Cresce o número de primeiros universitários da família
Ministério da Educação
O Brasil vem assistindo a um fenômeno histórico: um em cada três formandos são os primeiros dentro da família a conquistarem o diploma de nível superior. Segundo dados do questionário socioeconômico do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), 35% dos formandos que participaram do exame e que responderam à pesquisa afirmaram ser o primeiro integrante da família a concluir uma faculdade.
Hoje, os programas de acesso ao ensino superior do Ministério da Educação (MEC) registram inúmeras histórias de superação, como a trajetória de José Cleison da Silva. Nascido no distrito de Itágua, em Campos Sales (CE), ele foi adotado ainda pequeno por um casal de agricultores e passou boa parte da infância entre a lavoura e a escola.
Aos 14 anos decidiu mudar a sua realidade. “Eu não tinha perspectiva de mudanças na família, nem nada se eu continuasse ali, só trabalhando na roça. Eu não ia ter nenhuma grande transformação de vida. Então, eu decidi que ia estudar medicina. Falei com a mãe e o pai que ia parar de trabalhar na roça e ia dedicar os últimos três anos do ensino médio só para estudar.”
José Cleison conta que foi traumático deixar os pais na lavoura, já idosos, para seguir os estudos. Mas, as horas na biblioteca passaram a ser o seu maior estímulo e, três anos depois, veio a conquista: uma bolsa integral de estudos pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) no curso de medicina em Juazeiro do Norte (CE). “Abre a mente para você quebrar aquela barreira que se tinha de que pobre não pode estudar, pobre não chega na universidade. A partir do momento que você vê um conterrâneo seu chegando lá, isso serve de estímulo e é retirada essa barreira. Porque, na verdade, quem vai fazer faculdade é você. A própria seleção do ProUni é altamente concorrida. Pra eu conseguir a bolsa na época eu fiz 96% da prova do Enem. Você tem que estudar pra conseguir.”
Atualmente, Cleison trabalha no Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab). O programa do Ministério da Saúde incentiva médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas a atuarem na atenção básica nos municípios com carência de profissionais em áreas de extrema pobreza e periferias das regiões metropolitanas. Nos últimos doze anos, o MEC criou mais de cinco milhões de vagas nas universidades em todo o país. O Sistema de Seleção Unificada (SiSu), que oferece vagas a candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nas instituições públicas de educação superior, também cresceu.
Para este ano, o programa vai ofertar 228 mil vagas. Já o ProUni vai destinar 203 mil bolsas de estudo em todo o país em 2016. O programa é responsável pela oferta de bolsas de estudo integrais e parciais de até 50% nas universidades particulares, aos alunos da rede pública que fizeram o Enem.