sexta-feira, março 29, 2024
21.9 C
Belo Horizonte

Para entender o futuro: preste atenção nos jogos de interesse

São os jogos de interesse que geram...

Notas de Conjuntura: 15 de março de 2024

Nas Notas de Conjuntura, destaque para personagens...

Notas de Conjuntura: 8 de março de 2024

Nas Notas de Conjuntura, destaque para novos...

Novas desconfianças rondam o Uber

O Uber está usando inteligência artificial para cobrar o máximo possível

Por Jordianm Pearson*
https://motherboard.vice.com/pt_br

Agora, mais do que nunca, pesquisadores e críticos da empresa temem o que a companhia usa para traçar perfis de seus clientes.

Nas últimas semanas, funcionários do Uber alegaram que a empresa estaria cobrando seus clientes indevidamente e deixando de repassar esse dinheiro para seus motoristas. Em resposta a essas acusações, na última sexta-feira, o Uber confessou usar, em matéria publicada pela Bloomberg, um software capaz de calcular o quanto clientes estariam dispostos a pagar por determinada viagem.

Essa revelação confirma as suspeitas de críticos como Ryan Calo, da Universidade de Washington, e Alex Rosenblat, do Instituto de Pesquisa D ata & Society, ambas dos Estados Unidos. Os dois escreveram um artigo preocupante no qual afirmavam que o Uber utiliza dados de seus clientes para agir de forma predatória — elevando preços de corridas com base na renda média de seus clientes, por exemplo.

O novo sistema de estimativa de preços do Uber não se encaixa exatamente na teoria dos dois pesquisadores, mas o resultado final é o mesmo. Em resumo, o Uber usa dados relacionados a certas rotas para oferecer a seus clientes diferentes preços com base em seu destino final. Para compreender como esse sistema afeta grupos menos favorecidos, segue um trecho retirado da matéria publicado pela Bloomberg:

PUBLICIDADE

[Daniel Graf, Chefe de Produto do Uber] afirmou que a empresa utiliza técnicas de aprendizagem automática para estimar o quanto determinados grupos estariam dispostos a pagar por uma viagem. Em suma, o Uber calcula a propensão de seus clientes a pagarem mais por uma certa viagem em determinada hora do dia. Um exemplo: um passageiro viajando de um bairro rico até outra área nobre pode ser cobrado um valor maior do que alguém viajando até uma parte mais pobre da cidade, mesmo que a demanda, o trânsito e a distância sejam as mesmas.

Isso significa que pessoas ricas podem acabar pagando mais por uma viagem, em média, caso elas se desloquem diariamente, digamos, do centro da cidade até um bairro de classe média alta. Por outro lado, as tarifas de clientes de baixa renda também podem ser multiplicadas caso eles viajem frequentemente de um bairro periférico para outro. É importante esclarecer que, segundo o Uber, esses cálculos não levam em consideração informações sobre clientes específicos, mas sim sobre grupos demográficos.

“O Uber já justificou muito de seu crescimento com a ideia de que ele seria um complemento ao transporte público”, disse Rosenblat por telefonema. “Se a conclusão for que eles podem cobrar mais de moradores de áreas carentes, isso contradiz a narrativa original do Uber.”

PUBLICIDADE

O Uber já firmou parcerias com o setor de transportes de várias cidades americanas; na pequena cidade canadense de Innisfil, por exemplo, a empresa oferece, atualmente, o único serviço de transporte subsidiado. No entanto, quando o gerenciamento do transporte público é de responsabilidade de um município, o cálculo das tarifas baseia-se no equilíbrio entre preços acessíveis e o custo de manutenção do serviço, e não na busca desenfreada por lucro.

“Como os usuários podem ter certeza de que o Uber não decidiu que eles, especificamente, devem pagar mais?

“Cobramos diferentes tarifas com base nas escolhas de nossos clientes para que assim possamos atender mais passageiros a um preço acessível”, disse um porta-voz do Uber em um comunicado enviado por email. “Os passageiros sempre saberão o custo de uma viagem antes de pedir um Uber, e os motoristas, além de receber um pagamento consistente com seu desempenho, saberão sempre quanto cada passageiro paga e o quanto é embolsado pelo Uber em cada viagem”.

Levando em consideração as transgressões anteriores do Uber, como a polêmica ferramenta “Greyball”, que usava dados de passageiros para despistar agentes de trânsito, Rosenblat afirma que o Uber pode usar seu novo sistema de preços para aumentar as tarifas de clientes específicos, e não apenas as tarifas de qualquer viagem que passe por certa rota.

“O Uber definitivamente tem um histórico de usar informações pessoais para traçar o perfil de seus clientes”, disse Rosenblat. “Como os usuários podem ter certeza de que o Uber não decidiu que eles, especificamente, devem pagar mais?”

Traduzido porANANDA PIERATTI;

Edições anteriores

Um dia na vida de uma cidade brasileira em 2030

O que vai definir o futuro das cidades em...

O clima em 2030: mais um dia de fenômenos severos

Um dia em 2030, quando as tragédias são incontroláveis....

O que vai retardar a substituição de humanos por automação e robótica

A substituição de humanos ainda será lenta, até que...

Futuro da engenharia civil: a profissão em 2025

As transformações da sociedade, inclusive com a introdução de novos modelos de negócios, criam oportunidades para os profissionais de engenharia civil

Futuro da medicina: Brasil poderá ter mais de 1,3 milhão de médicos em 2035

Brasil tem 545 mil médicos. Número pode passar de...