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A política em 2025: cenários de quando a população perdeu a paciência

Em 2025, sem a mínima credibilidade, os sistemas políticos estarão sob ataque intenso
Em 2025, sem a mínima credibilidade, os sistemas políticos estarão sob ataque intenso

Carlos Teixeira
Jornalista – Editor do Radar do Futuro

Não confie em ninguém com mais de 30 anos.
Marcos Valle

Cansados do tamanho da máquina criada em Brasília para sustentar o negócio em que se transformou a política, em 2025 a população finalmente faz o que muitos representantes das gerações anteriores sonharam: implode, literalmente, os prédios do Congresso Nacional. Simbolicamente, o país determina o fim das lutas pela eliminação da política como representação de interesses particulares e de grupos empresariais. Junto em pelo menos uma causa, finalmente o povo unido venceu. Velhos senhores e senhoras e o sistema ultrapassado enterrados, com os prédios brasilienses, por jovens cansados da guerra por esperanças.

O mesmo “verão latino” ocorre em outros lugares. Na verdade, o script acompanha um processo global diante da perda generalizada de credibilidade de governantes, do legislativo e do judiciário. A respeitabilidade e a credibilidade dos poderes se diluíram finalmente, concluindo a degradação iniciada na segunda parte da década anterior. Os podres poderes vencidos. Os velhos, enfim, morreram, abrindo espaço para que o novo nasça.

Decadência da velha política

O jogo de representação dos velhos políticos, descendentes ainda dos nascidos antes dos anos 1970, minou vigorosamente o que restava de importância das instituições formadas, em tese, por pessoas eleitas pelas populações com o objetivo de defender os interesses coletivos. O mundo sonha com algo realmente novo. Como um modelo de “democracia direta”, que se desenvolve graças à utilização da internet em todos os lugares, em todas as coisas. Graças à capacidade de monitoramento das informações públicas — apesar dos riscos privados.

As barreiras impostas às lideranças novas, capazes de propor alternativas ao aprofundamento dos problemas sociais e econômicos dos dez anos anos anteriores, agravou o cenário das sociedades ocidentais. A solução dos políticos “não políticos” da década de 2010 e início dos 2020 e as artimanhas para impor um modelo único de gestão econômica, baseado em controle de gastos e a austeridade, geraram resultados trágicos para a maior parte da sociedade. E abriram as portas para a radicalização de 2025.

No cenário de austeridade das soluções propostas a partir da crise financeira de 2008, e de avanços das tecnologias sobre o mercado de trabalho, a sociedade viu cair a qualidade de vida. Os jovens conheceram a era das desilusões.

Os confortos das inovações não foram suficientes para compensar a quebra das expectativas de construção de um futuro melhor. Como já alertavam até mesmo organismos internacionais no final da década de 2010, o ambiente global passou a combinar pouquíssimos ricos e bilhões de miseráveis. Jovens, em especial, foram as maiores vítimas do fim do processo de mobilidade social. Com os seus trabalhos precários, os filhos agora ganham menos do que seus pais e avós. Não há esperança de melhora.

Avanço das polarizações

Automação e robotização cortaram não só os empregos de caixas de banco e do comércio, operadores de telemarketing e de operários, mas também da turma de colarinho branco. Advogados, uma categoria formada por milhões de pessoas, são desnecessários, a não ser por uma pequena casta de privilegiados.

O cidadão que precisa da Justiça diz ao sistema qual a sua pendência. O computador cruza informações suas com os dados de outros envolvidos e gera uma sentença. Para que médicos para consultas triviais? Com um mero sopro na máquina, sistemas inteligentes fazem diagnóstico e emitem uma receita de tratamento.

Velhos trabalhadores se juntam aos novos nas lamentações de falta de alternativas. Em 2025, as ilusões perdidas em anos anteriores deixaram, como presente para o futuro, o aprofundamento da mesma onda de rompimento com o passado. Mas polarizações sociais e políticas permanecem.

Saída pela democracia direta

Descartando a velha política representativa, as sociedades tentam utilizar a própria tecnologia como alternativa de gestão dos interesses comuns, seja para a definição de uma obra necessária para o tráfego ou a construção de um novo hospital. As decisões sobre investimentos prioritários passam pela negociação intermediada pela inteligência artificial.

A internet ultrarrápida e o avanço de sistemas de realidade virtual ampliam as possibilidades de debate, em uma sociedade que só conseguiu se unir em torno do ódio à política. Mas que não consegue resolver suas próprias diferenças. A era das desilusões teve como seu resultado um aumento explosivo de movimentos radicais.

A sociedade perdeu, em 2025, as suas referências ideológicas. O mundo capitalista, dominado pelo sistema financeiro, vive a sua pior crise. A imagem é tão contaminada quanto à dos políticos. A sociedade se voltará à compreensão de que a política deve inibir as ações dos grupos econômicos poderosos. É necessário caminhar para um outro lado, socialmente justo, para construir um mundo melhor.

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