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Até que ponto o coronavírus é um “cisne negro”?

,O surto de pandemias, como o coronavírus, identificado como “cisne negro” por vários analistas, foi previsto por futuristas Foto: Pixabay

O surto de pandemias, como o coronavírus, identificado como "cisne negro" por vários analistas, foi previsto por futuristas Foto: Pixabay
O surto de pandemias, como o coronavírus, identificado como “cisne negro” por vários analistas, foi previsto por futuristas Foto: Pixabay

Carlos Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro

Preste atenção no futuro e se prepare para ele. Se o mundo levasse a sério esta recomendação, muitos problemas atuais poderiam — e podem — ter seus impactos reduzidos ou, eventualmente, evitados. Como, por exemplo, a atual pandemia Covid-19, a infecção causada pelo novo coronavírus. O acontecimento que agora apavora governos e populações em várias regiões do planeta, causando mortes e perdas econômicas consideráveis, já era previsto há alguns bons anos por instituições privadas e públicas e especialistas em prospecção de tendências.

A probabilidade da ocorrência de pandemias, como a que acontece agora, não representa um cisne negro. Ou seja, não é algo extraordinário. Cisne negro se refere a eventos com três características elementares, segundo o investidor e consultor Nassib Nicholas Taleb, autor do livro “A lógica do cisne negro”: um fenômeno imprevisível, que provoca resultados impactantes e que, após a sua ocorrência, gera uma corrida para torná-lo menos aleatório e mais explicável. Por tais critérios, o coronavírus só é imprevisível se as pessoas considerarem a variável “quando”.

Sim, era praticamente impossível prever a data exata de ocorrência de uma primeira onda de infecções com impactos globais. Mas já existiam previsões de que a pandemia ocorreria em algum momento antes do ano 2030. Que os impactos seriam significativos e que governos e sociedade despreparadas iriam se mobilizar às pressas para conseguir levantar soluções tardias.

Projeções

A futurista Rosa Alegria ressalta que pandemias como a atual foram previstas em 2008, no estudo “Global Trends 2025: A Transformed World”, produzido pelo Conselho Nacional de Inteligência dos Estados Unidos. Já se imaginava que a China ou países asiáticos seriam a origem das doenças de impacto global, por conta do tamanho da população. “Mas, como sempre, o futuro fica para depois”, protesta. O documento atesta que o surgimento de uma nova doença respiratória humana altamente transmissível e virulenta, para a qual não existem contramedidas adequadas, poderá iniciar uma pandemia global” . Curiosamente, um estudo gerado por um dos governos que se encontra desarticulado para enfrentar o problema que se alastra pelo mundo.

Mais recentemente, outros especialistas da área de saúde apontaram que as chances de uma pandemia global estavam aumentando. E que a sociedade estava perigosamente mal preparada. Em 2018, um painel de especialistas e autoridades internacionais em saúde apontou a pandemia de gripe de 1918 como um exemplo de uma catástrofe global. Ela matou até 50 milhões de pessoas. Se um contágio semelhante acontecesse hoje, poderia matar até 80 milhões de pessoas e acabar com 5% da economia global.

“O mundo não está preparado”, alertou o relatório do Conselho Global de Monitoramento da Preparação (GPMB), co-convocado pelo Banco Mundial e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Por muito tempo, permitimos um ciclo de pânico e negligência quando se trata de pandemias: aumentamos os esforços quando há uma ameaça séria e depois os esquecemos rapidamente quando a ameaça desaparece. Já é hora de agir.”

Entre 2011 e 2018, a OMS acompanhou 1.483 epidemias em todo o mundo, incluindo Ebola e síndrome respiratória aguda grave (SARS), segundo o relatório. Essas epidemias e pandemias devastaram muitos de seus países anfitriões – o surto de Ebola na África Ocidental resultou em uma perda de US$ 53 bilhões em custos econômicos e sociais. Esses enormes custos econômicos se traduzem em graves consequências da vida real – empregos perdidos, deslocamento forçado, assistência médica inacessível e maior mortalidade.

Enquanto doenças, epidemias e pandemias sempre existiram, maior densidade populacional e a capacidade de viajar para qualquer lugar do mundo dentro de 36 horas significa que a doença pode se espalhar rapidamente por um país e depois se espalhar pelo mundo. Foi o que aconteceu agora. Registrada inicialmente na China, a doença se espalhou para todos os cantos.

Origens de problemas

O estudo desenvolvido pelas autoridades mundiais de saúde assinala que a mudança climática, desconsiderado pelos governos de países como Estados Unidos e Brasil, surte efeito na geração de riscos de pandemias. O aquecimento global significa que doenças transmitidas por mosquitos, como o zika e a dengue, podem se espalhar para a Europa, Estados Unidos e Canadá – colocando um bilhão a mais de pessoas em risco.

Os países mais pobres, especialmente os que não têm atenção básica básica ou infraestrutura de saúde, são os mais atingidos pelos surtos de doenças. Nesses locais, o problema geralmente é agravado por conflitos armados ou uma profunda desconfiança nos serviços de saúde, como visto na República Democrática do Congo (RDC), que foi devastada por um surto de Ebola por mais de um ano. A desconfiança da comunidade levou a ataques violentos, às vezes fatais, aos profissionais de saúde.

Os avanços científicos e tecnológicos ajudaram a combater essas doenças – mas o relatório da OMS alerta que eles também podem fornecer o ambiente de laboratório para a criação de novos microorganismos causadores de doenças, aumentando o risco de uma futura pandemia global.

“Todas as partes da sociedade e a comunidade internacional fizeram progressos na preparação para enfrentar emergências de saúde, mas os esforços atuais continuam sendo insuficientes”, assinala o relatório. Há vários problemas persistentes, incluindo uma “falta de vontade política contínua”. Pense no culto à austeridade e aos cortes de gastos sociais e entenda que o significa que líderes nacionais não estão dedicando energia e recursos suficientes à preparação de desastres.

Embora existam diretrizes ao abrigo do Regulamento Sanitário Internacional, muitos países mais pobres não podem se dar ao luxo de cumprir com os requisitos e não estão recebendo apoio da comunidade internacional – mesmo que os países mais ricos do G7 já tivessem prometido seu apoio. A OMS pediu aos líderes mundiais que tomassem ações concretas para diminuir o risco, incluindo o monitoramento do progresso durante as cúpulas internacionais, a criação de planos plurianuais para desastres, o fortalecimento da coordenação das Nações Unidas e a criação de sistemas de preparação para todos os setores.


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