A Cúpula de Líderes da COP26, em Glasgow, não eliminou o cenário de incertezas sobre a questão ambiental. A brasileira, Txai Suruí reivindicou a herança de seus antepassados
Carlos Plácido Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro
Neste final de ano, os brasileiros estão mais pessimistas em relação ao futuro de curto prazo. Segundo pesquisa realizada pela parceria da revista Exame com o instituto de pesquisas Ideia, 42% dos entrevistados revelam a expectativa de que a economia não melhore nos próximos seis meses, enquanto 21% esperam melhoria do panorama geral do mercado interno. E 36%, ou seja, um terço, nem concordam nem discordam quando perguntados se a economia vai melhorar nos próximos meses.
A aceleração dos aumentos dos preços, do supermercado ao combustível, preocupa o cidadão. Segundo a pesquisa, 79% dos respondentes concordaram com a frase “a inflação ou o aumento de preços em 2021 tem sido um grande problema para o meu dia a dia”. Apenas 5% mostraram discordância e 17% ficaram na posição indecisa. Combustíveis (43%), alimentos e bebidas (40%) e energia elétrica (11%) foram os itens em que as pessoas percebem os maiores aumentos de preços.
Para a população de renda mais baixa, das classes D e E, os alimentos e as bebidas têm um peso maior, e os combustíveis, obviamente, nas classes A e B” |
Por conta dos aumentos de preços, 68% dos entrevistados mudaram os hábitos de consumo em 2021, enquanto 23% nem concordam nem discordam. Nada menos que três quartos das pessoas (74%) confessaram que tiveram de promover a redução do consumo de carnes no dia a dia. Os dados mostram também que 61% concordam que os preços devem seguir aumentando nos próximos meses, enquanto 18% parecem acreditar que o processo de alta deve ser contido e 21% não se posicionam.
Impactos: o que vem pela frente
Tendências: curtíssimo prazo
- Acirramento das tensões sociais e políticas
- Guerra política antecipada nas redes
- Pressões inflacionárias
- Incertezas sobre o futuro
Os dados da pesquisa confirmam a tendência de continuidade do cenário de tensão no final de ano, período de festas, prejudicando a capacidade de planejamento da população e dos empresários. “Quem trabalha com a inflação sabe que ela é essencialmente expectativa, e 61% acham que os preços vão continuar aumentando nos próximos seis meses, ou seja, vamos continuar convivendo com um cenário bastante preocupante para o Brasil”, avalia Maurício Moura, fundador do Ideia, instituto especializado em opinião pública.
Os desgastes sociais, econômicos e políticos tendem a seguir neste final de ano e em 2022. O quadro tende a ser agravado pelo acirramento do jogo político, por conta das eleições em outubro para a presidência. Hoje, segundo a pesquisa Exame/Ideia, 45% dos entrevistados atribuem ao governo federal o aumento no preço dos combustíveis e 28% atribuem aos governadores. Quem aprova o governo federal aponta os governadores como maiores culpados. E vice-versa. “A responsabilidade, do ponto de vista da opinião pública, é um tema bastante polarizado”, diz Maurício Moura.
Eleições: radicalização antecipada
Nas redes sociais, o clima antecipado de eleições preocupa, por conta das práticas escusas que já começam a ser adotadas por seguidores de Bolsonaro. Eleitores apostam que, no próximo ano, as coisas vão ficar mais sujas, com um grande uso de recursos como as fakenews e deepfakes.
Focado na conquista da reeleição, uma campanha que deveria ser questionada pelo Judiciário, o governo já adota estratégias econômicas que negam até mesmo a sua agenda focada em reformas e cortes de gastos.
Crise climática: sinais pouco animadores do COP26
A ativista Greta Thunberg juntou-se na segunda-feira, dia 1 de novembro, a uma multidão de manifestantes, em Glasgow, na Escócia, para cantar que os líderes mundiais “podem enfiar a sua crise climática no rabo.” Fora do espaço da 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), a ativista de 18 anos tem criticado a falta de ação dos líderes mundiais para lidar com a emergência climática.
