Antecipando o futuro: IA, novas tecnologias e seus impactos na Justiça da era digital nos próximos anos
Heraldo Leite
Em um dia ensolarado de 2030, a Avenida dos Advogados pulsava com a energia de dois profissionais que simbolizavam as transformações da advocacia no século XXI. De um lado, estava Carlos, um advogado experiente de quase 60 anos, formado na década de 80. Do outro, Ana, uma recém-formada com um frescor digital que contrastava com a bagagem de seu colega.
Carlos, leitor voraz, era conhecido por sua oratória cheia de humor e citações de autores clássicos. Ana, tida como nerd, conhecida por abordagem mais técnica e objetiva. E citações de leis e códigos na ponta da língua.
Carlos, com sua vasta experiência jurídica, também era respeitado por sua habilidade em argumentação e conhecimento profundo das leis. No entanto, a tecnologia parecia um obstáculo em sua carreira. “A tecnologia avança rápido demais“, desabafou ele em um café próximo ao tribunal. “Essas novas ferramentas de inteligência artificial, como as que ajudam a prever resultados de casos e automatizar petições, são desafiadoras para mim.“
Ele se referia a sistemas que já estavam revolucionando o setor jurídico, permitindo que assistentes virtuais realizassem tarefas repetitivas e oferecessem análises preditivas sobre litígios.
Ana, por outro lado, navegava com facilidade entre plataformas digitais. Com seu registro recém-adquirido na OAB, ela já utilizava ferramentas de LegalTech (ver abaixo) para oferecer serviços personalizados aos seus clientes. “A IA é uma aliada poderosa“, comentou Ana enquanto ajustava sua tela holográfica para acessar uma base de dados jurídica. “Com a ajuda dessas tecnologias, posso analisar milhares de documentos em minutos e preparar estratégias jurídicas baseadas em dados concretos.” Para ela, a automação não substituía o advogado; ao contrário, liberava tempo para se concentrar em questões mais complexas.
O contraste entre os dois advogados refletia uma mudança maior no panorama jurídico. Os tribunais estavam adotando sistemas de IA que facilitavam o acesso à justiça e tornavam os processos mais ágeis.
A Justiça do Trabalho, por exemplo, implementou um assistente virtual que ajudava na triagem de casos simples, permitindo que juízes se dedicassem a disputas mais complicadas. Enquanto isso, escritórios de advocacia estavam se transformando em hubs tecnológicos onde advogados e máquinas colaboravam para otimizar serviços e reduzir custos.
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À medida que o dia avançava, Carlos e Ana se encontraram em uma audiência. Enquanto Carlos apresentava seus argumentos com eloquência tradicional, Ana utilizava seu tablet para acessar informações relevantes em tempo real.
Carlos percebeu que as tecnologias não eram inimigas; elas poderiam ser ferramentas valiosas se ele estivesse disposto a aprender. Ana entendeu que a experiência de Carlos era insubstituível e que o conhecimento adquirido ao longo dos anos ainda tinha um peso significativo nas decisões judiciais.
Assim, na Avenida dos Advogados em 2030, o futuro da profissão não era apenas sobre quem dominava mais as tecnologias ou quem tinha mais experiência; era sobre como integrar esses mundos distintos para criar uma prática jurídica mais eficiente e acessível.
A história, com seus tons ficcionais e a obviedade entre experiência e inovação, não contempla o que atualmente já está disponível para profissionais enquanto tribunais avançam tecnologicamente.
O que é Legaltech
Legaltech é a abreviação de “Tecnologia Legal” e se refere ao uso de tecnologia para melhorar os serviços jurídicos.
A Legaltech pode ser aplicada em diversas áreas do Direito, como:
- Gestão de escritórios de advocacia
- Assinatura eletrônica
- Análise de precedentes judiciais
- Previsão de resultados de casos
- Otimização de estratégias legais
- Extração e monitoramento de dados públicos
- Mediação, arbitragem e negociação
A IA e o trabalho dos advogados
Em 2030, a rotina de um advogado será profundamente influenciada pela presença do advogado virtual, um profissional que utiliza a inteligência artificial (IA) para otimizar seu trabalho e oferecer serviços mais eficientes. A IA desempenha um papel crucial em várias áreas da advocacia, transformando não apenas a forma como os advogados operam, mas também a experiência dos clientes. Esta lista foi elaborada de acordo com o site Migalhas – um site notícias jurídicas do Broadcast Político da Agência Estado.
- Automação de Tarefas: A automação de tarefas repetitivas, como revisão de documentos e gerenciamento de prazos, permite que os advogados se concentrem em atividades mais estratégicas e que agreguem valor ao cliente. Essa mudança resulta em economia de tempo e redução de erros humanos.
- Análise de Dados e Jurisprudência: Ferramentas de IA são capazes de analisar grandes volumes de dados rapidamente, identificando padrões em decisões judiciais. Isso não apenas auxilia no desenvolvimento de estratégias mais assertivas, mas também aumenta as chances de sucesso em processos judiciais, uma vez que a IA pode sugerir jurisprudências relevantes em segundos.
- Assistência na Redação de Documentos: Sistemas inteligentes ajudam na elaboração de petições e contratos, sugerindo termos e cláusulas padronizadas. Essa assistência acelera a produção de documentos e garante maior qualidade nas entregas.
- Gestão de Riscos e Compliance: A IA também se destaca na monitorização de mudanças regulatórias, identificando potenciais riscos jurídicos. Essa função é especialmente valiosa para departamentos jurídicos corporativos que precisam lidar com normas complexas e em constante atualização.
- Atendimento ao Cliente: Chatbots jurídicos inteligentes estão revolucionando o atendimento ao cliente, respondendo a dúvidas simples e triando demandas antes de encaminhá-las para advogados humanos. Isso melhora a experiência do cliente e torna o atendimento mais ágil.
- Previsão de Desfechos Processuais: Com base em dados históricos, a IA pode prever litígios potenciais, ajudando empresas a se prepararem melhor para situações adversas. Essa capacidade analítica fornece informações mais precisas para a formulação de estratégias jurídicas eficazes.
A integração da IA na advocacia não só moderniza os serviços prestados como também redefine o papel do advogado no ambiente digital. Em um mundo onde as tecnologias estão cada vez mais presentes, os advogados do futuro precisarão desenvolver habilidades que vão além do conhecimento técnico do Direito, incluindo uma compreensão profunda das ferramentas digitais disponíveis.
O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) divulgou um relatório recente, revelando um aumento de 26% no uso da IA nos tribunais nacionais em relação a 2022. A pesquisa analisou 94 órgãos judiciais e identificou 140 projetos em diferentes estágios de desenvolvimento, reforçando a tendência de digitalização e modernização da Justiça.
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Em resumo