*Por Marcelo Gonçalves
Com grande parte da matriz energética brasileira baseada na produção hidrelétrica, a falta de água tem sido um problema para a geração de energia no mundo e tem sido bastante criticada em algumas regiões do Brasil. Pelas características geográficas favoráveis como ventos constantes e muita luz, o Nordeste virou sinônimo de oportunidade para o cenário brasileiro de energia.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a participação da fonte solar somada ao segmento da eólica, biomassa e das Pequenas Centrais Hidrelétricas deve corresponder 28% na matriz de capacidade instalada de energia elétrica em 2024. A distribuição de energia pode ser considerada o principal desafio para o segmento que está enfrentando dificuldades como a falta de infraestrutura de linhas de transmissão que escoe a demanda prevista.
Além disso, os investidores do setor precisam estar atentos às compensações exigidas para a liberação do licenciamento ambiental. Os impactos à fauna e à flora precisam ser reparados e é preciso ainda conter exigências de investimentos socioambientais e as compensações obrigatórias.
Outro gargalo, considerado o mais importante, diz respeito à entrada da tecnologia no segmento, já que a energia é um dos setores da economia que está passando por transformações disruptivas. O avanço tecnológico tornou a geração solar mais competitiva. A inovação é a característica que mais terá impacto nas empresas de geração daqui para frente, já que altera a lógica de funcionamento de toda a cadeia energética.
De certo, sabemos que as renováveis serão, nos próximos anos, uma grande oportunidade de crescimento para o Nordeste, região que concentra grande potencial eólico. É salutar dizendo que a solução para uma energia mais limpa e sustentável passa necessariamente por essa região. Em alguns anos, uma parcela representativa da energia gerada no país deverá ser oriunda do Nordeste.
*Marcelo Gonçalves é sócio da KPMG responsável pelos escritórios nas regiões Norte e Nordeste.