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Futuro da educação: a escola imaginada por estudantes. E outros temas

No Rio Grande do Sul, estudantes pensam no futuro da educação. Confira com a gente algumas das tendências que vão impactar o ensino

Carlos Plácido Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro

Incorporação de tecnologias e aulas de educação financeira. Os dois temas têm peso em depoimentos de estudantes e professores de ensino básico e superior, de instituições privadas e públicas, sobre expectativas em relação às prioridades da escola do futuro. A iniciativa desenvolvida pelo Instituto Ivoti, grupo de ensino do interior do Rio Grande do Sul, teve a participação da comunidade da região. Os jovens gravaram e enviaram vídeos com opiniões e expectativas sobre as principais mudanças que imaginam nas instituições de ensino nos próximos anos.

Os organizadores devem ter respirado aliviados com a conclusão de que há uma percepção positiva dos estudantes sobre a importância dos professores como gestores dentro de sala de aula. Há cobranças por mudanças em metodologias e utilização de recursos e de espaços. A escola se mantém como espaço central da convivência. Confira os depoimentos

Nova geração de professores

Há uma nova geração de professores entrando no mercado de trabalho que provavelmente terá vantagens em relação aos mais experientes. São os nascidos a partir de meados da década de 1990, que cresceram como nativos digitais. Para eles, a aplicação de recursos tecnológicos em sala de aula será bem mais tranquila do que foi para os seus colegas. Na verdade, é necessária uma revolução no comportamento dos profissionais de educação em relação às inovações, para que eles sejam os responsáveis pela criação de novas demandas aplicáveis na relação com estudantes.

Conectividade é direito

A inclusão digital é um direito fundamental dos estudantes, principalmente após a experiência que tivemos com a pandemia. É o que afirma Marlova Jovchelovitch Noleto, diretora e representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil. “A ONU defende que a conectividade é um direito desde 2012. Por isso, o que precisamos é, de fato, um retorno às salas de aula e investimentos em mecanismos que permitam pensar em formato híbrido. Após 52 semanas com escolas fechadas, o momento é de rever os currículos, (de fazer) planejamento escolar e investir em programas que apoiem os alunos dentro e fora da escola.”


E você, o que você acha?

Como mobilizar professores para que eles sejam inovadores tecnológicos?

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foto para matéria sobre futuro da educação.
Professora e aluna dentro da sala de aula, com máscara, montam um brinquedo
Fotos: Igor Santos/Secom

Saudades da escola

Um dos efeitos mais interessantes do processo de isolamento dos estudantes, afastados das salas de aulas pela pandemia, é um efeito de afeto pelo ambiente escolar. Pais e mães contam casos de crianças que, diante do retorno das aulas presenciais, já estavam prontas horas antes da abertura dos portões de seus colégios. A experiência das atividades remotas deixa marcas. Exemplo que confirma a expectativa, em Curitiba, no Paraná, 70% dos estudantes da rede municipal manifestaram preferência pela retorno às aulas totalmente presenciais, segundo um levantamento da prefeitura. Confira

Desafios para municípios

“Mais do que nunca é preciso discutir e implementar ações em regime de colaboração, a fim de assegurar o acesso à educação, com permanência e aprendizagem”, defendem dirigentes municipais de educação que participaram, em setembro, do 18º Fórum Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação. Apresentada durante o encontro, uma pesquisa divulgada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostrou que o número de crianças e adolescentes sem acesso à educação no Brasil saltou de 1,1 milhão em 2019 para 5,1 milhões em 2020. Desses, 41% têm entre 6 e 10 anos, faixa etária em que o acesso estava praticamente universalizado no país antes da pandemia. 

Tendências

As apostas no ensino híbrido

O crescimento das pesquisas sobre os termos ensino híbrido e futuro do ensino (ver o gráfico abaixo) confirma a expectativa de que o ensino híbrido tende a ser o principal legado das experiências no ensino deixados pela pandemia. Para avaliar as tendências, é necessário um tanto de prudência, pois as instituições de ensino privado tendem a julgar que o modelo foi plenamente aprovado. O que não é real. Segundo uma pesquisa da Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior do Brasil, apesar das dificuldades apontadas com as aulas remotas, mais da metade dos alunos afirmou que gostaria de continuar com os benefícios das aulas remotas após o fim da restrição devido à pandemia.

Porém, apenas 19,8% dos alunos das IES privadas e 8,5% das IES públicas gostariam de manter a experiência com 100% de aulas remotas, evidenciando a necessidade de criação de novos modelos que combinem as várias experiências. Vale destacar que uma parcela significativa de alunos quer retornar 100% presencial: 47% na rede privada e 43,2% na rede pública.

Em 2030, ensino personalizado e híbrido

Pesquisa do Wise (World Innovation Summitt for Education), da Fundação Catar, aponta a expectativa de que computadores e tablets estarão mais presentes na vida de professores e estudantes do que lousas e apostilas. Até 2030, a maior parte do ensino será personalizada, ou seja, vai acompanhar o ritmo e os interesses de cada aluno. Aulas online serão mais importantes do que as presenciais. A pesquisa ouviu 654 especialistas. Segundo 73% deles, o professor será um tutor, deixará de ser uma fonte de conteúdo para ajudar o aluno a alcançar o conhecimento sozinho.

Em destaque: aprendizagem personalizada

O que é? entrega de conteúdos educacionais adequados às necessidades ou interesses de estudantes específicos, individualizado.

Por que é importante? Cada pessoa tem seus pontos fortes, pontos fracos e ritmo de compreensão de um determinado assunto. Alunos diferentes também teriam gosto ou interesse por questões diferentes. Por essas razões, diferentes alunos se destacam em diferentes disciplinas. Alguns alunos também ficam para trás, pois o aprendizado teórico não é seu ponto forte.

Mas a aprendizagem tradicional baseada em sala de aula ignora esses fatos e avalia os alunos com base nas notas que recebem em cada matéria. Quando os alunos obtêm menos notas em uma determinada matéria, eles tendem a se comparar com aqueles que receberam boas notas. Isso leva a uma competição prejudicial entre eles, o que pode afetar sua autoconfiança a longo prazo. Essas são algumas desvantagens da educação tradicional em sala de aula que precisam ser resolvidas em breve. E raramente o professor tem condições de acompanhar cada estudante isoladamente.

O que possibilita a tendência? O aprendizado personalizado é possível com a aceleração da infraestrutura de armazenamento, processamento e transmissão de dados, o que contribui para a criação de novos recursos e para a aplicação de tecnologias. Primeiro, com a adoção de sistemas de análise de dados, que podem destacar cada estudante individualmente para avaliar suas necessidades, competências, pontos fortes e fracos. Com ajuda de inteligência artificial, agora em desenvolvimento acelerado, é possível não só monitorar, mas ter um programa de recomendações adequados para cada indivíduo.

Do que depende? Basicamente, da evolução de sistemas de inteligência artificial e do desenvolvimento de sistemas de armazenamento e análise de bases de dados.

Vantagens da aprendizagem personalizada

  • Possibilita melhor acompanhamento do processo de ensino-aprendizado
  • Ajuda o aluno a aprender, compreender tópicos de acordo com a velocidade individual
  • Oferece informações importantes para professores, instituições e pais no planejamento de ensino
  • Contribui para a identificação de pontos fortes e fracos e estratégias de apoio
  • É virtual: pode ser acompanhado a qualquer momento, em qualquer lugar

Em resumo

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