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Notas de Conjuntura: 6 de abril de 2025

Nas Notas de Conjuntura, tarifaço de Donald Trump coloca o mundo em situação de estresse. As tendências do futuro são marcadas por fortes incertezas


Estados Unidos: a vitimização a serviço do mal

Donald Trump é um comediante. Líder do show de baixa qualidade e de tons trágicos, ele conta uma piada sem graça ao afirmar que os Estados Unidos são a vítima de paises e imigrantes. Considere esta conclusão ao analisar as justificativas utilizadas pelo presidente do império para adotar o “tarifaço” imposto a 185 países amigos e inimigos, que exploram a “boa fé” do país responsável por guerras, com cerca de 750 bases militares em 80 países ao redor do mundo, e intervenções para derrubar governos e impor interesses de suas grandes corporações.

A piada de mal gosto foi chamar o evento de apresentação das medidas de “Dia da Libertação”. Segundo o presidente, os Estados Unidos foram “enganados” por décadas por países que aplicam tarifas mais altas sobre produtos americanos, o que, na sua visão, prejudicou a economia e os trabalhadores americanos.

“Durante décadas, nosso país foi saqueado, violado e devastado por nações próximas e distantes, aliadas e inimigas igualmente”, declarou.

Como se o império não tivesse poder de impor seus interesses sobre organismos internacionais. Inclusive para promover o embargo ou sanções econômicas de países, como Cuba, Irã, Venezuela e a Rússia. Como se sistemas produtivos, tecnológicos e financeiros, como no caso do Brasil, não fossem dominados por empresas e interesses dos Estados Unidos, defendidos até por políticos brasileiros.

Não colou: vitimismo encontra resistência

O discurso do “Dia da Libertação” não comoveu governantes, lideranças econômicas, a imprensa e nem mesmo o público interno. No país, milhares de manifestantes participaram de protestos contra as políticas de Donald Trump. Os eventos, intitulados “Hands Off!” (tirem as mãos), ocorreram em mais de 1.200 locais nos 50 estados americanos. No exterior, Londres e Paris também tiveram mobilizações.

Os manifestantes criticaram várias políticas adotadas pelo governo, incluindo cortes em programas sociais, ataques a imigrantes e minorias, além da colaboração com Elon Musk. As manifestações foram pacíficas e refletiram um amplo descontentamento com a administração Trump, reunindo uma coalizão diversificada de grupos de direitos civis, sindicatos e defensores de causas sociais.

Cenários: mundo multipolar, recessão e globalização

Especialistas em geopolítica e em relações internacionais identificam um desgaste precoce de Trump. Não será com vitimismo que ele vai conseguir reverter o aprofundamento da crise do capitalismo. A decadência do sistema vai tirar os Estados Unidos do papel de única força global.

Até mesmo a imprensa começa a bater no governo, apelidando o “Dia da Libertação” de “Dia da Inflação”. Matéria publicada pelo site da CNN dos EUA desqualifica “a metodologia por trás da tentativa de Trump de reequilibrar o comércio”. Diz o texto que o governo usou um cálculo grosseiramente simplificado.

Muitos veículos de comunicação internacionais expressaram ceticismo sobre as medidas, argumentando que as tarifas podem desencadear uma guerra comercial global, aumentar a inflação e prejudicar a economia dos EUA e de outros países. A China, o principal alvo das ações do governo estadunidense, anunciou a aplicação de tarifas adicionais de 34% sobre todas as importações provenientes dos Estados Unidos, como resposta direta à iniciativa de Donald Trump, que impôs a mesma alíquota sobre produtos chineses no início da semana.

Donald Trump pode sair do governo com a imagem extremamente afetada. Entre outros argumentos, porque há uma possibilidade de crescimento da inflação e recessão em todo o planeta. Além dos efeitos econômicos sobre o cotidiano, especialistas apontam para a possibilidade de fortalecimento dos blocos econômicos. Aliados antigos, como a Europa, podem ser estimulados a reconsiderar a relação com a China e a Rússia. É pouco provável que a tendência de criação do mundo multipolar seja revertida.

O maior risco do cenário inclui a possibilidade de que a derrota do “tarifaço” e dos projetos trumpistas resulte na busca de outra modalidade de conflito. No caso, da guerra econômica para o uso das armas.

MOVIMENTO DOS ATORES

Extrema direita

Gravações flagraram o senador Ciro Nogueir, do PP do Piauí, reunido com representantes do mercado financeiro. Reconheceu que Lula não deixará de ser candidato à reeleição. A conversa girou em torno do tema das alternativas para a volta de bolsonaristas e da extrema direita ao poder.

Adolescência

Em Caxias do Sul (RS), adolescentes atacaram uma professora a facadas. Dois meninos e uma menina. O comportamento dos meninos ao assumir a responsabilidade pelo crime surpreendeu o delegado responsável pelo processo.

