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Relatório de riscos globais: por que os líderes estão mais preocupados?

Estudo anual sobre riscos globais do Fórum Econômico Mundial, mostram as lideranças ainda preocupadas com os efeitos da pandemia

riscos globais: capa do relatório anual do fórum econômico mundial
Divulgação

Carlos Plácido Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro

Os impactos econômicos e sociais da pandemia continuam a ser uma ameaça crítica para o futuro do mundo. Expectativas contaminadas por doses elevadas de desalento têm destaque no Relatório de Riscos Globais de 2022, do Fórum Econômico Mundial. Produzido anualmente como um alerta sobre os problemas para as sociedades, o estudo ressalta que a distribuição desigual de vacinas e a possibilidade de uma recuperação econômica desigual no planeta podem agravar fraturas sociais e ampliar as tensões geopolíticas.

“O cenário é agravado pelos riscos ambientais, com potencial para causar mais danos às pessoas e ao planeta, seguidos pelos desafios sociais, além de ‘crises da dívida’ e os ‘confrontos geoeconômicos'”, atesta o relatório. Especialistas em riscos e líderes mundiais em negócios, governo e sociedade civil entrevistados demonstram um nível elevado de inquietação e um certo desalento em relação às estratégias de condução das políticas de enfrentamento dos problemas pelas lideranças econômicas e políticas.

Os produtores do documento temem que o pessimismo generalizado pode criar um ciclo de desilusão que torna os desafios ainda mais desafiadores. Na avaliação de cenários de curto prazo, 84% dos entrevistados expressaram sentimentos negativos sobre o futuro. Ou seja, eles estavam “preocupados” ou “muito preocupados” com o que vem pela frente. Apenas 11% dos entrevistados achavam que o mundo seria caracterizado por uma recuperação global acelerada até 2024, enquanto 89% perceberam que as perspectivas de curto prazo seriam voláteis, fraturadas ou cada vez mais catastróficas

Os medos e as incertezas são determinados, entre outros fatores, pelo questionamento das prioridades de quem lidera os organismos internacionais e os países. As opiniões dos entrevistados em 15 áreas de governança diferentes sinalizam uma grande decepção com a eficácia dos esforços internacionais de mitigação de risco Enfrentar o aumento das desigualdades deveria, por exemplo, algo a se prestar atenção. Mas o que se vê é que nos 52 países mais pobres, que abrigam 20% da população mundial, apenas 6% das populações população tinham sido vacinadas. Até 2024, os países periféricos terão produto interno bruto 5,5% menor em relação ao período anterior à pandemia. Já as economias avançadas terão conseguido não só recuperar perdas, mas também avançar.

Riscos de curto prazo

Para os entrevistados, os riscos sociais e ambientais pioraram mais desde o início da pandemia no final de 2019. Em pouco mais de dois anos, a “erosão da coesão social” e “crises de subsistência” ganharam peso como riscos para o futuro, ocupando os primeiros lugares dos rankings de preocupações. Outros riscos identificados como tendo piorado significativamente são “crises de dívida”, “falhas de segurança cibernética”, “desigualdade digital” e “reação contra a ciência”.

Erosão da coesão social”, “crises de subsistência” e “deterioração da saúde mental” são três dos cinco riscos vistos como as ameaças mais preocupantes para o mundo nos próximos dois anos

Até 2024, as economias pobres e em desenvolvimento terão um PIB 5,5% abaixo esperado antes da pandemia, enquanto as economias avançadas terão ultrapassado em 0,9% – ampliando a diferença de renda global.

O relatório salienta que a cicatriz social tende a agravar os desafios da formulação de políticas nacionais. A instabilidade e a radicalização entre os atores afeta o ambiente dos poderes, ao limitar a crença em instituições e lideranças. Os efeitos negativos envolvem o capital político, o foco dos líderes e o apoio público necessário para fortalecer a cooperação internacional nos desafios globais.

Trajetórias de recuperação desiguais entre regiões e países colocam em risco as definições de prioridades e políticas divergentes em um momento em que as sociedades e a comunidade internacional devem colaborar para ampliar o combate à Covid-19 e curar as cicatrizes da pandemia. Em algumas sociedades, o rápido progresso das vacinas, os saltos digitais e o retorno ao crescimento pré-pandêmico anunciam melhores perspectivas para 2022 e além. Outros podem ficar sobrecarregados por anos, se não décadas, por lutas para aplicar até mesmo as doses iniciais de vacina, combater as brechas digitais e encontrar novas fontes de crescimento econômico.

A saúde do planeta, no entanto, continua sendo uma preocupação constante. Os riscos ambientais – em particular, “clima extremo” e “falha na ação climática” – aparecem como os principais riscos nas perspectivas de curto, médio e longo prazo. No médio prazo, riscos econômicos como “crises da dívida” e “estouro da bolha de ativos” também surgem à medida que os governos lutam para equilibrar as prioridades fiscais. No horizonte de longo prazo,

Longo prazo: impactos divergentes

Os entrevistados do WEForum revelam que preocupações diante das incertezas sobre o futuro das atividades produtivas. Na realidade, é a capacidade de recuperação que gera dúvidas. E o desafio mais sério da pandemia é a estagnação econômica. As perspectivas macroeconômicas permanecem fracas, com uma redução de 2,3% no tamanho da economia global, na comparação entre o período pré-pandêmico e as projeções para 2024.

