Carlos Teixeira
Jornalista e futurista I Radar do Futuro
Paralelo ao movimento exponencial de transformações geradas pela revolução digital na sociedade nos mercados, o marketing passa por um momento de transição. No setor profissional, saem de campo os estudos comuns sobre comportamentos genéricos, com foco em grandes grupos econômicos e populacionais. Também sai a publicidade que mirava uma mosca com um tiro de canhão, em campanhas de alto custo focadas na mídia tradicional.
Na era de transformações da profissão, a proposta é identificar o alvo de forma certeira. Os dados são a matéria prima da nova fase do capitalismo global. Há uma nova demanda de perfil do especialista, garante o professor de marketing e empresário Leandro Camargo, CEO da agência b8x.
Com experiência combinada em salas de aula e atividades empresariais, ele não tem dúvida de que o profissional de marketing atual e do futuro será muito mais pragmático e focado em conteúdos que estão disponíveis ou que trafegam pela internet. “Todas as suas decisões serão baseadas em dados”.
A atividade sucumbe às novas tecnologias, que já mudaram o cenário e as ferramentas de análise de informações e criação de estratégias das empresas. Do diretor ao analista de marketing, todos precisam rever crenças sobre o que representa a atuação no segmento. A habilidade para resolução de problemas complexos é uma das principais para o novo “marquetólogo”.
A capacidade de análise, por sinal, lidera a lista de principais habilidades exigidas pelo mercado nos próximos anos, segundo um levantamento do Fórum Econômico Mundial (WEForum, da sigla em inglês). Na prática, a instituição que reúne anualmente, em janeiro, as principais autoridades econômicas, políticas e sociais do planeta, coloca em evidência a importância das competências de leitura do ambiente para o desenvolvimento de inovações estratégicas.
Mudanças
Leandro Camargo acredita que cresce o espaço que separa o perfil do profissional de marketing do passado em relação ao de hoje. Nos tempos do mundo analógico, produzido com máquina de escrever, papel, caneta e calculadoras HP, a produção de conhecimento estratégico apresentava alta dependência de consultores. E de pesquisas quase sempre caras demais para 99% das empresas.
“Apenas as grandes corporações podiam fazer medições de resultados”, atesta Camargo.
Daí, é possível entender que o marketing do passado recente fosse marcado por muita intuição e por tentativas e erros. Na linha do tempo da atividade, que se posicionou como alternativa de estratégias entre as décadas de 1980 e 1990, a profissionalização da gestão das empresas é relativamente recente. Inclusive com a crença de que as ações de marketing se resumem a publicidade e venda.
O marketing mudou com a própria evolução das tecnologias. Com experiência empresarial, o professor Leandro Camargo atesta que a grande diferença entre as teorias e práticas do passado e as atuais foi construída com a evolução da internet, responsável pela grande revolução também no cotidiano do pessoal das estratégias. Agora, há o acesso à multiplicidade de oferta de dados e informações.
Rumo a novos modelos de negócios, compatíveis com a quarta revolução industrial, a profissão ganhou novos contornos, com a perspectiva de valorização da capacidade de análise. Na prática, avalia Camargo, a separação entre os mundos “off line” e “on line” foi eliminada. O marketing analógico, teorizado por gurus como Philip Kotler, ganhou o irmão gêmeo, o marketing digital, que, de acordo com o professor, “revolucionou, revoluciona e revolucionará o consumo”.
Novo mercado consumidor
O acesso a dados muda tudo, em síntese. É evidente que, a disponibilidade de conhecimentos possibilita insights mais relevantes para o desenvolvimento de campanhas sob modelos diferenciados, inteligentes e direcionados.
O especialista deve considerar que toda interação feita por um conteúdo com um cliente é uma oportunidade de construir um relacionamento. O que vai levar, adiante, à concretização de compras ou de uma decisão que fortalece vínculos com as marcas.
O acesso à informação por parte dos consumidores é, para o professor Leandro Camargo, o grande diferencial entre o passado e as novas tendências do marketing. “As pessoas simplesmente têm acesso a tudo”, diz o especialista. Daí, o novo comportamento do consumidor que, antes mesmo de chegar em uma loja, sabe exatamente o que vai comprar, o quanto querem, prós e contras e o valor que aceitam pagar.
“Acesso à informação através da internet e das redes sociais foi o fator fundamental das mudanças do comportamento do consumidor, que mudou o marketing”, assinala. Prestar atenção e se antecipar aos movimentos inovadores é a chave da sobrevivência no futuro.
Em resumo