Comportamento revelador da dissonância cognitiva em expansão, emprego e empregados com garantias de direito são mais um alvo de preconceitos de classe. CLT é ofensa utilizada por crianças e jovens com o objetivo de diminuir alguma pessoa. Alguém xingado de CLT não tem sucesso, em resumo.

Trabalhadores de entrega

Milhares de motoboys que atuam em aplicativos de entrega realizaram uma greve nacional nos dias 31 de março e 1º de abril. Os atos tiveram como principal pauta o aumento da taxa mínima por entrega e do valor pago por quilômetro rodado. Foi a maior mobilização desde 2020. 

Imprensa

Os veículos de comunicação continua a esconder o genocídio promovido por Israel contra os palestinos. A expulsão da população da Faixa de Gaza cresce, com requintes de crueldade. E Nethanyahu será recebido por Donald Trump para novos acertos de parceria.

ACONTECIMENTOS

Bolsonaro segue em liberdade total para atacar as instituições

O ato liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo, dia 6, para pedir anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, reuniu ao menos sete governadores bolsonaristas que defendem perdão aos condenados. Foi mais um evento sem novidades, com a presença de manipuladores da alienação humana. Foi menor do que as expectativas dos organizadores, reunindo entre 45 mil e 50 mil pessoas.

Bolsonaro utilizou o palanque para defender a própria inocência. Inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente repete a defesa para uma eventual candidatura para 2026.

Israel: o estado genocida segue sem controle

Pelo menos 44 palestinos foram assassinadas em bombardeios israelenses em Gaza neste domingo, dia 6. A naturalização do genocídio promovido por Israel foi marcada pela morte de 15 trabalhadores de emergência no sul de Gaza em 23 de março. O comboio de ambulâncias da Sociedade do Crescente Vermelho Palestino (PRCS), um carro da ONU e um caminhão de bombeiros da Defesa Civil de Gaza foram atacados perto de Rafah.

Protestos pró-Palestina tomam as ruas do mundo

Neste domingo, dezenas de milhares de marroquinos foram às ruas para protestar contra a ofensiva israelense em Gaza, direcionando sua indignação especialmente ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, principal apoiador mundial de Israel.

O ato principal aconteceu em Rabat, capital do país, atraindo cerca de 1 milhão de pessoas, segundo o site Middle East Eye.

Os argelinos realizaram uma grande manifestação em solidariedade à Palestina, exigindo que seu exército se levante para libertar a Faixa de Gaza.

AGENDA

São Paulo sedia nesta semana, entre os dias 7 e 10 de abril, um dos maiores encontros do campo progressista mundial: a conferência Dilemas da Humanidade: Perspectivas para Transformação Social para discutir saídas para a atual crise do capitalismo. Mais de 70 intelectuais, líderes políticos e de movimentos sociais de todo o mundo estarão reunidos no evento que acontecerá na PUC-SP e no Sesc Pompeia e será aberta ao público.

A conferência é organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social e a Assembleia Internacional dos Povos (AIP).

INDICADORES

Três em cada 10 entregadores de comida se alimental mal

Os entregadores de comida por aplicativos do Rio de Janeiro e de São Paulo têm que lidar com a fome e alimentação inadequada. Uma pesquisa realizada pela organização não governamental Ação da Cidadania mostrou que 32% deles vivem algum grau de insegurança alimentar. A pesquisa Entregas da Fome constatou que 13,5% enfrentavam insegurança alimentar moderada (quando há redução na quantidade e qualidade dos alimentos) ou grave (quando há escassez de comida para todos os membros da família). A taxa é maior do que a média nacional (9,4%).

Considerando-se apenas a insegurança alimentar grave, que popularmente é conhecida como fome, 8% deles enfrentavam o problema.

56,7% trabalham todos os dias, 56,4% trabalham mais de 9 horas por dia, 72% não contribuem com a Previdência e 41% já sofreram acidentes de trabalho.

99% dos entrevistados afirmaram que pagam, do próprio bolso, o plano de dados móveis para o uso do aplicativo de entregas, 93,4% não têm seguro para o aparelho celular, 90,6% não possuem seguro de vida, 90% trabalham sem seguro saúde e 67,6% nem sequer pagam seguro do veículo usado nas entregas.

Futurista aposta na inteligência artificial superior à humana

O que significará viver livre dos limites do nosso corpo? Quem nos tornaremos se a nossa mente puder ser arquivada e replicada? Como lidaremos com os riscos inerentes a uma tecnologia tão incrivelmente poderosa?

Para o futurista, inventor e guru do tecno-otimismo Ray Kurzweil, as inovações das próximas décadas mudarão a vida humana para sempre: mais potente que a orgânica, a inteligência artificial se fundirá com o cérebro biológico, expandindo enormemente a nossa consciência e as nossas capacidades cognitivas. Kurzweil prevê, ainda, uma era de abundância.
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Publicação do Radar do Futuro, circula nos domingos.

Produzido pelos jornalistas Carlos Plácido Teixeira e Heraldo Leite

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