Carlos Teixeira
Jornalista – Futurista
Sensores inteligentes e big data darão uma nova dinâmica para o comércio no futuro de curtíssimo prazo. Sob a influência de forças exponenciais, em especial nas lojas de tijolo, do mundo físico, o comércio precisa se preparar para a concorrência crescente no mercado, mudanças de hábitos dos consumidores e para a introdução de tecnologias nos processos de comercialização.
A avaliação é de Cleber Piçarro, CEO da Nérus, empresa especializada softwares de gestão de varejo. Ao participar de um evento voltado a convidados da Associação Comercial de Minas (ACMinas), ele reforçou a percepção de que há uma falta de consciência sobre o real estado dos avanços e dos impactos das tecnologias. Na prática, diz o executivo, o empresário está sendo forçado a compreender que o cenário requer mudanças de posturas.
Ao mesmo tempo, o comerciante convive com pressões para que adote inovações, sem um verdadeiro conhecimento sobre as alternativas de investimentos em tecnologias. Ele apenas reage ao fato de que o consumidor já chega preparado para a compra, com informações sobre o que pretende comprar, seja sobre características dos produtos ou preços. Mas a tecnologia não é algo percebida de forma natural. Ao contrário, há sempre um risco de mitificação das inovações.
Efeitos da mitificação
O estímulo dado aos investimentos em ferramentas de business intelligence (BI) nos últimos anos foi um desses casos em que a mitificação excessiva gerou frustrações. Muitas empresas passaram a ter enormes volumes de informações, mas nenhum preparo para lidar com elas. “O único segmento da sociedade a se beneficiar dos dados gerados foi o dos governos”, ironiza Cléber Piçarro.
Questionar os mitos e as expectativas sobre a atual sofisticação tecnológica disponível é, por sinal, uma preocupação do executivo da Nerus. “Embora haja um excesso de valorização da inteligência artificial, por exemplo, ainda não existe um sistema que resolva todos os problemas do empresário”, assinala. Na prática, avalia o executivo da Nérus, prevalesce um desconhecimento muito forte sobre as tecnologias. Com diferenças de avaliação que devem ser levadas em conta.
O que não deve ser visto como sinal de relaxamento diante dos desafios do futuro. No cenário atual, é verdade que o grande varejo está incorporando novas estratégias baseadas em inovações, enquanto o médio e o pequeno comércio ainda estão distantes. O varejo pequeno tem futuro como nicho, com a busca de especialização em segmentos como calçados femininos para crianças, para senhoras de idade, para o público masculino. O grande varejo vai responder às pressões de atualização tecnológica para sobreviver à concorrência.
Tendências centrais
“Big data, nuvem e omnichannel são as três tendências que vieram para ficar no varejo” avalia Cléber Piçarro, para quem a inteligência artificial ainda é uma tecnologia cercada pelos tais mitos, mesmo que já existam recursos que poderiam já estar melhor explorados. No estágio atual, há poucas aplicações práticas para que o empresário se sinta motivado a deixar a intuição como principal recurso das decisões.
Atendendo o varejo de médio porte, de 10 a 100 lojas, entre 30 e 500 milhões de reais de faturamento, para móveis, eletros, materiais de construção e magazines, a Nérus se posiciona como empresa prestadora de serviços para um segmento dos mais desafiados. O comerciante típico não tem os recursos do grande varejista para investir em tecnologias e não é um pequeno que age apenas com sua intuição.
Para Piçarro, o setor depende da capacidade de investir no conceito de ominichannel, a proposta de “integração do on e do off“. O consumidor faz a consulta pela internet e vai à loja para realizar o negócio. Além disso, o momento é de utilização da capacidade de análise dos dados disponíveis em big data, que vão possibilitar ao varejista agir de forma mais inteligente do que faz hoje. O empresário precisava contar muito com a intuição. Teremos mais sistemas de análise de dados que efetivamente informações disponíveis.
No caso da Nérus, isso significa, por exemplo, reforçar os sistemas de recomendações, que aplicam as ferramentas de inteligência artificial. São tecnologias que identificam produtos relacionados. Se o consumidor pede o produto A, quais os relacionados com ele. A tecnologia consegue automaticamente oferecer produtos complementares, alternativos. Em uma empresa com 20 mil ou 30 mil artigos em estoque, o sistema faz o cruzamento automaticamente.
Vez dos sensores
Outro foco que deve ser experimentado envolve sensores de passagem, que identificam quem entrou e quem saiu de uma loja. O sistema consegue avaliar o perfil do consumidor para oferecer produtos de forma personalizada. Os recursos possibilitam direcionar promoções ao cliente conforme seus interesses imediatos, necessidades e recomendações, mapeadas a partir das suas experiências de consumo, cujo histórico fica registrado no sistema.
“Tudo isso representa a oportunidade de se diferenciar no mercado, se antecipando às necessidades e demandas e surpreendendo o cliente, de forma proativa, dinâmica e personalizada”. Com o uso da inteligência artificial, o índice de acerto entre produto ofertado e forma de apresentação será mais compatível “ao gosto do freguês”. “Isso já se mostra mais palpável no comércio eletrônico, mas no varejo físico ainda é uma novidade e uma importante carência a ser sanada”, pontua Piçarro.
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