Minha filha de 13 anos, fã de séries policiais, começou a se interessar pela profissão de perita criminal. Como alguém se torna perita, considerando que não há curso superior específico? Ela pensa em fazer direito para seguir a carreira. É isso mesmo?
Andressa G. Becker
Oi, Andressa,
Para entender o cenário de 2029, quando a sua filha estiver finalizando um curso universitário, é importante levar em conta as mudanças dos ambientes social, jurídico, econômico, político e ambiental que tendem a ocorrer até lá. Será um cenário bem diferente do atual. E a perícia criminal, responsável pelo exame de provas de um crime, terá o apoio ainda mais intensivo de ferramentas tecnológicas e biotecnológicas altamente desenvolvidas.
Novos crimes, como os cibernéticos, tendem a entrar na lista da produção de provas. Também novas drogas vão desafiar o profissional. Mas é possível supor que os roubos terão sido reduzidos pela perspectiva de digitalização de tudo. As pessoas não andarão com carteiras de dinheiro e cartões de crédito, nem com smartphones na mão ou no bolso. Ou com notebooks. Com grande número de sensores e inteligência artificial mais desenvolvida, tudo pode ser acompanhado, de bicicletas a carros e residências. O monitoramento será permanente, com a identificação de imagens pelo uso de equipamentos inteligentes.
Tecnologia em tudo
Inteligência artificial, internet das coisas, sensores, drones, biotecnologia e nanotecnologia, entre outras inovações aceleradas, dão a dica sobre as áreas de conhecimento da atividade. Independentemente das tecnologias à disposição em 2029, a jovem deve ser orientada a se dedicar ao máximo à formação universitária, num curso de saúde ou exatas.
Para funções específicas, os melhores cursos são odontologia, farmácia, física, ciência da computação, engenharias, biologia, medicina e contabilidade”, avalia Guilherme Melo Franco, perito criminal da Polícia Civil de Minas Gerais. Formado em odontologia, ele considera que o curso é o mais completo e útil para quem pretende atuar na área.
Depoimento
Apaixonado pela atividade, Guilherme Franco aposta que o “glamour” que ronda a imagem do trabalho de perito criminal — ou crime scene investigator (CSI) — sempre vai existir, mesmo com os avanços que tendem a ocorrer na sociedade. Basicamente, são dois motivos. Primeiro, pelo fato de ser um trabalho intrigante, interessante, por causa dos mistérios a serem resolvidos. “E pelo fato de ter a ver com luta do bem contra o mal. Há pessoas más por aí. E o perito ajuda a fazer justiça contra elas”, assinala.
É certo que, nas condições políticas e econômicas de hoje, no País, nem tudo são facilidades. É possível, de fato, encontrar exemplos de investigações com recursos super modernos, como se vê nos filmes. Tecnologias avançadas são aplicadas em investigações de acontecimentos de grande relevância, como o crime ambiental em Brumadinho, que matou centenas de pessoas. Mas, no dia a dia, os recursos para as investigações podem ser escassos.
Guilherme Franco atesta que, hoje em dia, “já temos tecnologia para conseguirmos, com grau satisfatório de eficiência, identificar suspeitos e armas de crime através de bancos de dados de papiloscopia, DNA, balística e reconhecimento facial”. Graças a um desses recursos, a polícia do Paraná elucidou recentemente um crime ocorrido há 15 anos, envolvendo uma adolescente.
O investimento em tecnologia é, hoje, muito baixo, seja por falta de dinheiro, ou, principalmente, por falta de vontade politica. Investimentos que poderiam ser direcionados para a implantação de bancos de dados, por exemplo, acabam servindo para a compra de viaturas, que dão mais visibilidade para os políticos. Algumas das limitações tendem, no entanto, ser superadas. Em especial, a redução de custos de softwares e equipamentos informatizados tende a ampliar o acesso aos procedimentos de perícia.
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