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O futuro do economista: a profissão no final da década

A pergunta é da mãe da Aline, que deseja saber tendências da profissão: o futuro do economista é favorável?

Quais as perspectivas futuras para quem pretende fazer um curso de economia?

Minha filha está no segundo ano do ensino médio e pensa em ser economista. 
Ela tem um interesse muito grande pela área há bastante tempo. 
Eu acho que uma outra coisa que levou a minha filha a pensar em economia foi o contato com influenciadores do Youtube e do Instagram e a facilidade com a matemática. A gente vê o envolvimento na questão da educação financeira, que atrai muito interesse dos jovens, né. 
Você acha que será uma boa alternativa?

Oi, pessoal. Vamos lá responder a dúvida.

Primeiro, vale destacar que o economista é um profissional muito importante dentro das estruturas de poder. E deve continuar sendo nos próximos anos.

Vamos considerar que economistas estão nos principais postos de decisão, em governos, nas empresas, em organizações nacionais e internacionais. Em tempos recentes, os profissionais assumiram o papel de principais conselheiros nos governos e empresas. No Brasil, o Banco Central é quase um poder paralelo, com autonomia para dizer o que é certo ou errado no planejamento do País.

Economistas, no final das contas, dão as cartas em muitas decisões em todos os segmentos, inclusive nos bancos e corretoras, onde administram grandes investimentos E agora estão ganhando maior destaque com os programas de educação financeira que se espalham nas mídias da internet.

Aí, a gente entra na primeira questão: vai ter futuro?

Há uma probabilidade considerável de que economistas continuarão sendo profissionais muito importantes no mercado do futuro. Mesmo com a revolução digital que tende a se aprofundar nos próximos anos.

Por volta de 2028, quando a sua filha estiver formando, provavelmente eles ainda terão bastante poder, já que fazer estudos para a definição de estratégias das instituições privadas e públicas faz parte de suas atribuições.

E isso é uma coisa que deve ser levada em conta: quem pretende fazer o curso deve entender que estudar é uma das principais tarefas da profissão. É quase a alma da atividade.

Aqui, vale uma história

Segundo um amigo meu, jornalista, que resolveu fazer o curso de economia depois dos 30 anos, alguns dos seus professores diziam que só podem ser considerados economistas, de verdade, os profissionais que alcançam o título de doutorado.

A arrogância reflete a crença de que os profissionais devem ser profundos conhecedores de matemática.

Portanto: para o professor do meu amigo, é essencial aprender muito sobre matemática para possibilitar a atuação no sistema financeiro. Os cursos das instituições universitárias privadas tendem a reforçar tal perspectiva, focados em econometria e na preparação de especialistas em gestão financeira.

Porém, a evolução da inteligência artificial tende a alterar o foco monetarista nos próximos anos. E a sociedade começa a entender que as vertentes econométricas são insuficientes para explicar o cenário da economia atual.

Mas nossa conversa é outra

Uma das coisas que a Aline deve levar em conta, então, é que o principal foco de um economista é o estudo. Sobre como investir, se um produto tem mercado, se a economia vai crescer, se vai ter emprego. Onde estão as oportunidades. E as ameaças. Como desenvolver políticas para enfrentar a pobreza crescente.

E o produto final é normalmente um relatório. Ou um boletim. Ou um vídeo. Pode ser um curso ou uma aula.

A gente entra, então, em outra característica importante, que é a capacidade de comunicar. Além de ter um senso crítico muito aguçado e criatividade.

A vida em 2029

Imagina, a sua filha Aline, já em 2029, trabalhando em uma empresa de biotecnologia, que está desenvolvendo um chip de expansão de inteligência. Além de avaliar o tamanho do mercado, pode ser que ela precise estudar e entender a resistência de movimentos religiosos sobre o assunto. Os evangélicos já serão mais numerosos que os católicos tradicionais.

Quem sabe, sugerir estratégias para exportação para países com menor influência religiosa.

Bom, nem tudo são flores, é claro. Afinal, todas as profissões vão ser impactadas pelas transformações que estão ocorrendo no mundo contemporâneo.

Primeiro, vamos encarar os impactos da transformação da economia, da política, da sociedade, do mercado de consumo e de trabalho.

No futuro que a gente imagina, as tecnologias terão dado um salto imenso. Nem vamos acreditar que no início da década de 2000 usávamos algumas coisas tão atrasadas como televisores e computadores de mesa.

Para começo de conversa, a internet estará onipresente. Vamos estar conectados quase totalmente, interagindo por áudio.

Podem não ser tempos de calmaria. Mas serão tempos diferentes. E a atividade no dia a dia vai ser diferente. Por exemplo, para um economista fazer pesquisas hoje, ele precisa ter suas próprias bases de dados, encomendar alguém da tecnologia para organizar informações e uma ferramenta para gerenciar as informações.

Hoje, a gente já acha o básico. Mesmo um cidadão comum mira o smartphone, diz “oi Google”, ou “Alexa”, e pergunta a população de Guiné Bissau e logo recebe a resposta. No nosso futuro, jogamos perguntas muito mais complexas e obtemos as respostas, já organizadas. Algo como: qual a rentabilidade dos investimentos na bolsa da Indonésia? O que você sugere para hoje?

Será o resultado da combinação da inteligência artificial, do acesso a bancos de dados, os tais big datas, e sistemas de análises de informações, chamados de Analytics.

A automação de processos utilizados pelos economistas será bem considerável, significando o corte de oportunidades de trabalho, em especial em instituições financeiras.

Vale um exemplo. O Itaú está se posicionando como um banco tecnológico. E tem um novo aplicativo que possibilita aos correntistas ter total autonomia das aplicações financeiras, inclusive com a integração com outros bancos. Ou seja, não dependeremos dos gerentes e suas metas de aplicações.

Para finalizar, qual o futuro do economista?

Vale a pena? Vale.

Inclusive porque a profissão vai demandar competências tipicamente humanas, como o senso crítico, pensamento analítico, criatividade e a capacidade de resolver problemas complexos.

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