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Startups são fundamentais para inovação na agropecuária

Institutos federais como a Embrapa, órgãos estaduais e universidades reconhecem a importância das parcerias para ganhar agilidade. Foto por John Lambeth em Pexels.com
Institutos federais como a Embrapa, órgãos estaduais e universidades reconhecem a importância das parcerias para ganhar agilidade. Foto por John Lambeth em Pexels.com

André Julião 
Agência FAPESP

A ciência e a tecnologia foram fundamentais para a agropecuária brasileira quadruplicar sua produtividade nos últimos 40 anos – no mesmo período o uso da terra para esse fim aumentou apenas duas vezes. Para cumprir a expectativa de produzir 40% de todo o alimento do mundo até 2050, sem aumentar a área ocupada, porém, será preciso agregar novas tecnologias. E o caminho para isso já está sendo trilhado.

A conclusão é de participantes do sexto episódio do programa Ciência Aberta de 2019, lançado na terça-feira, 10 de setembro, com o tema “O Rural na Era Digital”. Participaram do debate Claudia Maria Bauzer Medeiros, professora do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e membro da coordenação do Programa FAPESP de eScience e Data Science; Leonardo Afonso Angeli Menegatti, engenheiro agrônomo, pesquisador e CEO da InCeres – sistemas para agricultura de precisão; e Silvia Maria Fonseca Silveira Massruhá, pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária.

“As startups estão vindo para a área do agro para fazer inovação no campo porque institutos federais como a Embrapa, órgãos estaduais e universidades precisam dessa parceria para ganhar agilidade”, disse Massruhá.

A pesquisadora citou dados de um estudo lançado no dia 30 de agosto, pela Embrapa e outras instituições, segundo o qual existem hoje no país 1.125 startups voltadas para a agropecuária.

“Até pouco tempo, havia cerca de 500 dessas empresas. Elas vão ajudar a mostrar para o mundo que o Brasil pode continuar a ser uma referência na agricultura sustentável nos próximos anos”, disse a pesquisadora.

Sustentabilidade

As novas tecnologias do campo estão em toda a cadeia produtiva, de internet das coisas (IOT, na sigla em inglês), passando por novos softwares, hardwares até o uso de grandes bancos de dados (big data) coletados por sensores, satélites e drones.

“Sustentabilidade é uma palavra-chave em agricultura hoje. E a agricultura digital tem muito a agregar à rastreabilidade, ajudando a comprovar que aquela é uma produção sustentável. E o mundo quer saber se estamos usando bem os recursos”, disse Menegatti, cuja empresa é apoiada pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE).

Segundo o empresário, sensores de solo, por exemplo, podem tornar possível rastrear o alimento que chega à mesa, dando ao consumidor uma garantia de procedência da produção e até mesmo dos insumos e métodos de cultivo empregados – uma exigência cada vez maior do mercado.

Algumas iniciativas estão ajudando a colocar o Brasil no mapa da inovação no campo. Uma delas é a Fazenda Areão, área experimental da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq-USP). Por meio de uma parceria com empresas, a fazenda é hoje totalmente conectada, com dados sendo coletados o tempo todo para aprimorar as novas tecnologias.

Já na Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna (SP), foram instaladas startups que levaram vários tipos de sensores, estações agrometeorológicas e dispositivos para medir e melhorar a produtividade do solo, fazer correlações entre o clima e a lavoura, entre outros.

A Embrapa teve ainda aprovado recentemente um projeto no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para uso de IOT na integração entre plantação de grãos, floresta e gado de leite, em que novas tecnologias serão testadas diretamente nas fazendas dos produtores rurais.

“Além das iniciativas experimentais, há grandes produtores no Brasil usando essas tecnologias. Grupos grandes, com altíssimo nível de informatização, cobrindo desde a coleta dos dados, passando por equipamentos, sensores e até algoritmos que estão sendo desenvolvidos para otimizar toda a cadeia produtiva”, disse Medeiros.

Para os especialistas, embora ainda haja uma resistência natural em realizar mudanças no modo de trabalhar, principalmente entre pequenos agricultores, a chegada da internet via smartphones faz com que a nova geração do campo esteja cada vez mais aberta a inovações.

O episódio “O Rural na Era Digital” de Ciência Aberta teve a participação de alunos da Fatec Jacareí, da USP, da Universidade Federal do ABC (UFABC) e de interessados que se inscreveram para participar do programa.

Ciência Aberta é uma parceria da FAPESP com o jornal Folha de S. Paulo. O programa é apresentado por Alexandra Ozorio de Almeida, diretora de redação da revista Pesquisa FAPESP.

O novo episódio pode ser visto em www.fapesp.br/ciencia-aberta, na página da Agência FAPESP no Facebook e no YouTube e no site da TV Folha.

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