Com o Programa Nova Indústria Brasil, lançado pelo governo, a engenharia de produção tende a ver o surgimento de oportunidades de trabalho
CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro
Com o objetivo de impulsionar a capacidade de produção nacional até 2033, o programa Nova Indústria Brasil, lançado no dia 22 pelo governo terá impactos generalizados na retomada da engenharia brasileira. Em especial na engenharia de produção. O aumento da demanda por profissionais, a criação de novas oportunidades de trabalho e a valorização da profissão são alguns dos principais efeitos esperados.
A demanda será gerada, entre outros fatores, pela necessidade de modernização industrial e pela reversão do processo de perda de participação do setor nas atividades econômicas do País. A iniciativa do governo federal usa instrumentos tradicionais de políticas públicas, como subsídios, empréstimos com juros reduzidos e ampliação de investimentos federais. O programa também usa incentivos tributários e fundos especiais para estimular alguns setores da economia.
A nova política tem seis missões relacionadas à ampliação da autonomia, à transição ecológica e à modernização do parque industrial brasileiro. Entre os setores que receberão atenção, estão a agroindústria, a saúde, a infraestrutura urbana, a tecnologia da informação, a bioeconomia e a defesa.
A maior parte dos recursos, R$ 300 bilhões, virá de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Os financiamentos do BNDES relacionados à inovação e digitalização serão corrigidos pela Taxa Referencial (TR), que é mais baixa que a Taxa de Longo Prazo (TLP).
O programa prevê investimentos de R$ 300 bilhões até 2026
Impactos positivos:
- Aumento da demanda por profissionais: A expansão da indústria brasileira e a criação de novas empresas demandarão mais profissionais de engenharia de produção para gerenciar projetos, processos e sistemas.
- Novas oportunidades de trabalho: As áreas prioritárias do programa, como indústria 4.0, veículos elétricos e saúde, abrirão novas frentes de trabalho para engenheiros de produção com expertise em tecnologias específicas.
- Salários mais altos: A alta demanda por profissionais qualificados pode levar a um aumento nos salários da área de engenharia de produção.
- Maior valorização da profissão: O reconhecimento da importância da engenharia de produção para o desenvolvimento industrial do país pode levar a uma maior valorização da profissão por parte da sociedade.
Impactos a serem considerados:
- Necessidade de atualização profissional: As novas tecnologias demandarão que os profissionais de engenharia de produção se mantenham atualizados com as últimas tendências do mercado.
- Competitividade por vagas: O aumento da demanda por profissionais pode levar a uma maior competitividade por vagas de trabalho.
- Desafios na formação de mão de obra: As universidades e instituições de ensino precisarão se adaptar para formar profissionais com as habilidades e conhecimentos necessários para atender às demandas da indústria 4.0.
Recomendações para os profissionais:
- Investir em atualização profissional: Buscar cursos, treinamentos e workshops sobre as novas tecnologias da indústria 4.0.
- Desenvolver habilidades em áreas como: automação, inteligência artificial, análise de dados e gestão de projetos.
- Networking: Participar de eventos da área, conectar-se com outros profissionais e empresas.
- Acompanhar as políticas públicas: Manter-se atualizado sobre as medidas do governo para o setor industrial.
Engenharia de Produção
- Área multidisciplinar que integra conhecimentos de engenharia, gestão e ciência para otimizar sistemas produtivos de bens e serviços.
- Busca eficiência, qualidade e competitividade através da otimização de recursos:
- Humanos
- Materiais
- Tecnológicos
- Informacionais
- Financeiros
Objetivo
- Melhorar a produtividade
- Reduzir custos
- Aumentar a qualidade
- Atender às necessidades dos clientes
Engenharia de produção:
- Profissional versátil e generalista
- Atua em diferentes áreas da indústria e do setor de serviços
- Habilidades:
- Análise de dados
- Solução de problemas
- Gestão de pessoas
- Liderança
- Comunicação
Mercado de trabalho:
- Amplo e aquecido
- Salários atrativos
- Boas perspectivas de crescimento
Nova Indústria Brasil
Missões para o período de 2024 a 2033:
1. Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais
– aumentar para 50% participação da agroindústria no PIB agropecuário;
– alcançar 70% de mecanização na agricultura familiar;
– fornecer pelo menos 95% de máquinas e equipamentos nacionais para agricultura familiar.
