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Devagar. E de repente: quando a gente menos espera, a transição aconteceu

Assim como aconteceu com a pandemia da Covid-19, prevista há anos, o ChatGPT e o calor em excesso parecem surgir “de repente”. Só que não 

CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro

Frequentemente, são acontecimentos identificados há algum tempo. Como novas ondas de epidemias ou pandemias. Fenômenos climáticos severos. Radicalização política. E as tecnologias, como a inteligência artificial, forças aceleradoras de mudanças na economia com a criação de novos recursos ou soluções inovadoras de “unicórnios”, que derrubam negócios tradicionais e podem substituir o trabalho humano.


No romance  “O Sol Também se Levanta” — originalmente intitulado “The Sun Also Rises” — do escritor norte-americano Ernest Hemingway, um personagem chamado Mike é questionado sobre como faliu. “De duas maneiras”, ele responde. “Gradualmente, depois de repente.” Pois é assim que as transformações mais disruptivas tendem a acontecer com maior frequência nos próximos anos.

Estamos no momento  em que coisas “de repente” ocorrem. A pandemia antecipou a tendência. Surtos de pandemia já eram previstos há anos. Eventos endêmicos anteriores apontavam a vulnerabilidade do planeta. E poucos países, como alguns asiáticos, estavam preparados. Até que, de repente, a Covid-19 atropelou todos os países. Curiosamente, em janeiro de 2019, quase um ano antes das primeiras notícias sobre o vírus, a Organização Mundial da Saúde emitiu alerta sobre a possibilidade de uma epidemia. Ninguém prestou atenção. Até acontecer, “de repente”. 

Há outras crises a caminho. Praticamente agendadas até e em 2025 ou mais. Sem acordos governamentais e empresariais em negociações de lideranças, a possibilidade de fenômenos climáticos severos tende a ser confirmada. O comportamento do clima em 2023 confirma. Assim como crises de abastecimento de energia e movimentos sociais radicalizados por conta da falta de estratégias globais para redução da miséria.

Devagar, e de repente: a inteligência artificial

O Chat GPT foi o fenômeno tecnológico surpreendente, mas nem tanto, da transição de 2022 para 2023. Os impactos são evidentes no trabalho, no lazer, no trânsito das cidades ou em casa. As mudanças virão de forma exponencial. Aceleradas. De uma hora para outra. Vamos perceber com atraso. A sobrevivência depende da capacidade de antecipação das tendências.

O cenário dos acontecimentos nos próximos anos, até a metade da década ou mais, estará condicionado à influência da aceleração do processo de implantação de inovações tecnológicas. O que vai possibilitar o acesso a condições de vida como nunca antes. Projetos de automação e robotização, por exemplo, estão saindo das intenções para ocupar os lugares dos caixas humanos no comércio de sua vizinhança. 

Nos tempos pandêmicos, as empresas de TI e as mega corporações globais encontraram condições ideais no ambiente  para expandir a sua influência, com a conquista de novos negócios. Desenvolvedores e fornecedores de sistemas foram extremamente beneficiados pelo cenário de restrições de acesso à “vida normal”, especialmente para a classe média que, envolvida com funções de administração, foi obrigada a assumir a digitalização e virtualização das suas atividades profissionais, de educação pessoal e dos filhos, relacionamento e entretenimento. 

E os fenômenos severos do clima

Em 2023, as pessoas começam a sentir os efeitos da crise climática, com recordes de calor antes do fim do inverno. A onda de altas temperaraturas no Brasil, que atinge marcas históricas dos últimos 80 anos, é uma consequência do aquecimento global e mudanças climáticas de ação humana, segundo especialistas.

As altas temperaturas na América Latina nas últimas semanas superaram o que os metereologistas esperavam da influência do El Niño, em agosto e setembro. No Brasil, São Paulo bateu recorde de 80 anos das temperaturas do mês de novembro. A conta da intervenção do ser humano na natureza está chegando, sem que seja capaz de sensibilizar os donos do poder.

Devagar, e de repente: a crise dos empregos

Imagine que, na sexta-feira, você entra no supermercado próximo de sua casa e repara alguns equipamentos novos na porta de entrada e saída, próximo aos caixas. Na segunda-feira seguinte, entende para que servem aquelas coisa. Agora, um sistema automatizado possibilita a cada consumidor finalizar sua própria compra. Sem a intervenção de humanos. 

Tudo que puder ser automatizado, será. Simplesmente porque agora é mais possível do que nunca, com a evolução dos sistemas automatizados e robotizados, comandados pela inteligência artificial. Alguém do seu lado dirá que “de repente, perdeu o emprego”. 

Os acontecimentos ocorrem devagar. E de repente. Não é algo invisível. E só será uma ameaça para quem não prestar atenção aos acontecimentos e aos alertas disponíveis. Ou para quem negar. Estamos diante de uma avenida onde você só conseguia atravessar por conta dos semáforos e da velocidade limitada. O risco de ser atropelado era relativamente baixo. Agora, todos os sinais foram apagados e os carros passam em altíssima velocidade. A chance de ser atropelado cresceu. Quem se descuida corre maior risco de ser atropelado. 

Por que prestar atenção

Porque você estava desatente e, de repente …

  • O clima saiu do controle
  • Não há humanos no atendimento dos supermercados
  • Nem nas farmácias, no metrô, nem nas lojas
  • Seus textos passaram a ser produzidos pelo ChatGPT
  • Suas ilustrações também 
  • Funções rotineiras foram extintas
  • As pessoas ficaram mais e mais deprimidas

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