O que o profissional deve saber para ser um designer do futuro
Carlos Teixeira
Designer do Futuro
Aos 53 anos, Alberto Teixeira colocou de lado uma carreira de analista de sistemas em Belo Horizonte para realizar um velho projeto. Aprender química e, até mesmo, iniciar uma carreira como professor em escolas do ensino básico. Passou no Enem, o exame nacional que dá acesso aos cursos universitários de universidades federais. Atualmente, feliz da vida, está em Porto Seguro, na Bahia, convivendo com jovens. Mescla os conhecimentos profundos sobre sistemas informatizados com os segredos das misturas de substâncias.
Alberto é, tipicamente, um designer do futuro. Alguém que está disposto a se reinventar para novas propostas de vida. Morando agora à beira-mar, ele soube interpretar o momento para desenhar novas oportunidades para os próximos anos, quando as tecnologias e transformações sociais estarão dando novos tons para o funcionamento da humanidade. Insatisfeito, reconheceu a mudança como a alternativa para novos rumos pessoais e profissionais.
Designers do futuro não são, necessariamente, corajosos, como alguém pode imaginar ao conhecer a história de Alberto. Na realidade são pessoas que compreendem as mudanças do mundo e buscam caminhos alternativos, reconhecendo que felicidade pode ser prioridade.
“Para acrescentarmos o título de “identificador de tendências” em nossos cartões de visita não é preciso mais do que alguma curiosidade e o esforço de ir além daquilo que já está arraigado em nossas mentes em busca de respostas”, diz o sueco Magnus Lindkvist, especialista no assunto. Segundo ele, para ser um analista de tendências, que tem pontos em comum com o designer do futuro, basta fazer a si mesmo a seguinte pergunta: “o que está acontecendo no mundo”. “Depois disso, basta pegar um jornal, navegar em alguns sites na web, ligar a televisão ou perguntar a alguém esta mesma questão ou uma variação dela”, assinala Lindkvist.
Mas é necessário um esforço verdadeiro para compreender as múltiplas variáveis envolvidas nos acontecimentos. Entender a complexidade envolvida nos acontecimentos.
Ao analisar o desenho animado “Os Jetsons”, que fez sucesso nos anos 1960 como uma visão futurista de uma família, Lindkvist destaca que os criadores ficaram presos ao passado, mesmo com o olhar no futuro. Fazemos hoje o mesmo, por exemplo, quando falamos que a população está ficando mais velha e imaginamos cidades cheias de andadores, cadeiras de rodas e pessoas que se parecem com nossos avós. Sem considerar os avanços que a área de saúde vem obtendo.
Duvide de ‘analistas de tendências’ apegados a radicalismos ou crenças absolutas. Tais posturas não combinam com exercícios de análise de tendências. Certamente, temos nossas convicções. A proposta não é de abandoná-las, mas de conseguir ter pelo menos a disposição em abrir os horizontes e descontaminar o processo de busca por conhecimento.
O designer do futuro deve ter:
- Curiosidadepara querer entender, conhecer, aprender
- Visão abrangentepara entender a diversidade de variáveis que tornam a sociedade complexa, com sua diversidade de comportamentos
- Visão profundaa capacidade de ir além das abordagens superficiais dos acontecimentos cotidianos
- Discernimentopara identificar alternativas de forma equilibrada
- Ausência de “pré-conceitos”para evitar a contaminação da análise
- Capacidade de negociaçãopara ter capacidade de ouvir e argumentar
- Objetividadepara fazer escolhas com, pelo menos, algum nível de racionalidade
Fatores que inibem as percepções sobre mudanças
- Uso inadequado de modelos
- Crenças ou certezas absolutas
- Miopias
- Pensamento linear
- Pessimismo
- Falta de atenção
Em resumo