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Brasileiros não acreditam que escolas estão preparadas para ensino a distância

Comunicação entre alunos e pais com escolas é um dos desafios a superar para a efetivação da educação a distância

Pesquisa aponta que a a adoção do sistema de educação a distância requer a superação de entraves

Carlos Plácido Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro

A experiência forçada pela pandemia deixou claro que a adoção do ensino a distância (EaD) não é tão simples como muitos propagandistas da ideia afirmavam. Há desafios a resolver no caminho que envolve de interesses de vendedores de soluções tecnológicas e pedagógicas e empresários do setor e os alunos. Entraves como estudantes sem acesso à internet, por conta da má distribuição de renda do País, até a falta de habilidades específicas de professores, que não passaram por qualquer forma de treinamento antes de assumir novas funções diante de alunos na internet, ficou provado que a maturidade do sistema de EaD ainda demandará um tempo.

Estudo realizado pela Code7, empresa de softwares para comunicação entre marcas e consumidores, confirma a comunicação entre instituições e a comunidade de pais e alunos foi uma das dificuldades de curto prazo a superar. Segundo a pesquisa, que avaliou os impactos da brusca mudança na rotina de pais, alunos, educadores e instituições de ensino em todo o país, cerca de 85,5% dos pais brasileiros não acreditam, ou acreditam parcialmente, que as escolas estão, de fato, preparadas para atender e ensinar seus filhos com metodologias de educação online em razão da pandemia do novo coronavírus.

Ao ouvir 647 pessoas, sendo 450 pais que possuem um ou mais filhos matriculados em escolas públicas (55,44%) e privadas (44,56%), as instituições de ensino obtiveram nota 6, em uma escala de 0 a 10, no quesito eficiência na comunicação com pais e estudantes. O WhatsApp foi apontado como o principal canal de diálogo com a escola, aparecendo em 54,66% das respostas. Os problemas de comunicação com as instituições de ensino e falta de capacitação dos professores para aulas online são os principais desafios para as famílias neste momento.

Maturidade

O otimismo em relação à evolução do EaD estava se fundamentando na expansão das matrículas em cursos universitários a distância. Era uma aposta das instituições de ensino superior. O relatório do Censo da Educação Superior, publicado pelo Inep em 2018, mostrou que o número de cursos EAD cresceu 50% em relação a 2017 e as vagas de educação a distância superaram as de cursos presenciais pela primeira vez desde 2008. Ao todo, foram registradas 7,1 milhões de vagas e 3.177 cursos nesta modalidade.

Hoje, é possível afirmar com tranquilidade que o EAD no Brasil não para de crescer e a expectativa é que cresça cada vez mais. Pesquisas realizadas por instituições independentes apontavam projeções de que, em 2023, mais alunos estarão matriculados em um curso EaD do que um curso presencial. Hoje, o ensino superior a distância no Brasil já chega a 26% do número total de alunos. Mas, uma coisa é você colocar para jovens interessados em fazer uma universidade a possibilidade de participar de um curso sem necessidade de deslocamentos. Ou seja, oferecer há possibilidade de um aprendizado em que o aluno assume responsabilidades pessoais. Ou coisa, diferente, são as aulas para adolescentes.

Comunicação falha

O futuro do ensino ensino a distância ainda está em construção. O levantamento realizado pela Code7, que também ouviu as instituições de ensino, mostra que o volume de trabalho em relação à comunicação com os pais aumentou para as secretarias das escolas, que não possuíam ferramentas apropriadas de atendimento para consolidar todos os canais de comunicação em um único portal (conhecidos como omnichannel).

“Alguns colégios entrevistados relataram que sabem que o tempo de resposta é muito longo e está longe de ser satisfatório, mas, com a atual demanda, teriam que aumentar muito ou até mesmo dobrar o número de colaboradores para atender todos os pais de alunos”, explica Roberto Dariva, diretor geral da Code7, que também já atuou como professor de graduação e pós-graduação nos modelos presenciais e 100% remoto.

Quase 70% dos pais concordam com a necessidade de agilidade nos processos de comunicação. Somente 31,61% acham que o tempo de resposta é ótimo, enquanto 50,52% considera razoável e 12,69% ruim, além dos 5,18% que afirmaram que a escola não responde suas interações. Com a pandemia, os canais de comunicação entre pais e escola também mudaram: mais de 40% dos pais estão satisfeitos com as formas de comunicação atuais, contudo quase 32% gostaria de se comunicar por WhatsApp. Outros 25,39% gostariam de usar aplicativos educacionais, enquanto a comunicação por voz ainda é desejada por mais de 20% dos entrevistados. O e-mail já é usado por 34,20% dos pais e responsáveis, com mais 13,47% reforçando que desejam utilizar esse canal.

O relatório da Code7 aponta também que, para 59,33% dos entrevistados, a escola poderia tornar a experiência do ensino à distância ainda melhor oferecendo mais suporte aos pais sobre como gerenciar os filhos em casa com aulas online, enquanto 49,74% acreditam que a experiência poderia ser aprimorada com a capacitação dos professores para aulas no ambiente digital.

O documento reforça ainda os diferentes impactos que o ensino remoto trouxe de acordo com a classe social das famílias. “Observamos que as famílias com maior poder aquisitivo tiveram facilidade para se adaptar às aulas online porque proviam de celulares e computadores de qualidade. Porém, as famílias com menor poder aquisitivo, novamente sofreram por não possuir os equipamentos necessários”, conclui Dariva. O estudo também traz as recomendações de especialistas no ensino à distância para as escolas aprimorarem os pontos negativos destacados pelos pais de alunos entrevistados.

Leia a pesquisa completa aqui.
Sobre a Code7


Em resumo

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