativamente recente entre as profissões das ciências exatas, tende a ser especialmente beneficiada pelo cenário de busca por fontes alternativas e pela expansão da demanda interna. Exemplo da força da atividade, de 2018 a 2020, a produção de microgeradoras crescerá três vezes. E até 2024 o crescimento será de cerca cinco vezes, alcançando 900 mil unidades independentes de geração, segundo projeções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Mercado atual
No cenário favorável ao engenheiro de energia, o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países que mais empregam trabalhadores em segmentos de produtores de energia renovável. Enquanto a China, líder no ranking, tem 4,1 milhões de empregados, o mercado brasileiro contabiliza 1,1 milhão de trabalhadores. É o resultado de investimentos e do uso crescente das novas fontes de energia, entre elas eólica, solar, de biomassa e das ondas do mar.
O mercado de trabalho vive o momento de transição em que o desenvolvimento de tecnologias de produção, armazenamento e distribuição de eletricidade possibilitam a empresas e à população reduzir a dependência ou deixar de ser atendida exclusivamente por alguns poucos fornecedores, como as concessionárias estaduais. A matriz energética já ganha, hoje, um perfil variado, com o desenvolvimento das fontes renováveis, como hídrica, solar, eólica ou biomassa.
Perspectivas
A engenharia de energia tende a ter mais oportunidades de trabalho do que a maior parte das áreas tradicionais do setor. Entre as forças que jogam à favor da especialidade na próxima década, a evolução das matrizes energéticas limpas merece destaque, as fontes renováveis, em substituição ou complementação às tradicionais. Até mesmo a crise climática conspira a favor do processo de substituição de fontes fósseis.
Juntos, biomassa, eólica e solar devem reunir 28% do parque gerador brasileiro em 2025. De acordo com o relatório anual da empresa de pesquisa Bloomberg New Energy Finance (BNEF), o New Energy Outlook 2019 (Panorama da Nova Energia 2019), em 30 anos, as fontes limpas de energia serão as líderes do mix elétrico mundial. Segundo o estudo, as energias solar e eólica continuarão como líderes das novas capacidades instaladas, até responderem por 48% da geração mundial em 2050.
A tendência, diz o estudo, é consequência da contínua queda dos custos dessas tecnologias, que já são mais baratas em dois terços do mundo. A BNEF estima que as renováveis respondam por 77% dos US$ 13,3 trilhões de investimentos feitos em geração elétrica no mundo até 2050, os quais elevarão a capacidade mundial em 12 Terawatts (TW).
Até lá, as fontes intermitentes serão sustentadas pelas baterias de armazenamento, substituindo os combustíveis fósseis, como o carvão, que perderá maior participação mundial. Segundo o estudo, esse combustível passará dos atuais 37% para apenas 12% até 2050.
A ascensão dos carros elétricos nos próximos anos deve demandar 2.700 TWh de nova capacidade de energia ou 8% de toda a demanda em 2040, empurrando os custos da baterias para uma queda de 76% até 2040. Essa necessidade de energia para suprir o aumento de uma frota mundial mais limpa deverá ser compensada, em parte, pelo aumento da eficiência no uso de energia nos próximos anos, segundo estudo do BNEF.
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Futuro da enfermagem: a profissão após a pandemia de Covid-19
Os profissionais de enfermagem ganharam visibilidade na pandemia. O futuro da profissão, porém, depende de reconhecimento e melhores condições de trabalho.
A pandemia no novo coronavírus conferiu aos profissionais de enfermagem que atuam na linha de frente do enfrentamento à Covid-19 o status de super-heróis. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmam que a demanda por esses trabalhadores está em ascenção. A entidade estima que, até 2030, o planeta precisa de mais nove milhões enfermeiros e parteiras para atender todo o sistema de saúde.