Para Greta, “dentro da COP”, os líderes “são apenas políticos e pessoas no poder que fingem levar o futuro a sério.” Nas redes, ela denunciou que a indústria de combustíveis fósseis e os bancos, que estão entre os maiores vilões do clima, circulam pelo evento em Glasgow, tentando aumentar a compensação e dar aos poluidores um passe livre para continuar poluindo. “O plano deles pode destruir a meta de 1,5°C, alerta.
Os chefes de estado anunciaram um acordo em que manifestam a intenção de fazer esforços para limitar o aquecimento global a 1,5 grau acima do nível da anterior à revolução industrial. O pacto não contém compromissos de peso para reverter significativamente a tendência e se aproximar dessa meta, mas dá um passo à frente ao declarar que os membros do grupo vão parar de financiar usinas a carvão em outros países.
André Ferretti, gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário e também membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, que decisões tomadas durante o encontro podem ser animadoras, mas não resolvem a situação”.
Segundo ele, os compromissos de redução de emissão de gás metano e contenção do desmatamento “são intenções. Precisamos monitorar e cobrar de lideranças globais para que sejam efetivados.”
- Ausente das discussões, o Brasil atendeu a uma pressão dos Estados Unidos e assinou acordo para cortar consumo de carne, como meta de um acordo de redução das emissões de metano, o que tende a impactar os preços do produto no mercado interno.
Indicadores: forças que sinalizam tendências
Metaverso: a corrida das big techs
Ao antecipar o futuro de profissões e setores, leve em conta o anúncio do Facebook sobre a adoção da marca Meta, que envolve também as plataformas Instagram e WhatsApp em torno do conceito de metaverso. A iniciativa mexe com o mercado. E sinaliza uma forte tendência de aceleração dos projetos que envolvem inteligência artificial e realidades virtual, aumentada e mista e avatares.
A Microsoft também anunciou o recurso “Mesh for Teams”, idealizado para oferecer ambientes de trabalho e realidade virtual e aumentada. E a Nike entrou no jogo ao pedir registro de marcas como bens virtuais e abrir vagas de emprego focadas no desenvolvimento de peças digitais para o metaverso.
Empreendedores sofrem com sobrecarga mental
Os efeitos da pandemia na economia deixaram uma legião de empreendedores num estado de “sobrecarga mental”. Segundo pesquisa realizada pela Troposlab/UFMG, um terço dos empreendedores buscaram ajuda psicológica na pandemia. A maioria, apresentaram mais sintomas severos de ansiedade e depressão. Essa é uma conta em aberto, onde ainda não se consegue entender completamente o valor total da fatura. A percepção é que deve ser alto.
Fusões e aquisições têm recorde global
O mercado global de fusões e aquisições acaba de registrar seu melhor ano, com US$ 4,11 trilhões em acordos até agora. Vários recordes já haviam sido superados nos últimos meses e foi apenas questão de tempo para que a máxima estabelecida em 2007 fosse ultrapassada. Os volumes têm aumentado em todos os setores e regiões.
- O processo está vinculada à tendência de concentração de negócios em poucos grupos. Também conhecida por “os vencedores levam tudo“.
- No Brasil, setembro teve 181 transações, segundo o site Fusões & Aquisições, com 181 transações. Os setores mais ativos foram os de Tecnologia da Informação; Hospitais e Laboratórios de Análises Clínicas Saúde e Instituições Financeiras.
- O mercado de saúde brasileiro apresenta grande movimento de negócios entre empresas. Segundo o site Valor, Entre janeiro e 10 de julho, as operações somaram R$ 6.3 bilhões, contra R$ 8 bilhões em 2020.
Desabastecimento impacta a economia global até 2022
Nos Estados Unidos, as compras de Natal podem ser afetadas negativamente pelo desabastecimento dos mercados, um dos efeitos negativos da pandemias. E esse é mais um fator de degeneração das expectativas de crescimento e ampliação de mercados externos, o que tende a refletir nas condições econômicas e sociais internas de todos países.
Mais
- Para 78% dos brasileiros, mudança climática é risco para a humanidade. Exame
- O Brasil tem a pior projeção de crescimento do PIB para 2022, ano eleitoral, entre todos os países do G20. BBC
- Brasil cortou 93% da verba para pesquisa em mudanças climáticas. G1
- Volkswagen amplia proposta já abrangente de trabalho em casa. Bloomberg
Cenários 2022
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