A avaliação entre cética e pessimista leva em conta a expectativa de aumento dos preços das commodities, da inflação e das dívidas públicas, impactando todas as regiões do planeta. “Juntamente com os desequilíbrios do mercado de trabalho, políticas protecionistas e crescentes disparidades em educação e habilidades, as consequências econômicas da pandemia criam o risco da divisão do mundo em trajetórias divergentes”, ressalta o estudo.

O contexto traçado define que a pandemia e suas consequências econômicas continuam a sufocar a capacidade dos países de controlar o vírus e facilitar uma recuperação sustentável. Um dilema explicaria movimentos que apontam para incapacidade de decisão. O relatório diz que “governos, empresas e sociedades estão enfrentando uma pressão crescente para fazer a transição para economias líquidas zero”. Qual a melhor estratégia a ser adotada pelos governantes?

Uma transição agressiva e rápida aliviaria as consequências ambientais de longo prazo, mas poderia ter impactos severos de curto prazo, como tirar milhões de trabalhadores da indústria intensiva em carbono. No caso, o argumento é da criação de desempregados e um possível desencadeamento de tensões sociais e geopolíticas.

Uma transição mais lenta, porém mais ordenada, é a outra alternativa. As ações pausadas teriam o efeito no prolongamento da degradação ambiental, acentuando as fragilidades estruturais e as desigualdades globais. Na prática, é a alternativa que vem sendo adotada pelos governantes. A sobrevivência das empresas, mesmo geradoras de impactos ambientais, preservada.

Trajetórias divergentes entre países e setores estão criando mais barreiras à colaboração e cooperação em ambos os cenários.

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Diversidade de desafios

A crescente dependência de sistemas digitais — intensificada pela resposta à Covid-19 — alterou fundamentalmente as sociedades. Ao mesmo tempo, as ameaças à segurança cibernétiiminca estão crescendo e ultrapassando a capacidade das sociedades de preveni-las ou respondê-las com eficácia. Ataques à infraestrutura crítica, desinformação, fraude e segurança digital afetarão a confiança do público nos sistemas digitais e aumentarão os custos para todas as partes interessadas.

À medida que os ataques se tornam mais severos e amplamente impactantes, as tensões já agudas entre os governos impactados pelo cibercrime e os governos cúmplices em sua comissão aumentarão à medida que a segurança cibernética se tornar outro fator de divergência, em vez de cooperação, entre os estados-nação.

A crescente insegurança gerada pelas dificuldades econômicas, o agravamento dos impactos das mudanças climáticas e a perseguição política forçarão milhões a deixar suas casas em busca de um futuro melhor. No entanto, em muitos países, os efeitos persistentes da pandemia, o aumento do protecionismo econômico e a nova dinâmica do mercado de trabalho estão resultando em maiores barreiras à entrada de migrantes que podem buscar oportunidades ou refúgio. A diminuição das oportunidades de migração ordenada e o efeito de transbordamento nas remessas correm o risco de abrir mão de um caminho potencial para restaurar os meios de subsistência, manter a estabilidade política e diminuir as lacunas de renda e trabalho.

Enquanto os humanos exploram o espaço sideral há décadas, os últimos anos testemunharam um aumento na atividade privada e pública, criando novas oportunidades e também sinalizando que o espaço sideral é um domínio emergente de risco. A consequência mais imediata do aumento da atividade espacial é um risco maior de colisão entre a infraestrutura próxima à Terra e objetos espaciais, o que pode afetar as órbitas nas quais os principais sistemas da Terra dependem, danificar equipamentos espaciais valiosos ou desencadear tensões internacionais em um reino com poucos estruturas de governança. A crescente militarização do espaço também corre o risco de uma escalada de tensões geopolíticas, principalmente porque as potências espaciais não colaboram em novas regras para governar o reino.

O que é

O Relatório sobre Riscos Globais de 2022 é um documento da série de estudos anuais acompanha as percepções de riscos globais entre especialistas em riscos e líderes mundiais em negócios, governo e sociedade civil. São examinados os riscos em cinco categorias: econômico, ambiental, geopolítico, social e tecnológico. No Relatório de Riscos Globais 2022 são compartilhados os resultados da última Pesquisa de Percepção de Riscos Globais (GRPS) no contexto do panorama global atual, seguido de uma análise das divergências crescentes nas áreas de transição climática, segurança cibernética, mobilidade e espaço.

Por que é relevante

Examinamos as tensões decorrentes de tal divergência, efeitos colaterais, consequências para as partes interessadas e choques que podem surgir. O relatório conclui com reflexões sobre resiliência, com base nas lições do segundo ano da pandemia. Os principais resultados da pesquisa e da análise estão abaixo.

Em resumo

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