CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro
Sob um calor intenso, que chega próximo aos 50ºC, com probabilidade de chuvas com ventos de alta intensidade, na segunda metade da década os engenheiros são pressionados a incorporar as melhores técnicas de sustentabilidade nas moradias e prédios comerciais. A pandemia do início da década também acelerou as transformações na atividade. Do planejamento à execução das obras, processos, materiais e técnicas de construção avançados são utilizados para atender as exigências de usuários que se alarmam com os efeitos das mudanças do clima.
O cenário das construções privadas e públicas é, na realidade, de notícias favoráveis para os que têm vocação real pela atividade e aceitam correr riscos como empreendedores. A crise climática, mudanças no sistema de trabalho, com a larga adoção do home office e novos modelos de convivência representam, no final das contas, a oportunidade, diante da premência de construção e adaptação de imóveis antigos e novos às demandas.
A adaptação significa, inclusive, a consciência sobre a possibilidade de utilizar novos materiais, como os que resultarão de avanços da nanotecnologia. A evolução das inovações tecnológicas, com poder algumas vezes maior do que a disponível no final da década de 2010, propicia a aplicação plena dos conceitos de casas e cidades inteligentes. A implantação de estruturas específicas para demandas de internet das coisas, assistentes pessoais e sistemas inteligentes de decisão, entre outras, vai gerar a necessidade de implantação de infraestrutura específica.
Evolução
Do ponto de vista de mercado de trabalho, os próximos anos para os profissionais de engenharia civil não serão muito diferentes do que foram as últimas décadas, especialmente no Brasil. A tendência é de repetição de crises ou baixo crescimento, entre uns poucos ciclos de expansão do ambiente econômico interno e, consequentemente, da demanda pelos profissionais.
O recado a ser dado a quem pensa em seguir a atividade ou se reposicionar no mercado é de que tenha certeza sobre a vocação. Afinal, o futuro será repleto de novas emoções, incluindo ameaças e oportunidades.
A sociedade continuará precisando dos serviços de engenheiros. Mesmo que o ritmo de crescimento da população diminua, que as famílias sejam menores e com mais idosos. Mesmo que a inteligência artificial seja capaz de processar todos os cálculos necessários para erguer um prédio. As pessoas continuarão comprando imóveis.
Apesar dos saltos de velocidade da internet e de seu impacto no comércio eletrônico, vamos recorrer a lojas físicas. E os habitantes também vão continuar a se deslocar entre cidades, demandando obras viárias, de saneamento e instalação de infraestrutura, especialmente de telecomunicações.
A profissão do engenheiro civil terá, em 2025, baixo risco de automação. Considerando as suas diversas funções, o risco não passa de 2%, segundo o estudo “O Futuro do Emprego: Quão suscetíveis são os empregos para a informatização?”, de Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne. As principais defesas do profissional estão vinculadas ao relacionamento humano necessário na gestão de etapas como planejamento e acompanhamento do canteiro de obras.
Tendências: futuro da engenharia civil
Confira algumas das principais tendências que impactarão a profissão nos próximos anos até 2025:
Oportunidades
Há novos campos em processo de desenvolvimento para engenheiros civis, relacionados com questões como sustentabilidade ambiental, eficiência energética, instalação de novas tecnologias, entre outros. Além de implantação de novos projetos há também o desafio da modernização das estruturas atuais para as novas tecnologias.
Mudanças demográficas
Até 2025, novos arranjos das estruturas familiares, de trabalho e de produção vão estimular a adaptação dos projetos de imóveis. Um exemplo, com forte desemprego e desregulamentação da economia, além da evolução das tecnologias, inclusive os sistemas de comunicação, salas pequenas perderão a serventia, podendo ser adaptadas para novas funções.
Adequação de espaços
Com a experiência acumulada durante a pandemia, cada vez mais trabalhadores estarão desempenhando suas atividades individualmente, vivendo a necessidade de cortes de custos. O trabalho em casa será, então, uma questão de sobrevivência no ambiente de alta competição.
Investimentos em infraestrutura
O esvaziamento do papel do estado no final da década atual vai resultar na decadência da infraestrutura disponível, a não ser que uma improvável recuperação da economia atraia grandes investidores. De qualquer forma, projetos de expansão ou adequação terão de ser realizados em algum momento no curto prazo para possibilitar a introdução das inovações tecnológicas, como a internet das coisas.
Tecnologia aplicada em tudo
Os saltos das inovações tecnológicas de 2025 vão demandar obras em vários segmentos. Sistemas de controle de trânsito e de segurança pública, prédios comerciais e casas inteligentes, indústrias adaptadas para automação e robótica tendem a manter em movimento o mercado de obras privadas, principalmente.
Uma das novas tecnologias estratégicas da engenharia do futuro é a fornecida por vidros fotovoltaicos integrados que podem ajudar os edifícios a gerar sua própria eletricidade. Cimentos que se regeneram são outro exemplo dos materiais que tendem a ser incorporados aos projetos gerenciados pelos engenheiros.
Processos de produção e gestão
O cotidiano dos engenheiros civil será influenciado pelo uso de ferramentas geradas pelas inovações, como a inteligência artificial, capaz de agilizar a análise de dados disponíveis nas redes. Uma das tendências que tende à consolidação é o uso de sistemas de Building Information Technology, novo conceito de modelagem e projetos de construção que utiliza a tecnologia para compatibilizar projetos. Igualmente como o BIM, a realidade aumentada (RA) é uma tendência para construção civil que tem se tornado realidade. Através da RA é possível passear dentro de um modelo de um empreendimento, permitindo assim, inspecionar os projetos em busca de erros e ajuda nas vendas na hora de mostrar para o cliente como será o resultado.
Novos materiais
Os materiais usados na construção tendem a evoluir, seja por conta da evolução de inovações ou para atender novas demandas, como questões ambientais. A preocupação com o desenvolvimento sustentável está na agenda central dos próximos anos. Também a busca contínua por matérias-primas eficientes e com baixo custo de extração.
Fazem parte do conjunto de materiais em ascensão no campo da engenharia civil os tijolos de lã, as telhas solares, o concreto sustentável e as janelas de vidros triplos. Além desses itens, o isolamento de papel, feito sobretudo, a partir de material reciclado, é uma tecnologia cujo uso tende ser cada vez maior nas obras de todos os tipos e tamanhos.
Sustentabilidade
O desenvolvimento sustentável, ou seja, a busca pelo equilíbrio entre a preservação ambiental e o crescimento socioeconômico vai ampliar as exigências de adequação do mercado de engenharia civil. de custo-benefício.
Confira também:
- Futuro da engenharia: Cinco tecnologias que mudam a construção
- Oito tendências do futuro da engenharia
- Os empregos que a crise climática vai gerar
- Home office deve gerar mudanças em projetos de casas e escritórios
Fique por dentro das novidades do Radar do Futuro
Inscreva-se abaixo
Em resumo