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IA ainda assusta?
Profissionais e setores que mais experimentam avanços
Heraldo Leite
Profissionais e setores vão ter de rebolar para se adaptar ou não perderem seus empregos. Isso é inevitável, mas as pessoas estão temerosas? Isto é: IA ainda assusta?
Uma pesquisa com trabalhadores dos EUA e Reino Unido aponta que 61% não se sentem ameaçados pelos avanços da Inteligência Artificial (IA). Profissões ligadas à tecnologia e serviços destacam a automação como aliada para eliminar tarefas repetitivas e otimizar a produtividade.
Por outro lado, o telemarketing e os call centers vão ter de rebolar um pouco mais. Isso porque as pessoas não aguentam mais chamadas automatizadas – e nas duas vias. Por um lado irritam as chamadas feitas por robôs e que são desligadas (isso quando são completadas) tão logo o cidadão atende. E também as pessoas revelam que detestam “conversar com máquinas”.
Uma pesquisa da Gartner revela que 64% dos consumidores ainda preferem o atendimento humano, especialmente para questões complexas ou emocionais. Isso destaca a importância do equilíbrio entre tecnologia e empatia para garantir uma experiência de qualidade, mesmo com a crescente digitalização dos serviços.
Um guia para identificar conversas com IA
- 1. Estilo de Conversa
- Textos gerados por IA costumam ser formais e impessoais, contrastando com a naturalidade e variação de estilo presente nas interações humanas cotidianas.
- 2. Solicitação de Chamadas de Voz ou Vídeo
- Ao pedir uma chamada de voz ou vídeo, a recusa pode indicar a presença de uma IA ou até mesmo a tentativa de golpe.
- 3. Perguntas Elaboradas
- IAs frequentemente respondem de maneira genérica, especialmente em questões complexas ou tópicos atuais, o que pode ser uma forma de identificá-las.
- 4. Cuidado com Dados Pessoais
- Solicitações de informações como nome, senhas ou dados bancários são indícios de fraudes e não devem ser atendidas em conversas online.
- 5. Atenção a Links Suspeitos
- IAs ou golpistas podem enviar links perigosos. Verifique se URLs começam com “www” e terminam em domínios seguros como “.com” ou “.gov”.
- 6. Erros de Digitação
- Enquanto humanos cometem erros de digitação, chatbots e IAs são treinados para seguir a gramática correta, tornando-se um sinal de que você pode estar lidando com uma máquina.
- 7. Tempo de Resposta
- Máquinas respondem mais rapidamente que humanos, que precisam de tempo para ler, pensar e escrever as respostas, o que pode ser um fator para distinguir entre os dois.
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IA para falar com Deus
Heraldo Leite
Se eu quiser falar com Deus…
E não é a que a Inteligência Artificial – pelo menos em parte – tem uma solução para este diálogo?
Deus em Machina (expressão em latim que significa literalmente “deus surgiu da máquina”) é o mote de um site que oferece um confessionário virtual.
“Quando foi a última vez que você esteve no confessionário?” É uma das perguntas na primeira página do site https://www.kathluzern.ch/ – diretamente vinculado à Igreja Católica da cidade de Lucerna, na Suíça.
Lançado em agosto de 2024, o projeto foi desenvolvido em colaboração com um laboratório de pesquisa da Universidade de Ciências Aplicadas de Lucerna.
Como Funciona
O sistema consiste em um confessionário adaptado onde os visitantes podem fazer perguntas a uma imagem de Jesus projetada em uma tela. A IA, treinada com textos teológicos e religiosos, é capaz de responder em mais de 100 idiomas, oferecendo respostas em tempo real. Durante um período experimental de dois meses, mais de mil pessoas participaram, incluindo turistas de diversas nacionalidades.
Há controvérsias
Mas, há controvérsias. As reações ao projeto foram quase conflitantes. Aproximadamente dois terços dos usuários relataram ter tido uma experiência espiritual positiva, enquanto outros criticaram a superficialidade das respostas da IA, considerando-as banais ou inadequadas para questões espirituais profundas.
Outra preocupação dos mais críticos ainda com a questão teológica: sobre o potencial da IA em fornecer interpretações ou conselhos espirituais que possam contradizer os ensinamentos da Igreja.
Ao final, teologias e dogmas à parte e respeitadas todas as crenças, a questão se resume ao mais banal dos questionamentos do emprego cada vez maior da IA: como se adaptar à era digital enquanto mantemos nossa essência humana?
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