Apesar de sua importância, há muitas resistências à valorização dos enfermeiros. No Brasil, em especial, iniciativas como a criação de um salário mínimo dos trabalhadores e trabalhadoras esbarra na resistência dos hospitais e de parte da categoria dos médicos, além da ausência de políticas públicas. Mesmo antes do início da pandemia, já havia um movimento em favor do reconhecimento da profissão, de busca de investimentos para o setor e de melhores condições de trabalho. Prova disso é que, em 2019, a Assembléia Mundial da Saúde escolheu 2020 como o ano dos profissionais de enfermagem e obstetrícia.
A visibilidade durante a pandemia também colocou em destaque os problemas enfrentados hoje pela categoria no Brasil, como a falta de reconhecimento da profissão, os baixos salários e a carga horária elevada. Esse debate, entretanto, é fundamental para o sucesso dos enfermeiros do futuro.
Contexto
No Brasil, mais de mil escolas oferecem graduação em enfermagem. A região Sudeste concentra 45% dos profissionais da área, oferecendo um número maior de instituições de ensino, salários maiores e melhores condições, o oposto da região Norte, como ficou evidenciado durante a pandemia de Covid-19.
Os dados são do estudo Fotografia da Enfermagem no Brasil, que integra o relatório Estado da Enfermagem no Mundo, da OMS. O levantamento foi feito pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e contou com a participação do Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, com sede na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP.
Ainda conforme o estudo, no País, 35% dos enfermeiros têm menos de 35 anos e 9% possuem mais de 55 anos. As mulheres ainda predominam: 87% dos profissionais são do sexo feminino.
O levantamento, publicado no Jornal da USP, aponta que, no Brasil, 70% de todos os profissionais de saúde são da área de enfermagem. Desse total, 76% possuem nível médio ou são técnicos e auxiliares e 24% são enfermeiros graduados. Em nível mundial, a relação é oposta: 69% dos profissionais têm formação superior e 22% não.
Mal remunerados, os técnicos de enfermagem, geralmente, têm mais de um emprego. O cançaso decorrente da jornada dupla provoca, muitas vezes, a queda da qualidade do atendimento além de alta rotatividade nos hospitais.
Pontos fortes
- É da área de saúde: profissional exerce serviço essencial
- Profissão regulamentada e protegida por conselho profissional
- Demanda habilidades técnicas muito especificas
- Requer habilidades humanas de relacionamento, empatia
- Conquistou visibilidade durante a pandemia de Covid-19
- Novas especializações ampliam o leque de atuação desses profissionais
Pontos fracos
- Profissão considerada secundária em contraposição à medicina
- Salários baixos e condições de trabalho inadequadas
- Baixa probabilidade de ocupar lugares de liderança
- Falta de investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS)
- Dupla jornada para complementar a renda
Tendências e forças de mudança
A possibilidade de exercer funções diferentes das tradicionalmente conhecidas traz um futuro cheio de possibilidades para os profissionais de enfermagem. A profissão é uma das mais completas e permite a integração de várias áreas da saúde. Isso porque ela inclui profissionais em praticamente todos os ambientes clínicos nas atividades primárias, secundárias e terciárias.
Estética
Atualmente, enfermeiros já podem realizar procedimentos estéticos, conforme a resolução 626/2020 do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Essa é uma conquista do Cofen após várias ações civis públicas movidas por entidades médicas, que defendem que essa é uma atividade que só pode ser exercida por profissionais da medicina.
O Cofen ainda não conseguiu restabelecer todos os procedimentos listados na resolução, mas é pouco provável que a classe médica consiga barrar os profissionais de enfermagem por muito tempo. Inclusive, algumas universidades já oferecem cursos de especialização na área voltados a enfermeiros.
Tendo em vista que tanto mulheres quanto homens prezam cada vez mais pelo bem-estar, o que inclui cuidados com beleza e cuidados com a pele, investir nesse segmento é uma oportunidade para profissionais de enfermagem, principalmente para aqueles que têm perfil empreendedor. O envelhecimento da população também traz novos consumidores ávidos pelos benefícios proporcionados pelos serviços e produtos de estética.
Enfermagem forense
A aplicação de técnicas de enfermagem em questões judiciais é outra área também é deve impactar positivamente o futuro da profissão. O enfermeiro forense desempenha um papel importante nas investigações criminais. Cabe a ele prestar assistência aos envolvidos em casos de violência diversos, o que inclui atendimento à vítima, familiares, agressor e à sociedade.
