Pesquisadora brasileira tenta aprovação de nanosensores com os órgãos reguladores, como o FDA. Tecnologia de nanômetros também auxilia no desenvolvimento da química analítica.
Utilizada nas mais diversas áreas da ciência, a nanotecnologia é de extrema importância para oferecer soluções que, além de colaborar na qualidade de vida das pessoas, também busca alcançar curas e tecnologias que ressignificam a vida humana. A nanotecnologia é o estudo de coisas pequenas, geralmente com menos de 100 nanômetros de tamanho e que não são vistas a olho nu. Para se ter uma ideia, um fio de cabelo possui cerca de 70.000 nanômetros, e a nanotecnologia trabalha com elementos bem menores.
O conceito de nanotecnologia foi citado pela primeira vez em 1959 quando o físico norte-americano Richard Feynman já falava sobre uma tecnologia que manipularia átomos e moléculas, resultando em algo que não seria possível ser enxergado pelo homem. O termo só foi estabelecido nos anos 1990 e daí por diante os estudos da área começaram a avançar.
Atualmente, possuímos alguns importantes pesquisadores brasileiros que usam a nanotecnologia para conquistar avanços em áreas cruciais como a saúde. Priscila Kosaka, integrante do grupo “Pesquisadora ComFuturo (IMN-CSIC)”, criou um nanosensor que pode detectar o câncer nos pacientes antes mesmo do surgimento de sintomas, sem realizar nenhum procedimento invasivo, apenas analisando materiais sanguíneos. A pesquisadora criou o nanosensor em 2015 e relata que nestes últimos dois anos mais avanços foram encontrados.
“Estamos com projetos dedicados a descobrir biomarcadores específicos ao desenvolvimento do câncer em sangue usando o nosso nanosensor. Agora estamos centrados no câncer de mama, leucemia e câncer de pulmão, mas em um futuro queremos ampliar nossa lista de biomarcadores para outros tipos de câncer. Também estamos usando o mesmo nanosensor para a detecção do HIV. Já conseguimos um limite de detecção impressionante de apenas 10 ag/mL. Com essa sensibilidade temos potencial para reduzir a fase indetectável após infecção com HIV para apenas uma semana”, celebra Priscila.
A cientista está há seis anos na Espanha desenvolvendo sua pesquisa com nanosensores e, em parceria com empresas privadas, tenta aprovação com órgãos reguladores como CLIA e FDA para que o nanosensor chegue ao mercado no prazo de cinco anos. Priscila acrescenta que escolheu o país espanhol, pois precisa de uma estrutura muito bem projetada, além de uma equipe muito bem qualificada de engenheiros, físicos, químicos e biólogos, que elevam bastante o custo do estudo.
Ela acredita que o Brasil ainda precisa avançar mais em algumas áreas da nanotecnologia e oferecer mais campo aos pesquisadores. “Aqui, além dos projetos financiados pelo governo espanhol e pela comunidade europeia, também temos projetos com a Associação Espanhola de Combate ao Câncer (AECC) e um projeto muito interessante da Fundación General CSIC, chamado Com Futuro, que conta com a ajuda de empresas privadas. Acredito que minha pesquisa, em particular, não poderia ser realizada no Brasil, pelo menos por hora”, completa.
Como a nanotecnologia impacta na química analítica?
As duas ciências estão fortemente envolvidas e se complementam para apresentar avanços nas áreas em comum como a instrumentação nanotecnológica, nanometrologia, nanodispositivos e nanosensores que estão diretamente conectados com as ciências analíticas. Priscila também destaca outras vertentes em que os químicos analíticos podem desempenhar um papel importante, são elas: experiência para estudar os impactos ambientais e toxicológicos da nanotecnologia, desenvolvimento de processos industriais para a preparação de nanopartículas homogêneas, puras e bem caracterizadas e nanomedicina, em áreas como o desenvolvimento de nanosistemas para aplicações como medidas in vivo ou na caraterização e monitoramento de produtos farmacêuticos nanoestruturados.
De olho neste mercado, em setembro, a feira Analitica Latin America terá o inédito espaço NanoSoluções, realizado em parceria com a Nano Trade Show. O local tem como objetivo apresentar as últimas novidades em produtos e serviços relacionados à nanotecnologia. Este espaço surgiu da necessidade de oferecer ainda mais soluções para quem visita a feira, contribuindo para a sinergia dos dois setores, o que resulta em grandes negócios.
Um dos expositores que estreia no espaço é a Vonder, que apresentará um de seus novos lançamentos voltados à limpeza especializada, manutenção de tratamento e impermeabilização de diversos tipos de superfícies, agregando a nanotecnologia para um maior poder de limpeza em superfícies, desde a limpeza especializada e trabalhos de finalização na construção civil, até mesmo em tarefas diárias e corriqueiras na limpeza residencial ou comercial.
“A Linha de Limpeza e Impermeabilização da Vonder é prática e reúne moderna tecnologia biodegradável com fórmulas inteligentes, pH neutro e base d’água, identificando as moléculas de sujidade a serem removidas, sem iniciar um processo de oxidação da peça ou superfície. O diferencial da nanotecnologia é que o produto possui partículas muito pequenas que penetram onde outros produtos não alcançam e, por isso, oferece um poder de limpeza avançado com resultados muito melhores ao trabalho e resultado desejado”, explica Elisângela Durães, gerente de marketing da Vonder.