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O futuro da moda é circular?

É possível imaginar um novo sistema de produção de bens e serviços, que leve em conta as demandas da sociedade. 

 

 

 

Moda circular: o conceito que vai revolucionar o futuro da moda

Até recentemente, a indústria da moda tinha sido baseada no modelo linear de ‘pegar, fazer e descartar’, tornando-a a segunda indústria mais poluente do planeta. Mas o impacto da moda linear como conhecemos atualmente pode estar com os dias contatos: quem chega como uma alternativa mais inteligente para a cadeia produtiva é a moda circular.

O que é moda circular?

Introduzido pela primeira vez em 2014, na Suécia, pelo então coordenador de sustentabilidade ambiental da H&M, Felix Ockborn, o termo moda circular é inspirado nos conceitos de ‘economia circular’ e ‘moda sustentável’.

Baseado no framework de economia circular da Fundação Ellen MacArthur, a definição de moda circular cunhada pela Dra. Anna Brismar, do site CircularFashion.com, é:

A moda circular pode ser definida como roupas, sapatos ou acessórios que são concebidos, selecionados, produzidos e fornecidos com a intenção de serem usados e circularem de forma responsável e eficaz na sociedade pelo maior tempo possível na sua forma mais valiosa e, daí em diante, retornarem seguramente para a biosfera quando não mais de uso.

Os 16 princípios da moda circular

O conceito de moda circular é composto por 16 princípios que compreendem o ciclo completo de vida de um produto, do design, seleção de materiais, transporte, armazenamento, marketing e vendas, até a fase de uso e descarte. São eles:

  1. Design com propósito
  2. Design com foco na longevidade
  3. Design levando em consideração a eficiência de recursos
  4. Design com foco na biodegrabilidade
  5. Design com foco na reciclabilidade
  6. Origem e produção locais
  7. Origem e produção sem toxicidade
  8. Origem e produção mais eficientes
  9. Origem e produção renováveis
  10. Origem e produção com boa ética
  11. Oferta de serviços que apoiem o ciclo de vida dos produtos
  12. Reuso, reciclagem e compostagem de todos os restos
  13. Colaboração abrangente entre todos os stakeholders da cadeia produtiva
  14. Uso, lavagem e conserto com cuidado
  15. Aluguel, empréstimo, trocas, segunda-mão ou redesign como alternativas mais sustentáveis ao invés de comprar algo novo
  16. Compras focadas em qualidade ao invés de quantidade

Enquanto os primeiros treze princípios são definidos com base na perspectiva dos produtores, os demais focam na perspectiva dos consumidores. O princípio 12 (Reuso, reciclagem e compostagem de todos os restos), no entanto, também é bastante relevante do ponto de vista dos consumidores.

Mas o que esses princípios significam na prática?

Em outras palavras, a moda circular defende que produtos de moda devem ser criados levando em conta alguns fatores como longevidade, eficiência de recursos, não-toxidade, biodegradabilidade, reciclabilidade e ética em mente. Da mesma maneira, eles devem ser originados e produzidos a partir de recursos locais, não-tóxicos, renováveis, biodegradáveis e recicláveis, assim como práticas eficientes, seguras e éticas.

Além disso, quando se trata do uso, os produtos devem ser utilizados pelo maior tempo possível, tomando cuidados para preservá-los, consertando, remodelando e compartilhando o mesmo item com outras pessoas (através de troca, empréstimo, aluguel etc.). Além do mais, os produtos devem ser redesenhados para dar vida nova aos materiais e componentes. Por último, os materiais e componentes devem ser reciclados e reusados na fabricação de novos produtos. Se estes artigos não servirem para reciclagem, o material biológico deve então ser usado na compostagem para se tornar nutrientes para plantas e outros organismos vivos do ecossistema.

De maneira geral, o ciclo de vida dos produtos não deve causar nenhum impacto ambiental ou sócio-econômico, mas ao invés disso, contribuir para um desenvolvimento positivo e bem-estar dos ecossistemas e sociedades.

Algumas estratégias-chave para permitir uma vida longa e maximizar a circular de produtos e materiais na sociedade são:

  • Criar produtos que possam facilmente ser desmontados/remodelados a fim de facilitar o reparo, redesign, reuso e, eventualmente, a reciclagem dos materiais;
  • Criar produtos que possuam estilo atemporal, usando materiais de alta qualidade e construção durável a fim de maximizar a durabilidade, longevidade e atratividade para vários usuários;
  • Preferencialmente, criar produtos sob demanda (ex.: roupas sob-encomenda ou alfaiataria) a fim de maximizar a frequência de uso e a vida útil dos produtos (focando na durabilidade prolongada que produtos com tal apego emocional possuem);
  • Criar produtos que busquem maximizar a eficiência de recursos, por exemplo, usando práticas efetivas de corte (para diminuir o desperdício), design modular, combinações limitadas de materiais e evitando detalhes supérfluos;
  • Escolher materiais que sejam puros (não-tóxicos), de alta qualidade, orgânicos, reciclados ou biodegradáveis, que assim possam ser processados de maneira segura, usados, reusados e, eventualmente, reciclados ou compostados ao final da vida útil;
  • Selecionar, produzir, transportar e distribuir primariamente com energia renovável, alta eficiência de recursos e produção mínima de lixo, a fim de minimizar os impactos ambientais e a extração de recursos virgens e fósseis;
  • Consertar, reusar, recuperar e/ou reciclar todos os materiais ao longo da cadeia de suprimentos;
  • Oferecer serviços aos consumidores que permitam conservar os produtos por mais tempo, como reparos, redesign, roupas de segunda-mão, empréstimo ou troca, a fim de estender a vida útil dos produtos ou materiais;
  • Recuperar produtos indesejados através de esquemas de devolução, a fim de assegurar que estes produtos e seus materiais possam ser reusados e reciclados da melhor maneira possível dentro de um ponto de vista ético, sócio-econômico e ambiental.

Felizmente, muitas empresas já estão começando a incorporar os princípios da moda circular em suas suas coleções, como a própria H&M, que lançou coleções produzidas a partir de material orgânico, ao mesmo tempo em que implementouum esquema de retorno de peças em algumas de suas lojas.

Embora ainda exista um longo caminho a ser percorrido, felizmente já sabemos por onde começar.

Quer saber mais sobre moda circular? Visite os sites Circular Fashion e também da Fundação Ellen MacArthur.

Leitura relacionada: Economia colaborativa na moda: essa onda pega?

Evelise Biviatello

Digital Marketer por profissão, empreendedora por paixão e autora por diversão, atualmente se divide entre Suécia e Dinamarca após ter morado na China e Brasil. É co-fundadora do Trocaria e carrega a missão de conscientizar e inspirar acerca de uma moda mais sustentável e colaborativa.

 

Em resumo

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