De acordo com a Associação Brasileira de Enfermagem Forense, enfermeiros podem desempenhar as seguintes competências:
- Investigação da morte
- Traumas, abusos sexuais, maus-tratos e outras formas de violência
- Testemunho pericial
- Conservação de vestígios
- Enfermagem carcerária
- Desastre em massa
- Acolhimento de famílias em situação de processos em área civil e criminal
- Auxílio em delegacia especializada da mulher
- Acompanhamento de conselhos tutelares
- Auxílio em exames de corpo delito, medida cautelar e conjunção carna
Oportunidades
- Novas áreas de atuação
- Envelhecimento da população – necessidade de cuidados com idosos
- Combate à violência contra a mulher – enfermagem forense
- Alta demanda por profissionais
- Pandemia evidenciou a necessidade de valorização da profissão
- Com a profissão em evidência, há mais chances de obter êxito nas demandas da categoria
Ameaças
- Competição com a área médica e outras no exercício de algumas funções
- Trabalho valorizado somente durante a pandemia, sem melhorias para a carreira
- Dificuldade para negociar melhores condições de trabalho
- Carga horária elevada e baixos salários, levando à jornada dupla
- Cortes de investimentos na área da saúde
Entrevista: enfermagem do futuro
Há quatro anos, Vitória Cunha, 22, não pensava em ser enfermeira. Ao terminar o ensino médio, prestou vestibular para outro curso, também da área de saúde, mas não obteve sucesso. Estudou mais um ano, mas dessa vez colocou a enfermagem como segunda opção. Hoje, ela é aluna do 7º período do curso em uma instituição de ensino privada, acredita no futuro da enfermagem e garante que não escolheria outra profissão.
Engajada desde o início da faculdade, Vitória já luta para melhorar as condições de trabalho e pela valorização da profissão, sendo membro da Diretoria de Ensino da Liga de Processo de Enfermagem (Lape) da Faminas BH. “O ano de 2020 foi um divisor de águas para o cenário da saúde mundial, a pandemia do Covid-19 trouxe em destaque a importância da multidisciplinaridade para o atendimento assistencial de qualidade”, afirma.
Para a universitária, os profissionais de enfermagem precisam ter seus direitos garantidos para exercer o ofício com segurança, autonomia e qualidade, assim como ocorre com outras categorias que trabalham na área de saúde. “Só conseguiremos alcançar valorização e reconhecimento quando os órgãos gestores nacionais e internacionais priorizarem as políticas públicas voltadas para a saúde”, ressalta.
Vitória destaca que poucos sabem sobre a possibilidade de atuação do profissional de enfermagem em outras áreas. “O enfermeiro não está voltado só para a prática assistencial e tecnicista. Ele também está voltado para a parte de gestão, para a parte empreendedora, de pesquisa, acadêmica, de ensino, de supervisão”, diz.
Na opinião da estudante, o futuro da profissão também está atrelado ao empoderamento do enfermeiro. “O profissional de precisa se ver como um amplificador, alguém que esteja disposto a gerenciar e a minimizar os riscos. A enfermagem tem a sua autonomia, tem seu local de espaço”, frisa.
A multidisciplinaridade é outro ponto defendido por Vitória Cunha para que a enfermagem tenha sua importância reconhecida. “Temos de entender a impostância da multidisciplinaridade. É fundamental que o médico, o fisioterapeuta, o psicólogo e o enfermeiro estejam alinhados em um único foco”, pontua.
“Temos lutado pelas 30 horas semanais trabalhadas, pelo reconhecimento e pelo direteito de exercer práticas assistenciais básicas como a inserção de um DIU e a realização de uma ultrassonografia de qualidade. Isso já devia ser inerente à profissão. Acredito que vamos conquistar mais autonomia, os nossos direitos para poder exercer a nossa profissão sem competir com o lugar do outro profissional de saúde, sempre cientes da nossa imporâtncia perante à sociedade”, vislumbra Vitória.
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