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Futuro dos coworkings: transição forçada para novos modelos

Para Bruna Lofego, referência na área de coworking no Brasil, a atividade vai passar por um processo de readequação de atividades. Imagem: arquivo pessoal
Para Bruna Lofego, referência na área de coworking no Brasil, a atividade vai passar por um processo de readequação de atividades.

Carlos Teixeira
Jornalista responsável I Radar do Futuro

No dia 23 de março passado, a empresária Bruna Lofego, CEO & Founder da CWK Coworking e criadora do método “Coworking de Sucesso”, chegou à unidade recém-ampliada da empresa em Belo Horizonte e encontrou tudo vazio. Nenhum dos usuários apareceu naquele dia. A ausência das pessoas foi, para ela, o fato que marcou o momento em que o isolamento passou a ser adotado pela população, diante da chegada da pandemia do coronavírus. Um cenário completamente diferente da sexta-feira anterior, em que tudo funcionava normalmente.

Foi um susto, sem dúvida. Até o início do ano, a projeção de crescimento era super positiva. Embora os coworkings tenham surgido no Brasil no ano de 2010, foi apenas cinco anos depois que começou a se popularizar. Segundo dados recentes do Censo Coworking, o número de espaços compartilhados cresceu mais de 500%, saltando de 238 (2015) para 1.497 (2019) no país, presente em 26 estados.

Porém após os acontecimentos gerados pela quarentena, a empresária testemunha que muitos coworkings perderam clientes, estão sem fluxo de caixa e tendem a fechar até julho, caso a economia não volte ao normal ou apresente uma margem de expectativa positiva. A adaptação a novas demandas e comportamentos de empresas e usuários individuais será inevitável. Há um novo modelo de negócios, em que a diversificação de serviços entra como exigência para a sobrevivência.

Aceleração de tendências

Passado o susto e feitas as contas sobre a capacidade de sobrevivência aos tempos prováveis de dificuldades, as empresárias podem comemorar a certeza de que a maioria absoluta dos clientes manteve os seus contratos. Na verdade, na CWK, apenas uma empresa buscou todas as suas coisas no sábado e desapareceu. Bruna Lofego não tem dúvidas de que é um ótimo sinal sobre a sobrevivência futura não só da empresa e das suas atividades como empresária, consultora e palestrante.

Para Bruna Lofego, o ano de 2020 seria o ano do coworking. As condições de, por assim dizer, temperatura e pressão pareciam ideais diante das transformações dos ambientes de negócios no mundo. Mas o que acabou ocorrendo, com a entrada em cena da Covid-19, foi a antecipação de um processo que viria um pouco mais adiante. Foi a chegada prematura da “terceira onda” do segmento, de acordo com a definição da executiva. “Trata-se de um nova revolução no setor, que era aguardada, mas não para este ano.

Com a economia andando de lado ou para trás, a expectativa agora é de que um terço das empresas tende a desaparecer, encerrando suas atividades ou se unindo a outras marcas com maior liquidez de seus ativos”. Bruna Lofego acredita que, a partir do segundo semestre deste ano, a curva de crescimento incline-se para a direção otimista, alcançando o seu pico no final deste ano. Porém isso servirá apenas para as marcas sobreviventes, garantindo um caminho mais fácil para conseguir novos clientes, por conta da diminuição significativa de concorrentes.

Como sobreviver

Um ponto a se considerar é a necessidade de mudança, pois para a especialista, aquelas que estiverem abertas a se adaptarem às necessidades do mercado, tendem a crescer. Será inaugurada, então, a “Era do Coworking 3.0”. Uma dessas mudanças será a reavaliação dos sistemas de baias, as grandes mesas compartilhadas pelas pessoas. Mesmo que sejam consideradas “fora de moda” e representem apenas 10% dos espaços compartilhados, ainda há quem insista em investir neste tipo de opção dentro dos coworkings.

De acordo com Bruna Lofego, o distanciamento social deve ser implementado também após a quarentena dentro dos espaços. “Os empresários devem entender que aglomeração demais por metro quadrado não deve mais ocorrer, assim priorizando salas individuais para comportar uma equipe, prezando pela privacidade e respeitando regras de distanciamento”, explica.

Durante a quarentena, a contratação de escritórios virtuais cresceu de forma significativa e, por conta da demanda de empresas que tiveram que adotar o home office, mas que necessitam de alguém para atender ligações, receber correspondências e encomendas. Para a especialista, mesmo sendo essencial após a crise, o serviço deverá sofrer adaptações por ser considerado commodities para o setor. “Sem dúvida, muitos coworkings devem ampliar o serviço para atender a demanda, mas fica a dúvida em como encontrar o diferencial. Além de investimento em centrais telefônicas, internet com velocidade e capacitação de colaborador, os espaços compartilhados deverão incluir outros serviços para atrair o cliente”, projeta Bruna.

Esvaziamento do networking

A necessidade de isolamento e o trauma que tende a levar as pessoas a manter distância uma das outras, além da perspectiva de novos surtos do vírus, atacam um dos principais atrativos utilizados há alguns anos sobre as vantagens do coworkings. A possibilidade de gerar redes de relacionamento, as networks, perde importância. Enquanto nos últimos anos, o networking era um dos principais motivos para justificar a ida de empresas para coworking, um novo conceito é fortalecido após a pandemia: associação entre empresas dentro do coworking.

A prática, que já existe em alguns lugares, tende a aumentar nos próximos meses, em que empresas passam a ajudar outras empresas que fazem parte do mesmo escritório compartilhado, como se fossem sócias. Segundo a especialista, o estímulo deve partir do próprio gestor do coworking, agregando empresas ao seu modelo de negócio. “A partir do momento que economia colaborativa for alavancada dentro deste ecossistema, a margem de lucro de uma empresa tende a escalar de uma forma que todos se beneficiem”, conclui.

Confira a entrevista:

Coworking: o que esperar do futuro

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