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Estudantes próximos de formatura temem o futuro

Maior concorrência e falta de experiência são os principais entraves 

O mercado de trabalho brasileiro está enfrentando um dos piores momentos das últimas décadas: de acordo com o levantamento mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, atualmente, 11,2% dos brasileiros estão desempregados. Resultado da crise econômica enfrentada pelo país, este cenário afeta principalmente a população mais jovem: o último levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) detalha que um em cada quatro trabalhadores com menos de 25 anos foi diretamente impactado pelo corte de vagas.

Diante disso, o grupo enfrenta um desafio ainda maior: conquistar uma vaga para adquirir conhecimento profissional num momento em que o mercado prioriza a experiência. Soma-se ainda a necessidade de custear os estudos, atuar em sua área de formação e, muitas vezes, complementar a renda familiar. Todos esses fatores têm afetado consideravelmente a expectativa dos jovens em relação ao emprego e renda, forçando-os a buscar alternativas que auxiliem na acirrada busca pela colocação profissional.

O paradoxo da experiência

O cenário desfavorável aos jovens entre 18 e 24 anos pode ser explicado por diversos fatores: crescimento significativo no número de estudantes buscando colocação profissional, mais jovens precisando colaborar com a renda familiar e queda brusca na oferta de cargos voltados para profissionais com pouca ou nenhuma experiência. Somente em 10 anos, o país apresentou um incrível aumento no número de jovens cursando o ensino superior: ao final de 2014, esse índice já era 25 pontos percentuais maior do que em 2004, representando 58,5% do total de estudantes. Infelizmente o mercado não cresceu no mesmo passo e foi incapaz de absorver tantos profissionais e, diante do revés econômico, muitas empresas foram obrigadas a cortar postos de trabalho menos essenciais, reduzindo o número de vagas que normalmente eram ocupadas por iniciantes.

Esse aumento no nível de escolaridade também tornou o mercado mais implacável: os números da PNAD Contínua apontam que aqueles que não conseguiram completar o ensino médio sofrem mais – a taxa de desemprego entre esses estudantes é 7,31% maior em comparação com aqueles que possuem o ensino superior (7,64%). Uma das razões para tal é que a oferta de programas de estágio é maior entre estudantes que cursam a faculdade. Mesmo seguindo a tendência da retração do número de vagas, esses programas representam uma oportunidade de ingresso no mercado de trabalho ainda que o jovem não tenha experiência, além de oferecerem a chance de efetivação ao fim do período.

Porém, a urgência em conseguir um diferencial no currículo é sentida até mesmo entre esses candidatos. De acordo com Tiago Mavichian, diretor da Companhia de Estágios, consultoria especializada nesse tipo de programa “As condições do mercado de trabalho para os jovens mudaram bruscamente num curto período de tempo. Considerando-se que um curso superior tenha duração média de 4 anos, muitos jovens estão enfrentando uma realidade muito diferente do que imaginavam no início dos estudos. Se antes a expectativa era conseguir um emprego formal na sua área de estudo antes mesmo da formação, agora os jovens lutam para conseguir uma oportunidade de estágio, porque caso não seja efetivado ao final do estágio quando se formar, com um e stágio no currículo as chances de se colocar no mercado são bem maiores – seria pior se formar sem nunca ter estagiado ou trabalhado.”

Desemprego afeta a expectativa do candidato

Um levantamento recente feito pela consultoria apontou que a expectativa desses candidatos reflete a insegurança do mercado. O estudo que contou com mais de 1.700 estudantes de todo o país, 68% deles compreendidos na faixa etária mais afetada pelo desemprego, demonstrou que a maior preocupação dos jovens é justamente não conseguir adquirir a experiência profissional necessária para se destacar no mercado de trabalho. Essa urgência é demonstrada também pela busca antecipada pela estágio: muitas vezes requerido somente nos últimos períodos do curso, 57,2% desses jovens já procuram uma vaga de estágio logo nos primeiros anos de faculdade.

A preocupação em atender as exigências do mercado faz com que muitos deles aceitem ganhar menos, desde que o aprendizado seja contemplado pela oportunidade. A remuneração não é fator primordial nesse tipo de programa, afirmação corroborada por aqueles que já conquistaram uma vaga: mais de 33% dos entrevistados que já estagiam recebem bolsa de até 1 salário mínimo, enquanto 17% deles o fazem apenas à título de profissionalização, sem ganho salarial. Porém, isso não significa que o estágio não ofereça boas condições financeiras: 10,5% deles recebe bolsa auxilio superior à R$ 1.500.

Para o diretor da consultoria esse fenômeno pode ser explicado pela singularidade do programa: “O estudante que busca realização profissional tem consciência de que a perspectiva oferecida pelo estágio é muito mais abrangente: boa parte das empresas que oferecem esse tipo de vaga direcionam os melhores participantes para cargos efetivos ao fim do período. Isso ocorre pois a intenção desses empregadores não é apenas ocupar postos de trabalho, mas investir em treinamento e qualificação dos jovens para que se tornem funcionários no futuro. Para os jovens isso representa mais do que conseguir uma colocação: é a chance de iniciar a carreira e aprender.”

O caminho até a vaga

Com uma oferta 35% menor em relação ao último ano, as vagas de estágio estão cada vez mais concorridas. Porém, de acordo com Mavichian, alguns recursos podem encurtar o caminho até essa colocação. O levantamento realizado pela Companhia de Estágios revelou que o uso da tecnologia e uma boa rede de contatos podem ser de grande ajuda na hora de encontrar a oportunidade desejada: mais de 26% dos entrevistados que conseguiram uma vaga de estágio o fizeram com o auxílio de plataformas de recrutamento enquanto 24% contaram com a ajuda de algum contato profissional. Tão importante quanto manter um bom networking, é ficar atento às redes sociais e aos sites especializados: “Muitas vezes as vagas são divulgadas diretamente no site e páginas de relacionamento das próprias empresas e/ou das consultorias recrutadoras. Até o processo de pré-sele&cced il;ão pode ser feito virtualmente. Se por um lado isso representa um resultado mais ágil e qualificado para as empresas, para o candidato representa a chance de conseguir a vaga mais rápido e se deslocando menos – já que boa parte do processo é on-line.” –explica.

Outra mudança de comportamento percebida é que para ter um diferencial no currículo mais de 60% dos respondentes fez algum curso complementar no último ano. ‘’Com a diminuição no número de vagas os candidatos que apresentarem iniciativas como trabalho voluntário, participações em empresas Juniores ou entidades acadêmicas e cursos como inglês e informática saem na frente – não se esquecendo de trabalhar as habilidades interpessoais .’’ – finaliza.

 

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