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Em 2036, aos 80 anos longevidade rima com vitalidade

Descobertas científicas e as tecnologias disponíveis favorecem as chances do grupo de idosos compartilhar recordes de longevidade na próxima década

CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro

Ao comemorar, com velhos amigos, em 4 de junho de 2036, os 80 anos de vida bem vivida, Antônio reforça a expectativa de chegar aos 110 anos com a mesma disposição e alegria daquele dia. “Faltam só 30 anos”, dizia para todos os parentes e amigos, com a disposição que só os otimistas podem ter. “E conto com a presença de vocês para a festa”, completava, brindando com mais um copo de sua pinga preferida. 

“Vitalidade é sinônimo de Antônio”, repetiam os amigos. “Os 80 são os novos 60”, completavam. A genética pessoal favorável, cuidados diários seguidos com algum rigor, avanços em descobertas científicas e as tecnologias disponíveis favorecem as chances da turma de idosos compartilhar recordes de longevidade em festas. “Agora”, garante o idoso, “há mais razões para apostar em uma velhice prolongada e saudável do que dez anos atrás”. A evolução das forças favoráveis à longevidade tende a continuar se impondo. Pelo menos para alguns grupos.

Na década de 2030, tratamentos para demências, especialmente para Alzheimer, e para os cânceres evoluíram, finalmente. Estudos avançados sobre biomarcadores mais comuns no sangue, por exemplo, tiveram resultados surpreendentes com o desenvolvimento do poder de computação e da inteligência artificial. O acesso a dados e as análises de máquinas e especialistas contribuíram para a compreensão de segredos da longevidade, que beneficiam Antônio nos seus 80 anos.

Um dia em 2036

Em sua casa no interior do estado, isolada e, ao mesmo tempo, integrada a todo o mundo pela internet 8G, Antônio e a esposa, Janette, de 76 anos, mantêm uma rotina de equilíbrio de atividades serenas e descomplicadas com a vitalidade de seus sonhos. O dia começa com uma sessão de yoga guiada pelos assistentes virtuais de cada um. São companheiros onipresentes.

A virtualidade é mais real do que nunca. A tendência de miniaturização e “o desaparecimento” dos objetos físicos se impuseram desde a década passada. Não existe mais uma Alexa em cantos da casa, como a gente via em 2025. Há a invisibilidade das máquinas. Ninguém usa mais aparelhos celulares. O acesso a redes depende apenas de um chamado, como fazíamos com a Alexa no passado, para interagir com todos nós. 

A tecnologia é uma aliada na busca por bem-estar. Todas as rotinas pessoais, inclusive preparo do café da manhã e das outras refeições, são programadas por sistemas de inteligência. O critério mais importante da alimentação é, agora, o valor nutritivo, associado aos efeitos sobre a saúde. Prazeres do fast food ou das bebidas passaram a ser secundários diante do desejo de viver. Só mesmo em datas extraordinárias. Alimentos ultraprocessados foram banidos recentemente. McDonalds faliu, para a alegria de todas as gerações saudáveis.

Vida longe, mas perto

Após o alongamento matutino, monitorado por roupas conectadas a redes, Antônio e Janette encontram o café da manhã nutritivo pronto, de acordo com as recomendações personalizadas de cada um. Como se estivesse sentado diante deles, um dos três netos, morador na Holanda, participa do ritual. Um colega tailandês do menino também se integra à roda de conversa. Cada um falando em seu idioma, com tradução automática das vozes. 

À tarde, Antônio dedica boas horas à sua paixão mais recente: o estudo. Atualmente, a matemática é o assunto principal. Derivadas e integrais. Na semana passada era a filosofia. A tecnologia descomplicou o aprendizado. “Meu tio-avô, que viveu até os 106, em uma época em que as pessoas morriam bem mais cedo, dizia que o segredo da longevidade é o aprendizado contínuo”, conta o novo octagenário. 

A crença nos efeitos da busca por conhecimentos coincide com o momento em que o mundo vive, também, a tentativa de resgatar a humanidade da inteligência. Ou a inteligência do ser humano, colocada em segundo plano no período em que as pessoas achavam que a inteligência artificial seria capaz de tudo. 

Curiosamente, em 2036 as pessoas estão mais presas em suas casas, em seus casulos, mas as interações com amigos e familiares espalhados por todos os continentes foram ampliadas. É comum acompanhar, como se estivessem presentes, os passeios dos familiares pelo mundo. O turismo tem uma nova forma, como a diversão das noites do casal. Eventos gastronômicos também acontecem, como concessões ao paladar, para quem se comporta bem com a dieta diária. 

Em resumo

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