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Por que a robotização das indústrias não avança no Brasil

A taxa média brasileira de robotização na indústria como um todo é de 14 robôs para 10 mil trabalhadores, abaixo da média mundial. Foto: Pixabay
A taxa média brasileira de robotização na indústria como um todo é de 14 robôs para 10 mil trabalhadores, abaixo da média mundial. Foto: Pixabay

Carlos Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro

A robotização da indústria no Brasil é baixa e está atrasada. A defasagem do processo de robotização das indústrias brasileiras tem apenas um significado sobre o futuro: O país está vários passos atrás em relação a outros países. E tende a continuar assim. Não há qualquer vinculação com uma ideia de que a ausência de robôs nas fábricas represente um atraso na dispensa de trabalhadores. Não há robotização, nem há manutenção de empregos enquanto a desindustrialização e o baixo crescimento da economia permanecem como forças do cenário.

Durante mesa-redonda promovida pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), em outubro, pesquisadores e profissionais discutiram o processo de automação na indústria e reforçaram a avaliação de que a robotização da indústria no Brasil é baixa e atrasada. A implementação de robôs na indústria é um processo em aceleração crescente nos países mais competitivos do mundo, nos quais o setor minero-metalúrgico já os emprega em diferentes aplicações.

O Brasil segue distante de países como Alemanha e China nesse aspecto, mesmo que algumas companhias nacionais e a universidade brasileira trabalhem para avançar na robotização de algumas operações fabris. Mencionando dados do anuário 2019 da International Federation of Robotics, Edouard Mekhalian, diretor-geral da Kuka Roboter do Brasil, apontou que 70% dos robôs adquiridos pela indústria mundial em 2018 ficaram em apenas cinco países, como China e Japão.

Comparativo

No Brasil, o índice é bem inferior à média internacional de 99 robôs para cada 10 mil trabalhadores. “O número brasileiro é até pior, dada a enorme quantidade de desempregados”, explicou Mekhalian. Executivos de empresas nacionais e multinacionais atestam que o Brasil perdeu a terceira onda industrial, marcada pela robotização, e está atrasado para entrar na quarta. Seu parque industrial tem idade média de 15 a 18 anos. Só agora é possível identificar que algumas empresas começam a se preocupar com automação, digitalização e inteligência artificial.

O Brasil tem menos de 10% do número necessário de robôs em relação ao tamanho do seu setor industrial. O País vê distância competitiva aumentar não só para os líderes globais, mas também para economias de patamar equivalente.“O Brasil ficou muito para trás em relação ao resto do mundo. A nossa estimativa é que, pelo tamanho da manufatura do País, deveriam ter 200 mil robôs em operação. Na realidade, temos apenas 15 mil”, aponta o CEO da Pollux, José Rizzo, em entrevista concedida ao portal DCI.

De acordo com um levantamento feito pela Federação Internacional de Robótica (IFR), o Brasil se distanciou do pelotão dos cinco países com os maiores estoques de robôs (China, Japão, Coreia do Sul, Estados Unidos e Alemanha) e foi ultrapassado até por economias similares, como o México, que tomou a liderança na América Latina, com suas mais de 27 mil máquinas, cerca 64,3% dos robôs da região, ante os 29,5% do mercado brasileiro.

Para Rizzo, o cenário econômico tem sido o grande inibidor deste tipo de investimento. “A incerteza em relação ao futuro e também o protecionismo à indústria acabam não incentivando esse tipo de aporte. Nossa visão é que, com as reformas econômicas e a maior abertura comercial, esse processo deve acelerar. ”O executivo acredita que no cenário após a implementação da agenda econômica pelo governo, o Brasil irá se deparar com problemas enfrentados por outros países há mais tempo.

“A demanda por robôs vai crescer. Investir em tecnologia requer visão de médio e longo prazo. Com a nova política, vai haver um horizonte mais positivo e ampliado.”Ele assinala que a reforma Tributária pode ter um impacto positivo no segmento. “Robôs não tem imposto de importação, mas tem uma carga tributária que traz um custo de 30% a 40% maior do que em países próximos.  A tendência é que isso ao menos fique mais simplificado.”

O coordenador de Indústria 4.0 da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Bruno Jorge, tem esperanças em efeitos de um plano de ação da indústria 4.0. “Não será uma agenda extensa, mas um primeiro conjunto de ações e medidas.” Ele entende que, apesar dos comparativos com outros países, não existe uma análise aprofundada sobre a robotização na indústria nacional.

“Alguns setores tem destaque nessa implementação, como o automotivo, alimentos e bebidas e logística. Vemos agora robôs na forma colaborativa. Antes eles eram muito restritos a operações pesadas.” O executivo entende que a maioria dos investimentos recentes em automação segue uma lógica de redução de custos. “É o que tem impulsionado esses projetos. Existe um excesso de capacidade ociosa na indústria e ainda não vemos aportes voltados na expansão.”

Desconhecimento

Outra pesquisa, feita pela Associação Brasileira da Internet Industrial (ABII) com 84 empresas brasileiras, apontou que grande parte dos entrevistados ainda possui pouco contato com o conceito de internet industrial e ainda encontra dificuldades para definir e interpretar o contexto desta tecnologia. A pesquisa mostra que 45 não tem intenção de implementar algum projeto de internet das coisas.

Quando questionados sobre os desafios, os entrevistados destacaram a dificuldade de comprovação de retorno e a cultura conservadora como os principais obstáculos. Rizzo conta que uma forma encontrada pela empresa de difundir a robotização foi criar a modalidade de locação, que torna as implementações mais acessíveis. “Uma célula robotizada de R$ 300 mil cai para 10 mil reais mensais. É um modelo pioneiro no mundo.”

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