m um mundo com fortes mudanças, as habilidades e competências necessárias anteriormente para alcançar o sucesso no mercado de trabalho também mudaram. O caminho também mudou – e talvez já nem haja apenas um caminho. Segundo Pedro Waengertner, cofundador e CEO da ACE, estamos vivendo o início de uma grande revolução – algo comparável apenas ao início da primeira revolução industrial. E para isso, é preciso olhar o mundo com novos olhos.
Segundo ele, todos os profissionais cresceram ouvindo que precisavam estudar e trabalhar duro para chegar ao topo e ter sucesso. “Mas não é todo mundo que vai conseguir chegar ao topo. E ao mesmo tempo, todos nos falam para seguir o mesmo caminho: estude, trabalhe e você terá sucesso. Estamos acostumados a pensar na carreira como uma linha reta.” Mas ele avisa: tudo que nós estudamos e aprendemos, não serve mais, ou serve só em parte.
“Tudo o que nos ensinaram que era certo tinha um propósito para o futuro, mas esse futuro não existe mais”, diz Waengertner. Para sobreviver nesse novo cenário, é preciso parar e refletir. A primeira grande mudança que ele aponta é que a carreira não é mais uma questão singular, mas plural, única para cada um. Para isso, Waengertner lista algumas novas habilidades que servem para todos os profissionais.
“As universidades foram criadas como lugares que aglutinam conhecimento, mas o conhecimento deixou de estar lá. Se eu fizer uma pergunta aqui, todo mundo vai pegar o celular e responder”, explica Waengertner. Segundo ele, no mundo de hoje, não é o conhecimento disponível que faz com que as pessoas tenham carreiras brilhantes, mas o que cada um faz com esse conhecimento. “A chave é estar sempre aprendendo, mas não é algo passivo, precisa casar o conhecimento com algo prático.”
Quem acha que a carreira em Y é algo moderno já está obsoleto. O útil agora é desenhar a sua carreira em T, defende Waengertner. Empresas modernas trabalham com esquadrões, que são formados de acordo com os problemas que estão postos naquele momento. Depois que são solucionados, são dissolvidos e criados novos esquadrões. Nessas células, os profissionais trabalham com pessoas de outras áreas e disciplinas. “Esse método de gestão, cada vez mais, vai atingir as empresas tradicionais”, diz Waengertner. Assim, todos precisam se preparar para essa nova formação das empresas.
Ter uma carreira em T significa estar adaptado a esse cenário. “Você precisa ter um conjunto de habilidades mais genérico (horizontal do T), mas ser muito bom em uma coisa (vertical). Assim, na hora de formar esquadrões, você consegue fazer outras coisas, que não são exatamente a sua formação”, diz ele. “Times ágeis precisam disso, mas a gente foi acostumado a pensar ao contrário, que você tem de fazer só uma coisa.”
“Não há mais aquele peso de ter de escolher o que você vai prestar no vestibular”, diz Waengertner. Ele defende que as pessoas precisam testar novas profissões e se expor a novas experiências para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. “A carreira do futuro é uma carreira que a gente não cai nela sem querer”, explica ele. A chave aqui é ter sempre a sensação de que você está crescendo.
“Não tem nenhuma aula, o curso na faculdade nunca nos ensina a não ser um babaca com as pessoas”, diz ele. Mas essa é uma habilidade extremamente importante, e que diferencia o profissional humano da máquina – algo importante no novo mercado de trabalho.
“A gente pensa em ter sucesso em 20 anos e poder viajar o mundo, mas no meio do caminho acontecem mil coisas que atrapalham esse caminho”, diz ele. É preciso pensar no sucesso durante a sua carreira, fazer o que te faz feliz no presente, não só no futuro. Ao mesmo tempo, é preciso repensar o risco. “A gente acha que pular de uma carreira para outra é um risco, mas isso é olhar para a vida atual com os olhos do passado. Risco hoje é ficar parado, se você se mexer, pelo menos está indo para algum lugar.”