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Futuro do jornalismo: Big Techs revisam relacionamento com produtores de notícias

As Big Techs, mega corporações de tecnologia, impactam o futuro do jornalismo com abandono dos negócios de notícias

CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro

Facebook, Instagram, Twitter e Google repensam as suas prioridades. Iniciativas internas de reestruturação mostram um possível rompimento das plataformas com o mercado jornalístico. Ou seja, os maiores grupos produtores de notícias começam a ser percebidos como pouco relevantes para o negócio das empresas de tecnologia. O futuro do jornalismo tende a ter nova virada.

Em outras palavras, assinala uma reportagem do New York Times (NYT), se antes não estava claro, agora está: as principais plataformas online estão rompendo com o mercado de comunicação tradicional. “Mesmo no relacionamento há muito conturbado entre editores e plataformas tecnológicas, a última ruptura se destaca – e as consequências para a indústria de notícias são graves”, assinala a publicação, uma das principais dos Estados Unidos.

Executivos das maiores empresas de tecnologia, como Adam Mosseri, do Instagram, afirmaram, de forma objetiva, que hospedar notícias nos seus sites pode muitas vezes ser mais problemático do que benéfico. Afinal, a experiência dos últimos anos mostra como os debates são, cada vez mais, polarizados. Outros, como Elon Musk, proprietário da X, expressaram desdém pela grande imprensa.

Na realidade, os problemas não moram só de um lado da rua. De fato, desde os anos 2000, mídias sociais, como Facebook e Twitter, foram incorporadas como “uma tábua de salvação” para o tráfego – e, por extensão, para a publicidade – da mídia tradicional. Durante a ascensão da Internet de consumo, há cerca de 20 anos, empresas como a Google, o Facebook e o Twitter abraçaram o jornalismo e artigos de empresas de comunicação social tradicionais apareceram nas suas plataformas.

A fórmula integradora para geração de tráfego está desaparecendo. Segundo o NYT, os principais sites de notícias dos Estados Unidos obtiveram cerca de 11,5% de seu tráfego da web, no país, proveniente de redes sociais em setembro de 2020, de acordo com a Similarweb, uma empresa de dados e análise. Em setembro deste ano, caiu para 6,5%.

Esvaziamento

O tráfego das grandes empresas de tecnologia não voltará a ser o que era antes. O desalento impacta Campbell Brown, principal executiva de notícias do Facebook, que está deixando a empresa. O NYT relata que Twitter, agora denominado como X, removeu as manchetes da plataforma dias depois. O chefe do aplicativo Threads do Instagram, concorrente do X, reiterou que sua rede social não amplificaria notícias.

Até mesmo o Google – o parceiro mais forte das organizações de notícias nos últimos 10 anos – tornou-se menos confiável, tornando as corporações mais cautelosas quanto à sua dependência do gigante das buscas. A empresa demitiu funcionários de notícias em duas recentes reorganizações de equipe. E alguns editores dizem que o tráfego do Google diminuiu gradualmente.

“A perturbação num modelo de negócios já difícil é real”, disse Adrienne LaFrance, editora executiva do The Atlantic, numa entrevista. LaFrance observou que, embora o tráfego social sempre tenha passado por períodos de expansão e queda, a queda nos últimos 12 a 18 meses foi mais severa do que a maioria dos editores esperava. “Esta é uma web pós-social”, acrescentou ela.

Futuro do jornalismo

Mais uma vez, as organizações jornalísticas tendem a ser atropeladas pela enorme dificuldade de entender o cenário onde atuam. Enquanto mobilizam os seus lobistas junto aos legisladores, a realidade tende a mudar. Acabou a fase em que até mesmo Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, tentava manter boas relações com a mídia. “Toda plataforma de internet tem a responsabilidade de tentar ajudar a financiar e formar parcerias para apoiar notícias”, dizia o bilionário, segundo o NYT.

O declínio acentuado no tráfego de referência das plataformas de redes sociais nos últimos dois anos atingiu todos os editores de notícias, incluindo o próprio The New York Times, responsável pela reportagem. No Wall Street Journal, o declínio foi iniciado há cerca de 18 meses. “Estamos à mercê de algoritmos sociais e gigantes da tecnologia durante grande parte de nossa distribuição”, disse Emma Tucker, editora-chefe do Journal.

Mas até o Google está instável. Jornalistas apontam quedas no tráfego de referência do Google nas últimas semanas. Embora o Google continue sendo, de longe, a fonte de tráfego de referência mais importante para os editores, essas pessoas estão preocupadas que o declínio seja um sinal do que está por vir. “É volátil”, disse Melbourneweaver. “O Google existe para as necessidades do Google, e não para as nossas.”

O Google demitiu parte de sua equipe de parceria de notícias em setembro. Recentemente, dispensou até 45 funcionários de sua equipe do Google News, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Alphabet. “Fizemos algumas mudanças internas para simplificar nossa organização”, disse Jenn Crider, porta-voz do Google, em comunicado.

O Google tem investido em IA durante todo o ano, lançando um chatbot de IA chamado Bard em março e oferecendo a alguns usuários em maio uma versão de seu mecanismo de busca que pode gerar explicações, poesia e prosa acima dos resultados tradicionais da web.

As organizações noticiosas expressaram preocupação de que estes sistemas de IA, que podem responder às perguntas dos utilizadores sem que estes cliquem num link, possam um dia corroer o tráfego nos seus sites.

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