quinta-feira, abril 18, 2024
21.4 C
Belo Horizonte

O que impede a evolução das pesquisas sobre Alzheimer

Pesquisa belga avança na compreensão da da...

O futuro da psicologia: otimismo na era do desalento

Nos próximos anos, o futuro da psicologia...

Notas de Conjuntura: 12 de abril de 2024

Nas Notas de Conjuntura, destaque para o...

Pensamento sistêmico em tempos de crise

As organizações que desejam ser adaptáveis, resilientes e inovadoras devem se preocupar em como desenvolver o pensamento sistêmico entre os seus colaboradores

Felipe Watanabe

Todos nós fomos pegos de surpresa quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) categorizou, no início do ano passado, a Covid-19 como uma pandemia de proporções mundiais e com impactos severos. Diante disso, houve uma mudança repentina no comportamento humano e que teve um efeito significativo em todos os ecossistemas, nos fazendo repensar o papel do Estado na sociedade, fomentando debates econômicos importantes e exigindo um nível de resiliência mental cada vez maior.

Com esse novo contexto, como nós podemos navegar tamanha incerteza e instabilidade, de forma mais eficaz? Como fazer nossos negócios atravessarem momentos delicados e saírem ainda mais saudáveis? Para responder essas perguntas e muitas outras, podemos aplicar os pressupostos do pensamento sistêmico. Mas antes de qualquer coisa, precisamos entender o que é o pensamento sistêmico e os impactos dele na sua empresa, no seu trabalho ou até mesmo no seu dia a dia.

Pensamento sistêmico é a capacidade que uma pessoa adquire para avaliar os acontecimentos ao redor e suas possíveis implicações, com o objetivo de criar uma solução única que possa contemplar as expectativas de todas as partes envolvidas. Isso diz respeito aos aspectos pessoais, profissionais e econômicos do ser humano. Sendo assim, os três pressupostos do pensamento sistêmico, que vamos explicar ao longo do texto, podem ser aplicados para a realidade de toda e qualquer empresa.

Com isso, as organizações que desejam ser adaptáveis, resilientes e inovadoras perante aos desafios do mundo, devem se preocupar em como desenvolver essas ideias entre os seus colaboradores. Apesar de existirem diversas ferramentas que podem ser usadas no processo, cada caso requer uma análise específica para entender o momento atual da organização.

Um dos primeiros preceitos é o de que precisamos reconhecer a complexidade da crise. Não existem precedentes para o que estamos vivendo atualmente, tampouco existem soluções fáceis. É a sobrevivência da espécie humana que está em jogo. Não digo apenas pela doença em si, mas também pelas consequências que ela trouxe para a sociedade. No Brasil, por exemplo, estamos indo na contramão do mundo em praticamente tudo, inclusive na poluição ambiental.

Enquanto o isolamento social causou uma redução significativa nas emissões de CO² em diversos países, aqui teremos um aumento de 10 a 20%, segundo o Observatório do Clima. Isso porque ⅔ das emissões provêm do desmatamento e da pecuária, e afinal, “desmatador não faz home office”. Além disso, o Cepal já prevê que a economia deve encolher 5,2% por conta da pandemia. Para lidar com este cenário, precisaremos de níveis de colaboração extremos – entre empresas de um mesmo setor, entre setores diferentes, entre governos e nações. As soluções devem ser transdisciplinares: passam entre, além e através de diversas disciplinas.

Assumir o mundo instável

Outro ponto importante do pensamento sistêmico é o de que devemos assumir a instabilidade do mundo. Não existem soluções permanentes. Não temos o controle das variáveis e por isso temos que estar em um modo de aprendizado contínuo e eterno. A instabilidade não deve ser motivo para pessimismo, mas serve para desenvolvermos uma capacidade de nos adaptarmos constantemente. O fato de um vírus microscópico ter um impacto tão grande em nossas vidas é um bom exemplo disso. Sabemos que quando o período de maior dificuldade passar, não estaremos isentos de instabilidade. É uma relação paradoxal, na qual a instabilidade é a única estável do mundo.

O terceiro princípio do pensamento sistêmico é o de que temos que valorizar a intersubjetividade como uma potência criativa. O que queremos dizer com isso é que, se não existe uma realidade independente do indivíduo, a soma de diversas realidades nos permite ver o desafio por uma perspectiva mais ampla. Portanto, precisamos mais do que nunca dar voz aos que não se sentem ouvidos. Nossas discussões devem ser verdadeiramente plurais, para que a soma de realidades eleve ao máximo nossa potência criativa.

Queremos trazer aqui a discussão de que, em tempos de crise, é necessário inovar para sair do caos e, nesse sentido, essas três premissas do pensamento sistêmico colaboram para uma jornada mais assertiva em qualquer que seja o seu negócio. O primeiro e mais importante passo para reforçar essa metodologia é garantir que a mentalidade dos indivíduos esteja alinhada no aprendizado e não no controle. A partir desse primeiro passo, o processo de aprendizagem se torna mais simples e unido, caminhando para o que está por vir com mais força e resiliência.


  • Consultor Sênior de Inovação na Mandalah

Edições anteriores

O que impede a evolução das pesquisas sobre Alzheimer

Pesquisa belga avança na compreensão da da doença. Porém,...

O futuro da psicologia: otimismo na era do desalento

Nos próximos anos, o futuro da psicologia tende a...

Capacitação sobre financiamento climático mira em lacuna de até US$ 6 trilhões

Evento organizado por iCS, IFS e CASI discute financiamento...

Para entender o futuro: preste atenção nos jogos de interesse

São os jogos de interesse que geram os principais...

Como escrever uma história sobre o futuro

Para saber como escrever uma história sobre o futuro,...