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O que impede a evolução das pesquisas sobre Alzheimer

Pesquisa belga avança na compreensão da da doença. Porém, pesquisadores são prudentes em suas expectativas

Uma equipe de cientistas do Centro VIB-KU Leuven de Pesquisa sobre Cérebro e Doenças, localizado na Bélgica, realizou um avanço significativo no entendimento dos estágios iniciais do Alzheimer. A nova pesquisa revela a existência de mecanismos pré-placa no cérebro do Alzheimer, capazes de promover avanços em tratamentos mais eficazes contra a doença, responsável por 60% a 70% dos casos de demência globalmente

A ampla divulgação na imprensa cria expectativas. E frustrações. A cada nova descoberta, familiares de portadores da doença ganham esperança de que a revolução da ciência alcance resultados. E mesmo cientistas e profissionais de saúde tendem a manter postura cética a cada novo anúncio de avanço de pesquisas.

Enquanto isso, a Organização Mundial da Saúde aponta para um número alarmante de 139 milhões de pessoas afetadas até 2050. Cientistas reconhecem que atualmente os esforços para tratar a doença têm sido em grande parte ineficazes, com nenhum tratamento disponível capaz de interromper ou reverter completamente seus sintomas.

Alzheimer: por que não há soluções?

A doença de Alzheimer esbarra na complexidade e em multiplicidade de fatores desencadeantes, cujas causas ainda não são totalmente compreendidas. São vários os desafios que dificultam o desenvolvimento de tratamentos eficazes, inclusive, é claro, uma cura.

Principais desafios

Aqui estão alguns dos principais desafios enfrentados pelos pesquisadores na luta contra a doença de Alzheimer:

A complexidade da doença: A doença de Alzheimer afeta o cérebro de múltiplas maneiras e envolve uma variedade de processos patológicos. Isto torna difícil direcionar um único medicamento ou intervenção para tratar eficazmente a doença.

Falta de compreensão das causas: Embora conheçamos alguns dos fatores de risco da doença de Alzheimer, ainda não compreendemos completamente o que causa a doença. Isto torna difícil o desenvolvimento de tratamentos que abordem as causas profundas da doença.

As dificuldades dos ensaios clínicos: Os ensaios clínicos de tratamentos contra a doença de Alzheimer são difíceis de realizar porque a doença progride lentamente e não existe um biomarcador perfeito para medir o seu progresso. Isto pode atrasar o desenvolvimento de novos tratamentos promissores.

Efeitos colaterais dos medicamentos: Alguns medicamentos que demonstraram alguma eficácia no tratamento dos sintomas da doença de Alzheimer também apresentam efeitos colaterais significativos, o que limita seu uso.

Avanços

Apesar destes desafios, os investigadores continuam a fazer progressos significativos na investigação da doença de Alzheimer. Muitas abordagens terapêuticas promissoras estão sendo exploradas, incluindo:

Terapias direcionadas às placas amilóides e à proteína tau: Essas terapias visam eliminar as placas amilóides e os emaranhados de tau, duas lesões cerebrais características da doença de Alzheimer.

Terapias imunológicas: Essas terapias visam ativar o sistema imunológico do corpo para atacar placas amilóides e emaranhados de tau.

Terapias de alteração genética: Estas terapias visam modificar genes que aumentam o risco de desenvolver a doença de Alzheimer.

Terapias baseadas em células-tronco: Essas terapias visam substituir as células cerebrais danificadas pela doença de Alzheimer por células novas e saudáveis.

Resultados das pesquisas

Como a nova descoberta impacta o futuro do tratamento do Alzheimer?

Os cientistas belgas identificaram uma molécula que desempenha um papel crítico muito antes da formação das placas amiloides, interrompendo a comunicação dentro das células de forma que prejudica o armazenamento de cálcio e a eliminação de resíduos.

Essa interrupção pode levar ao colapso do sistema celular responsável por manter os neurônios saudáveis. Entender esse mecanismo abre portas para abordagens terapêuticas que poderiam, teoricamente, prevenir o início do Alzheimer.

Esta molécula, conhecida como APP-CTF, surge da quebra de uma proteína presente na membrana dos neurônios. Quando não é devidamente processada, ela se acumula, interrompendo funções celulares essenciais.

Este avanço na compreensão dos estágios iniciais do Alzheimer sugere que futuros tratamentos possam necessitar focar na prevenção do acúmulo dessa molécula, tanto quanto ou mais do que na eliminação das placas amiloides.

Quais são os próximos passos na pesquisa do Alzheimer?

A equipe de pesquisa propõe estudar a fundo o papel da APP-CTF e suas implicações na saúde dos neurônios. Isso inclui investigar como impedir o acúmulo dessa molécula antes que ela possa desencadear os danos que levam aos sintomas do Alzheimer.

As implicações dessa descoberta são vastas, potencialmente redirecionando o foco dos tratamentos atuais que têm como alvo as placas amiloides, para uma abordagem mais holística, considerando os diversos fatores que contribuem para a degeneração neuronal.

Em resumo

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