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Futuro da tecnologia da informação: a concorrência do trabalho em equipes

Empresa identifica a diversificação do perfil de profissionais envolvidos com projetos de TI. É futuro da tecnologia da informação em processo de mudança

Reunião de quatro pessoas em torno de uma mesa, cada um com seu notebook. Foto por Canva Studio em Pexels.com
Foto por Canva Studio em Pexels.com

Consultoria brasileira de serviços de tecnologia da informação, a Iteris constata, desde o ano passado, um aumento substancial da faixa de idade das contratações de estagiários em seus programas de seleção. No ambiente frequentado tradicionalmente por pessoas na faixa entre 16 e 22 anos, matriculados em cursos de ciências da computação, os treinamentos têm a presença cada vez maior de representantes de idades acima de 28 anos, com graduação completa em outras áreas.

TENDÊNCIAS
O trabalho em TI
Squad – produção baseadas em
equipes multidisciplinares
Concorrência de especialistas de
outras áreas de conhecimento
Usuários conhecem
suas demandas e soluções

Engenheiros civis e químicos, administradores de empresas, profissionais de marketing, psicólogos e cientistas sociais são algumas das especialidades, dentro e fora das ciências exatas, que passam a ver boas oportunidades de ascensão profissional na TI. Marcelo Santos, sócio-fundador e vice-presidente de Services & People da Iteris, com mais de 30 anos de experiência no setor, avalia tendência de mudança de perfil como uma tendência de mudança do mercado. Não apenas como um fenômeno momentâneo.

Há, atualmente, uma adaptação das demandas, o que leva a uma ‘seniorização‘ — envelhecimento — dos estagiários. “O júnior se tornou o novo pleno”, afirmam os executivos da empresa. As empresas de tecnologia tendem a ser cada vez mais receptivas aos candidatos que utilizam os seus conhecimentos em outras áreas para a aplicação em projetos de tecnologia da informação. Por trás disso está a palavra “squad“, que define um novo modelo de produção, baseado em multidisciplinariedade.

Atualmente, para mudar de carreira, os profissionais mais velhos estão apostando nas vagas de estágio como novo recomeço profissional. E a figura do estagiário mais jovem já não faz mais parte do cenário do mundo atual, e os paradigmas de antigamente estão sendo quebrados para um novo rumo à aceitação. Mas há algo mais: ao contrário do que acontecia até alguns anos atrás, as demandas de digitalização de processos administrativos e produtivos são originadas e definidas pelos setores internos das empresas. O que muda a rotina do desenvolvimento de novos sistemas de informática.

Mudanças de processos

A tendência sinaliza a evolução dos sistemas de produção e da formação de profissionais em áreas de computação. Testemunha dos primeiros momentos do histórico da informatização de empresas e do ambiente de trabalho, Marcelo Santos lembra como os especialistas do setor eram tidos como “nerds”, pessoas com inteligência cima da média, obcecados no trabalho. De fato, retornando a 1980, programadores de computadores viviam num mundo à parte. Dominavam linguagens complexas para o desenvolvimento de softwares, para aplicações específicas, que rodavam em grandes máquinas, os mainframes.

O lançamento do primeiro computador pessoal moderno, em 1981, pela IBM, abriu a era da criação da cultura de substituição de equipamentos tradicionais de produção por softwares. De uma hora para outra, até o final da década de 1990, trabalhadores de escritórios, prestadores de serviços, profissionais liberais e mesmo operários em fábricas passaram por um processo de convencimento sobre as vantagens do uso de sistemas digitais. Ao invés da máquina de escrever, o Word. No lugar das anotações em papel, planilhas Excel.

O papel desempenhado pelo cientista da computação incluiu, então, a “evangelização”, o exercício de argumentação sobre as vantagens do uso de sistemas informatizados. Entre os trabalhadores mais antigos, não há quem não tenha um exemplo de um dia em que aparecia um “sujeito da informática” dizendo que iria desenvolver um “sistema para substituir o método de trabalho utilizado pelos funcionários do setor”. Ele levantava as informações necessárias e “sumia por um tempo”, até chegar com as soluções que seriam implantadas, encomendadas pelo “departamento de informática”.

A partir do início do século, o trabalhador não só lida com as tecnologias, mas também deseja a informatização de suas atividades. O antigo “evangelizador” passou a esbarrar em pessoas que já conheciam as suas necessidades. A entrada dos nascidos digitais, o contingente nascido a partir de 1985, que cresceu com a evolução dos computadores e a entrada da internet em cena, impacta as atividades dos desenvolvedores de soluções para os ambientes corporativos. “Hoje o usuário sabe o que quer”, atesta Marcelo Santos.

Diversificação

O processo de aprofunda agora, sinalizando a necessidade de reposicionamento dos futuros profissionais das áreas de TI. Uma das variáveis é a que graduados em outras áreas migram para o setor de tecnologia, em busca de novas oportunidades. Ou porque percebem que eles mesmos podem ser os geradores de soluções para atividades de onde vieram. Segundo um relatório da empresa de consultoria empresarial McKinsey, 75 milhões a 375 milhões de trabalhadores podem precisar mudar de categoria ocupacional e aprender novas habilidades.

Dados do relatório How Robots Change the World da Oxford Economics indicam que mais de 8% da força de trabalho de manufatura global deve ser substituída por robôs até 2030. Em cerca de 60% das ocupações, mais de 30% das atividades podem ser automatizadas nos próximos dez anos, segundo a McKinsey. Há demanda de fato, mas a entrada no mercado de gerações que cresceram já programando vai definir o surgimento de novos cenários desafiadores.

Para o executivo da Iteris, o mercado e as instituições de ensino deverão encontrar novos modelos de preparação das futuras gerações de especialistas em tecnologia da informação. Inclusive que leve em conta a expansão das contratações de pessoas com formações diferenciadas ou, mesmo, preparados em cursos de curta duração.

Confira a entrevista

Marcelo Santos
sócio-fundador e vice-presidente de Services & People da Iteris

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