2. Forte complexo econômico e industrial da saúde:
– atingir 70% das necessidades nacionais na produção de medicamentos, vacinas, equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e tecnologias em saúde.
3. Infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade sustentáveis:
– diminuir em 20% o tempo de deslocamento de casa para trabalho;
– aumentar em 25 pontos percentuais adensamento produtivo (diminuição da dependência de produtos importados) na cadeia de transporte público sustentável.
4. Transformação digital da indústria:
– digitalizar 90% das indústrias brasileiras;
– triplicar participação da produção nacional no segmento de novas tecnologias.
5. Bioeconomia, descarbonização, e transição e segurança energéticas:
– cortar em 30% emissão de gás carbônico por valor adicionado do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria;
– elevar em 50% participação dos biocombustíveis na matriz energética de transportes;
– aumentar uso tecnológico e sustentável da biodiversidade pela indústria em 1% ao ano.
6. Tecnologias de interesse para a soberania e a defesa nacionais:
– autonomia de 50% da produção de tecnologias críticas para a defesa.
Recursos para financiamentos:
R$ 300 bi até 2026
– Crédito: R$ 271 bi
– Não reembolsáveis: R$ 21 bi
– Equity (investimentos na bolsa de valores): R$ 8 bi
Fonte dos recursos: BNDES, Finep e Embrapii
Desse total, R$ 77,5 bi (28%) aprovados em 2023
Eixos:
Indústria Mais Produtiva (R$ 182 bi)
– Expansão da capacidade e modernização do parque industrial brasileiro;
– Novo Brasil + Produtivo: financiamentos com Taxa TR (juros reduzidos) para digitalização e financiamentos não reembolsáveis para até 90 mil micro e pequenas empresas;
– R$ 4 bi do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) com Taxa TR para expansão da banda larga e conectividade.
Indústria Mais Inovadora e Digital (R$ 66 bi)
– Financiamentos do Programa Mais Inovação: Taxa TR para apoio à inovação e digitalização pelo BNDES e pela Finep;
– Financiamentos não reembolsáveis definidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI);
– Criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico (FNDIT);
– Ampliação do uso de instrumentos de Mercado de Capitais (recursos levantados no mercado financeiro) para as seis missões industriais.
Indústria Mais Exportadora (R$ 40 bi)
– Criação do BNDES Exim Bank: versão do BNDES voltada para apoio à exportação;
– Linhas de financiamento do BNDES para pré e pós-embarque de bens e aeronaves;
– Redução do spread (diferença entre os juros cobrados do tomador e as taxas de captação dos bancos) nas linhas de preembarque.
Indústria Mais Verde (R$ 12 bi)
– Novo Fundo Clima: projetos de descarbonização da indústria com juros a partir de 6,15% a.a;
– Instrumentos de Mercado de Capitais voltados para transição energética, descarbonização e bioeconomia;
– Fundo de Minerais Críticos: fundo para alavancar recursos para a pesquisa e a extração de minerais usados em baterias de energia limpa.
Outras medidas
– R$ 20 bi para a compra de máquinas nacionais para a agricultura familiar;
– R$ 19,3 bi do Programa Mover, para estimular tecnologias menos poluentes na indústria automotiva e desenvolver novas formas de mobilidade e logística
– R$ 3,4 bi do Programa de Depreciação Acelerada para a modernização de máquinas e equipamentos;
– R$ 2,1 bi em isenção tributária para estimular produção de semicondutores e painéis fotovoltaicos;
– R$ 1,5 bi em incentivos tributários à indústria química;
– Antecipação do calendário de aumento de mistura do biodiesel ao diesel: 12% em abril de 2023, 14% em março de 2024 e 15% a partir de 2025;
– Reservas para compras governamentais: indústrias nacionais terão vantagem em licitações;
– Exigência de conteúdo nacional: percentuais mínimos de compra de produtos nacionais em obras do PAC, definidos por uma comissão do governo.
Em resumo