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Avanço das fintechs força digitalização dos bancos

Fintechs oferecem soluções específicas para cada tipo de cliente. Foto: Pixabay.
Fintechs oferecem soluções específicas para cada tipo de cliente. Foto: Pixabay.

De acordo com o relatório “Fintech na América Latina 2018: crescimento e consolidação”, publicado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Brasil é o país com maior número de empreendimentos. Em 2014 existiam aproximadamente 50 fintechs; hoje elas são cerca de 400 e atraem investimentos milionários. Entre os diferenciais estão a tecnologia, a agilidade, a inovação e o preço justo, que forçam os bancos a fechar agências, demitir funcionários e investir em plataformas digitais.

As fintechs tiveram crescimento de mais de 350% entre agosto de 2015 e maio de 2017. Somente em julho de 2019, foram fechados três grandes contratos: o grupo japonês Softbank investiu US$ 231 na plataforma de crédito Créditas e R$ 1 bilhão numa oferta de R$ 1,25 bilhão em ações do Banco Inter. Já o Nubank conseguiu levantar US$ 400 milhões.

Em contrapartida, instituições como Itaú, Unibanco, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal viram o fluxo de clientes encolher de 72,3% em 2014 para 64,5% em 2018. No mesmo período, a participação dos cinco maiores bancos do país, no total de operações financeiras, recuou de 77,3% para 69,9%.

O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, fechou 195 agências físicas em 2019 e conta atualmente com 3,3 mil unidades. Com isso, de março a junho, o quadro de funcionários foi reduzido de 99,7 mil para 98,4 mil, incluindo outros países da América Latina. Tais números tendem a crescer com o Programa de Demissões Voluntárias, elegível para 6,9 mil empregados.

O fechamento das agências do Itaú ocorreu onde havia duas unidades próximas, e também em função da aposta do momento, que é justamente a digitalização. De acordo com dados da instituição, as agências digitais são 2,5 vezes mais eficazes que as físicas. Somente no segundo trimestre de 2019, o banco abriu um milhão de contas físicas e 205 mil digitais.

Para competir pelas carteiras digitais, o banco criou o iti Itaú, plataforma de serviços financeiros para compradores e vendedores, que pretende ser uma alternativa mais em conta para recebimento e transferência de valores. O aplicativo permite transações via QR Code, dispensando o uso de maquininhas e cartões físicos, e não possui taxas de transferências.

Por sua vez, o Banco do Brasil, que conta com 96,6 mil funcionários e 4,7 mil agências, anunciou o fechamento de 242 delas. Com isso, mais de 2 mil funcionários serão demitidos. A instituição pretende converter as agências em postos de atendimento e abrir unidades para atender a demanda de micro e pequenas empresas.

O Bradesco fechou 36 agências e continua com 4,6 mil abertas. A instituição trabalha na modernização da estrutura existente. Paralelamente, investe no banco Next, uma plataforma 100% digital, voltada para um público mais jovem, que oferece conta e cartão grátis, além de saques ilimitados.

Na contramão dos outros bancos, o Santander abriu16 agências no segundo trimestre, com vistas no agronegócio. A instituição é responsável pela gestão da fintech Superdigital, que permite compras e saques nos caixas da rede 24 Horas, recebimento e transferência de dinheiro para qualquer banco, utilização de até cinco cartões virtuais para comprar em sites e aplicativos de qualquer lugar do mundo, incluindo Netflix, Spotify e Uber.

A Superdigital deve chegar à marca de 500 mil clientes até o final do ano no Brasil, mas seu objetivo é mais ousado: atender uma cartela de 5 milhões de clientes na América Latina até 2023. Em 2014, quando o movimento das fintechs estava apenas começando, o banco adquiriu a startup Conta Super.

Vantagens das fintechs

Segundo estudo da Finnovation em parceria com o BID, a maior parte das fintechs no Brasil oferece serviços de banco digital. As vantagens do uso dessas empresas são inúmeras, a começar pela abertura de conta digital. Basta acessar o site escolhido, preencher dados pessoais e aguardar aprovação.

A conta digital é controlada exclusivamente por aplicativo e oferece diversos benefícios como cartão de crédito sem anuidade e sem tarifas, além do fim das altas taxas bancárias que chegam a tirar o sono de muita gente. Algumas operações como pagamento de contas e transferências podem ser feitas por meio de tablet, computador ou celular, de forma ágil, sem transtorno algum.

O cliente tem a possibilidade, ainda, de aumentar ou reduzir o limite do cartão de crédito apenas pelo aplicativo. Sem contar que, algumas contas digitais trabalham com programa de benefícios que converte as compras realizadas com cartões de créditos em pontos que podem ser trocados em empresas parceiras.

Mas talvez o grande diferencial que faz o consumidor optar por uma fintech na hora de abrir uma conta esteja no fato de que elas entregam soluções específicas, de acordo com o perfil do cliente, o que não significa que as fintechs sejam obrigatoriamente especialistas em um único tipo de serviço.

Não é à toa que, de acordo com pesquisa do Google, realizada em novembro de 2018 com 800 consumidores online, os clientes das fintechs estão mais satisfeitos com os serviços prestados do que os clientes de bancos tradicionais (são 71% contra 42%). Segundo os dados, o principal produto usado é a conta corrente. Enquanto 34,5% dos entrevistados valorizam um serviço mais rápido, mais de 30% consideram importante a facilidade de uso e um bom atendimento

Há cerca de dez anos, para abrir uma conta, era necessário ir a uma agência bancária, aguardar o gerente, preencher uma série de formulários. Com o avanço tecnológico, o que antes era burocrático e demorado passou a ser feito com o clique do mouse. Não é incomum ouvirmos que um parente, amigo ou conhecido abriu uma conta digital sem a necessidade de se deslocar a uma agência bancária.

Diante do avanço das fintechs, o que se observa é o movimento constante das placas tectônicas no setor financeiro, que, se por um lado traz comodidade aos clientes; por outro, provoca milhares de demissões. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), nos seis primeiros meses de 2019, o setor bancário registrou um saldo negativo de 2.057 postos de trabalho.

Desde 2013, o setor perdeu 62,7 mil empregados, devido à crise econômica e ao avanço da digitalização. Mas, mesmo com o crescimento das fintechs, bancos tradicionais, como Unibanco, Itaú, Bradesco e Santander, registraram juntos uma alta anual de 17,85%. O lucro deles somente no segundo trimestre de 2019 foi de R$ 17,1 bilhões.

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