Radar do Futuro
O ano de 2021 será um ano ainda com muitos desafios para o mercado de maneira geral. Mesmo quando houver vacina, vamos continuar com muitas restrições e seguiremos com baixa interação física. A expectativa é de Carlos Busch, administrador de empresas com ampla formação em áreas de negócios no exterior. O raciocínio leva em conta uma comparação do desempenho esperado com o 2019, e não com 2020. Por este parâmetro, o resultado ainda será de retração.
Alguma recuperação de fato deve — ou pode — ocorrer a partir de 2022, avalia Busch, que também é colunista do MIT Technology Review Brasil e executivo do mercado de CRM. Um estudo da McKinsey, uma das principais consultorias de negócios do planeta, reforça a a tese de que o próximo ano será de retração se comparado a 2019. Mesmo em um cenário positivo de crescimento de 5% em 2022, o setor de moda não terá revertido os prejuízos acumulados nos tempos de pandemia.
Para o executivo, quem quiser prosperar neste 2021 que está chegando, deve focar em quatro pontos fundamentais. O primeiro, assinala, é o reconhecimento de que ainda haverá uma baixa circulação de pessoas pelos ambientes comerciais, na comparação com os “tempos normais”. Portanto, a demanda por consumo em lojas físicas e online tende a ser ainda inferior, principalmente no primeiro semestre.
Desta forma uma questão fundamental em que os executivos devem investir é entender o perfil dos seus consumidores e trabalhar nas demais variáveis da equação de vendas. Ou seja, se antes o varejo, por exemplo, trabalhava com 5% de conversão, agora deverá investir mais tempo em análise e experiências dos consumidores, buscando aumentar este percentual.
Empresas que investirem mais em relacionamento, análise de dados e experiência com seus consumidores serão as protagonistas de 2021, pois hoje vivemos a Era da Inteligência e não mais a era da Digitalização.
Outro fator fundamental, como terceiro ponto de destaque, para a nossa sociedade, principalmente em decorrência da entrada de novas gerações e pelo momento social que todos vivemos, é o propósito. Cada vez mais os consumidores irão se questionar qual o impacto que aquela marca estará retornando a sociedade, qual o propósito da mesma, qual o sendo de apoio e justiça que aquela marca representa nos tempos atuais. Quem tiver de fato um propósito alinhado com os desejos da sociedade, e de fato realizar de forma verdadeira, terá um grande apoio adicional dos seus consumidores e do mercado de maneira mais ampla.
Com todo o contexto da pandemia em 2020, o ano de 2021 trará ainda uma posição de menos consumo por parte das pessoas, agregando ainda conceitos de reutilização consciente de produtos e assim por diante. Logo o volume do desejo pela compra por si será também menor.
E o último ponto é com base no diferencial competitivo que as marcas e empresas trarão com o uso da tecnologia. Uma jornada mais integrada, compartilhando informações pertinentes ao consumidor (para ter a atenção do mesmo) com uso de marketing digital, oferta de mais conveniência são alguns dos bons usos que a tecnologia poderá trazer e diferenciar para as empresas. “E o melhor é que, hoje, estes recursos tecnológicos estão disponíveis para qualquer tamanho de empresas. Pequenas ideias podem fazer grandes mudanças”, finaliza.