Diferentemente dos outros setores do agronegócio, o setor florestal possui características que ultrapassam as diferenças de cultivos
Vinicius Sousa
Engenheiro florestal – Customer Success Specialist da AIKO
As florestas e os produtos oriundos delas são cada vez mais importantes para a economia nacional e mundial. Recentemente, um grupo formado por sete grandes empresas do agronegócio brasileiro criou a Biomas, empresa de reflorestamento que pretende, em 20 anos, reflorestar uma área equivalente ao estado do Rio de Janeiro. Ações como essa demonstram como, em um cenário de médio e longo prazo, o setor florestal conquistará cada vez mais espaço.
A nova empresa tem meta de alcançar, em duas décadas, uma área de 4 milhões de hectares de matas nativas protegidas em diferentes biomas brasileiros, como Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Desses 4 milhões, 2 milhões corresponderão a restauração de áreas degradadas a partir do plantio de aproximadamente 2 bilhões de árvores nativas.
Em 2021, a área total de árvores plantadas no Brasil foi de 9,93 milhões de hectares, um crescimento de 1,9% em relação a 2020. Entre as espécies, 75,8% da área é composta pelo cultivo de eucalipto, com 7,53 milhões de hectares, e 19,4% de pinus, com aproximadamente 1,93 milhão de hectares. Certamente, o aumento de área cultivada por reflorestamento exigirá das empresas uma atenção cada vez maior nas ações de proteção florestal. Esse conjunto de ações, focadas em controlar, prevenir e manejar os agentes que causam danos às florestas, está se tornando atividade cada vez mais importante e mecanizada na silvicultura.
Diferentemente dos outros setores do agronegócio, o setor florestal possui características que ultrapassam as diferenças de cultivos. Diferenças essas, principalmente, de negócio. Colheita em períodos mais longos; produto com valor agregado baixo (em comparação com demais commodities) e alto custo operacional da mecanização são algumas características que tornam o negócio um verdadeiro desafio para as empresas e gestores.
Contudo, a crescente mecanização das operações de silvicultura, incluindo as de proteção florestal, trouxe um ganho significativo em produtividade e segurança operacional. Segundo dados do Levantamento do Nível de Mecanização na Silvicultura (IPEF, 2020), a média de presença de tratores primários nas empresas é de 38%.
E é unânime, entre os gestores das áreas de silvicultura, os ganhos que a mecanização proporciona. Porém, ela torna o controle dos custos um desafio ainda maior para as empresas e os gestores. Fica, portanto, o questionamento: como podemos aumentar o percentual de mecanização das operações de silvicultura e ainda manter o equilíbrio dos custos em níveis competitivos?
São vários os caminhos de resposta para essa pergunta. Entretanto, qualquer que seja o escolhido, a tomada de decisão parte das análises de dados fornecidos pelos controles de processos. Bem como a mecanização dos processos de silvicultura, a digitalização dos controles das operações também representa, ao final, ganhos de produtividade e segurança.
Portanto, as empresas que buscam aumentar a produtividade e segurança por meio do emprego de máquinas nos processos de proteção, devem se atentar também ao emprego das plataformas digitais de controle dos processos. Uma base de dados saudável e confiável faz parte de uma tomada de decisão otimizada e precisa.
Como comentado anteriormente, o setor florestal possui características que o diferenciam dos demais setores do agronegócio. Nesse sentido, sistemas digitais de controle das informações das operações precisam ser desenvolvidos pensando no modelo de negócio florestal. É preciso, junto às empresas e especialistas da área, buscar o equilíbrio entre um sistema que atenda os níveis de confiança de dados e, ao mesmo tempo, proporcione equilíbrio do custo-benefício para não onerar ainda mais os crescentes custos operacionais.
O sucessivo aumento das áreas de reflorestamento no Brasil é tendência para os próximos anos, que exigirá das empresas e gestores um olhar atento às atividades de proteção florestal – cada vez mais mecanizadas. Controles digitais dos processos são ferramentas essenciais para a tomada de decisão ágil e precisa. Porém, é preciso que nós, empresas de Tecnologia da Informação, consigamos fornecer soluções que atendam ao modelo de negócio florestal. Essa é a receita para uma parceria duradoura e sustentável.