Confira algumas das tendências que impactam o futuro da fisioterapia, profissão que tende a ter mais demanda diante dos impactos da Covid-19
Elisângela Orlando
Jornalista de profissões do futuro
Em 2017, quando minha irmã me contou que minha sobrinha Helena tinha escolhido ser fisioterapeuta, comemorei muito. O uso de tecnologias para realizar diagnósticos mais precisos, a possibilidade trabalhar em novos locais, como em assessorias esportivas, centros de treinamento físico e, até mesmo, em grandes empresas tornavam a fisioterapia uma profissão com futuro bastante promissor.
Até então, ninguém imaginava que uma pandemia global colocaria em xeque muitas previsões feitas antes de 2020, principalmente no Brasil. O avanço do número de casos de Covid-19 no Brasil e a quantidade insuficiente de vacinas para imunizar toda a população ainda neste ano, desencadeou uma série de incertezas, inclusive no campo profissional.
Nem no cenário mais pessimista, era possível imaginar que o país mergulharia em uma crise social, política e econômica tão profunda quanto à que enfrenta hoje. Mas de que forma isso pode impactar a escolha pela carreira de fisioterapeuta? A princípio, pode parecer que não há relação entre uma coisa e outra, mas ela existe e vou explicar o porquê.
Entre oportunidades e ameaças
Antes de o novo coronavírus contaminar milhões de pessoas em todo o mundo, o crescimento da procura por fisioterapeutas era certo. E muito promissor, graças ao envelhecimento da população, que era tido como certo devido aos avanços da medicina e à melhoria da qualidade de vida. Nesse contexto, o aumento da demanda por serviços prestados por fisioterapeutas é natural, uma vez que os idosos são um dos públicos principais desses profissionais.
É provável que essa previsão se mantenha especialmente nos países ricos, pois os indivíduos devem continuar a ter acesso a tratamentos de ponta e a terapias que garantem bem-estar durante a velhice. É possível prever isso, uma vez que essas nações devem se recuperar com mais rapidez, ampliar os investimentos em pesquisas científicas e reforçar o atendimento na área da saúde.
O mesmo, entretanto, não deve ocorrer em países menos desenvolvidos, como o Brasil. Profissionais da saúde terão de se adaptar às condições sociais de um país pobre. Por aqui, a população ainda deve sentir, por muito tempo, os efeitos do aumento do desemprego e da diminuição abrupta da renda.
Para ajudar a família, muitos idosos continuarão a trabalhar. E parte dos que já tinham se aposentado deve voltar à ativa. Sem dinheiro para pagar as despesas mais básicas e dependente de um sistema público de saúde que vem sendo desmontado pelo próprio governo federal, essa parcela da população terá pouco ou nenhum acesso a tratamentos como a fisioterapia.
Ainda que o fisioterapeuta tenha um papel importante para assegurar o bem-estar físico de pessoas acometidas por doenças que costumam ser mais comuns com o avançar da idade, tais como artrose, hérnia de disco e doenças neurológicas, será difícil pagar pelos serviços desses profissionais. Mas não significa que as oportunidades não existirão.
Ao contrário, até mesmo a pandemia coloca novas necessidades de tratamento. Mais de um ano de pandemia já deixou evidente que a infecção pelo novo coronavírus pode deixar efeitos respiratórios, cardiológicos e neurológicos. Os fisioterapeutas serão essenciais para o tratamento desta população.
Futuro da fisioterapia na reabilitação da Covid-19
Muita gente não sabe, mas os fisioterapeutas são alguns dos profissionais que atuam na linha de frente do enfrentamento à Covid-19. Como o pulmão é um dos órgãos mais prejudicados pela doença, a fisioterapia tem sido essencial para o tratamento de reabilitação dos pacientes.
Quem conseguiu vencer a doença também pode precisar dos cuidados desses profissionais, principalmente para recuperar a capacidade motora e respiratória. Os tratamentos podem durar poucas semanas ou até meses, dependendo da condição de cada paciente e de suas necessidades particulares.
Uma das principais conquistas nesse período foi a autorização para que os fisioterapeutas atendam de forma remota. Em tempos de distanciamento social, o teleatendimento tem sido importante para acolher e orientar pacientes. Especialistas na área acreditam que a tendência é que, no futuro, haja um modelo híbrido de atendimento, combinando o online com o offline.
A possibilidade de realizar o tratamento de forma não presencial pode ajudar a reduzir os preços das sessões e ampliar o acesso das camadas mais pobres da população esses serviços. Portanto, antes de tomar uma decisão, é preciso avaliar se vale a pena ingressar na área nesse momento.
Em resumo