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O futuro da psicologia: otimismo na era do desalento

Nos próximos anos, o futuro da psicologia tende a ser de demanda crescente diante das angústias geradas pelas incertezas dos indivíduos e da sociedade

CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro

Da profissão elitizada de algumas poucas décadas atrás, a psicologia ainda guarda algumas características, mas vem se transformando para se adaptar a novos tempos de diversificação e geração de novos campos e demandas de trabalho. E de concorrência crescente. No balanço geral entre oportunidades e ameaças do futuro, a atividade tende a ser uma boa alternativa para quem tem o perfil e as habilidades exigidas para o seu exercício.

Fazer terapia não é mais exclusividade dos poucos membros de segmentos com recursos para pagar sessões durante anos. A população de média e baixa rendas já frequenta consultórios em busca de respostas para as suas inquietações pessoais. O profissional deixou de ser alguém com respostas pontuais para comportamentos sociais, no trabalho, na educação ou em instituições de saúde. Mais do que alguém com um emprego público ou um consultório voltado à solução de queixas individuais.

“Antes o psicólogo era visto como alguém que ficava em uma salinha isolada. Hoje o profissional está avançando para outras áreas, trabalhando, por exemplo, como norteador de tomada de decisões em organizações”, diz o psicólogo clínico Weslley Carneiro. A atividade expande com diversificação de campos de trabalho. O especialista que antes aplicava testes vocacionais hoje atua como aconselhamento profissional, na função de coach. O que antes era definido como atendimento clínico ganhou dimensão muito mais ampla.

Entre cinco e dez anos atrás, diz o especialista, não se percebia transtorno alimentar como uma questão a ser tratada pela psicológica. As pessoas com problemas de peso buscavam o tratamento com endocrinologistas, nutricionistas ou clínicos gerais. Ou mesmo com receitinhas na internet. Com isso, elas tratavam questões específicas dos alimentos. “Muitas vezes não se nota a existência de um fundo psicológico por trás do processo que levou ao aumento do peso”, salienta Weslley Carneiro.

Impactos das tecnologias

A sobrevivência da psicologia não tende a ser impactada pelas novas tecnologias, em processos em que funções sejam substituídas por máquinas ou softwares sofisticados. Ao contrário, as inovações tecnológicas tendem a ser úteis como ferramentas para a complementação do trabalho cotidiano de quem atua na área.

É o caso da digitalização de meios de comunicação. Já hoje, os psicólogos estão autorizados pelos conselhos profissionais a realizar atendimento a distância, com o uso de sistemas de comunicação on line, como o Skype ou Hang Out, do Google. A iniciativa, questionada por alguns profissionais, amplia, entretanto, o acesso da população a tratamentos, inclusive para moradores de cidades de pequeno porte ou lugares afastados, onde raramente se encontra um especialista.

Também como ferramenta de apoio, a realidade virtual já está sendo utilizada como recurso para o tratamento de fobias variadas, como o medo de viajar de avião à dificuldade de falar em público, síndrome de pânico e transtornos obsessivo-compulsivo, entre outras dificuldades de comportamento.  O tratamento com realidade virtual é mais imediato e intenso, porque as situações são colocadas diante dos olhos do paciente, literalmente, nas imagens exibidas nos óculos.

Forças e fraquezas

A capacidade de gerar respostas para inquietações humanas, como resultado da interação humana e da criação de empatia, assegura a força central da psicologia nos próximos anos. A profissão se beneficia da elevada importância atribuída à relação de profissionais, detentores de conhecimento, com pessoas, portadores de demandas individuais.

De uma forma geral, funções do setor de saúde se beneficiam da demanda por interação humana. É pouco provável que um paciente com crise de depressão seja atendido por uma máquina. Como um sistema de inteligência artificial ou um robô, capazes de dar respostas a partir de um repertório amplo, porém sem qualquer empatia.

As fraquezas estão associadas a uma tendência natural dos indivíduos de busca por soluções rápidas, o imediatismo de quem não acredita em processos realizados a longo prazo. Tal comportamento abre espaço para a concorrência tanto de curas milagrosas em tratamentos e abordagens de profissionais sem vínculos com a saúde mental como a busca por remédios.

Oportunidades e ameaças do futuro

Na próxima década, a psicologia terá papel essencial no suporte de uma população cada vez mais angustiada. Segundo a Organização Mundial da Saúde, até 2030 a depressão será a doença mental mais incapacitante do planeta. A quantidade de casos cresceu 18% em dez anos, com destaque para o Brasil, campeão de registros na América Latina.

No processo de consolidação da revolução digital, a sociedade vive a era do desalento, um cenário propício para a criação de oportunidades para psicólogos. Com a crescente influência da digitalização, do desenvolvimento de tecnologias como a inteligência artificial, a automação da produção e de processos e mudanças profundas no mercado de trabalho, a tendência é de aumento da angústia e das inquietações individuais e coletivas, inclusive da busca por alternativas de sobrevivência.

A profissão sofrerá, entretanto, ameaças originadas pela maior informalidade do mercado de trabalho, inclusive com a entrada de novos atores, sem formação específica. O setor público, responsável por 50% das contratações atuais de psicólogos, deve ser reduzido nos próximos anos — pelo menos a curto prazo — afetando as oportunidades de trabalho formal.

O Futuro da Psicologia

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