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Os dez desafios para a saúde em 2021, segundo a OMS

crop man putting medical mask on face of ethnic child
A OMS listou 10 itens que devem ser enfrentados para vencer os desafios de saúde em 2021: construir solidariedade global é um dos principais

Paulo Schueler
Fiocruz – Bio-Manghuinhos

A Organização Mundial de Saúde (OMS) listou os 10 principais desafios de saúde para o ano de 2021. De acordo com a OMS, “2020 foi um ano devastador para a saúde global. Um vírus até então desconhecido correu ao redor do mundo … revelando as inadequações dos sistemas de saúde”. Ainda segundo a entidade, “em outro golpe, a pandemia ameaça atrasar o progresso da saúde global conquistado a duras penas nas últimas duas décadas – no combate a doenças infecciosas, por exemplo, e na melhoria da saúde materno-infantil”.

A OMS listou 10 itens que devem ser enfrentados para vencer os desafios de saúde em 2021:Construir solidariedade global para a segurança da saúde mundial

A instituição afirma que trabalhará com os países “para melhorar sua própria preparação para pandemias e emergências de saúde”. Para que isto seja eficaz, ela afirma que irá alavancar as parcerias existentes e criar novas “para construir uma força de trabalho global de emergências em saúde que treine e padronize a assistencia médica e a saúde pública de alta qualidade”. A OMS planeja ainda estabelecer um biobanco “globalmente negociado para compartilhar materiais patogênicos e amostras clínicas para facilitar o rápido desenvolvimento de vacinas e medicamentos” e compartilhar informações precisas “para proteger as populações de ‘infodemias'”, termo criado pelo Unicef para designar as campanhas de desinformação e fake news.

  • Acelerar o acesso a diagnósticos, vacians e medicamentos para a COVID-19

“Uma das principais prioridades em 2021 será continuar nosso trabalho nos quatro pilares do ACT-Accelerator, para alcançar o acesso equitativo a vacinas, diagnósticos e tratamentos seguros e eficazes”, afirma a OMS, segundo a qual estes produtos “serão a chave para acabar com esta primeira fase aguda da pandemia e resolver as crises econômicas e de saúde que ela causou”.

As metas para o ACT-Accelerator em 2021 incluem a distribuição de 2 bilhões de vacinas, 245 milhões de medicamentos e o fornecimento de kits de diagnóstico para 500 milhões de pessoas nos países de baixa e média renda.

  • Saúde de qualidade para todos

“Uma das lições mais claras que a pandemia nos ensinou é a consequência de negligenciar nossos sistemas de saúde”, ressalta a OMS, que planeja duas iniciativas para efetivar melhorias neste sentido: a implementação de um novo programa de atenção primária à saúde a ser ofertado aos países-membros e a oferta de uma ferramenta que ajude as nações a identificarem serviços de saúde essenciais, “para garantir que as mulheres possam parir com segurança, que as crianças possam ser vacinadas e que as pessoas possam ser diagnosticadas e tratadas”.

Para aprimorar este trabalho, a OMS informa que lançará “campanha para fortalecer a força de trabalho global em saúde em 2021, o Ano do Trabalhador de Saúde e Assistência”.

  • Combater desigualdades em saúde

“A pandemia COVID-19 chamou a atenção para as profundas disparidades que persistem entre os países e mesmo dentro de cada um deles, algumas das quais estão exacerbadas”, alerta a OMS.

Portanto, segundo o organismo, “em 2021 usaremos dados atualizados e nos basearemos nos compromissos internacionais para promover a cobertura universal de saúde e abordar os determinantes mais amplos da mesma. Trabalharemos com os países para monitorar e abordar as desigualdades de saúde provenientes de questões como renda, gênero, etnia, vida rural remota ou em áreas suburbanizadas, educação, condições de ocupação/emprego e deficiências”.

Para a OMS, é fundamental “garantir o acesso equitativo a serviços de saúde de qualidade, bem como nos envolver com outros setores para abordar os determinantes sociais e ambientais da saúde”.

Como exemplo, a campanha de 2021 do Dia Mundial da Saúde (7 de abril) terá como tema a necessidade de uma ação global para enfrentar as desigualdades na saúde.

  • Liderança global a partir da ciência e dos dados

“A OMS irá monitorar e avaliar os mais recentes desenvolvimentos científicos em torno do COVID-19 e além, identificando oportunidades de aproveitar esses avanços para melhorar a saúde global”, informa a entidade, antes de complementar: “fortaleceremos a relevância e eficácia de nossas funções técnicas para fornecer ao mundo as melhores recomendações baseadas em evidências para saúde pública em questões que variam do Alzheimer ao Zika”.

  • Revitalizar esforços para combater doenças transmissíveis

A instituição afirma que, nas últimas décadas, trabalhou “resolutamente para acabar com o flagelo da poliomielite, do HIV, da tuberculose e da malária, e para evitar epidemias como as de sarampo e febre amarela”.

Segundo a OMS, a COVID-19 “atrasou grande parte desse trabalho em 2020. Portanto, em 2021 ajudaremos os países a fornecer vacinas contra a poliomielite e outras doenças. Como parte desse esforço, trabalharemos para melhorar o acesso à vacina contra o HPV como parte do novo esforço global para erradicar o câncer cervical”.

Além disso, a OMS afirma que implementará novo “Roteiro de 10 anos para Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs)”, com metas e marcos globais para prevenir, controlar, eliminar e erradicar 20 enfermidades – além de intensificar esforços para erradicar a AIDS, a tuberculose e a malária, e eliminar a hepatite viral até 2030.

  • Resistência aos antimicrobianos

“Os esforços globais para erradicar as doenças infecciosas só terão sucesso se tivermos medicamentos eficazes para tratá-las. Portanto, será vital desenvolver o trabalho que fazemos com nossos parceiros da One Health – a FAO e a World Organization for Animal Health (OIE) – e com as partes interessadas em todos os setores para preservar os antimicrobianos”, ressalta a OMS.

De acordo com o organismo, “o novo Grupo de Liderança Global para Resistência Antimicrobiana se reunirá pela primeira vez em janeiro para discutir maneiras de acelerar as soluções sobre esta questão crítica”.

  • Prevenir e tratar as DCNTs e os problemas de saúde mental

Segundo a OMS, suas últimas Estimativas Globais de Saúde apontam que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) foram responsáveis por 7 das 10 principais causas de morte em 2019. “Em 2020, vimos como as pessoas com DCNTs são particularmente vulneráveis a COVID-19 e como é vital garantir que programas de rastreio e tratamento para doenças como câncer, diabetes e doenças cardíacas estejam disponíveis”.

A OMS informa ainda que em 2021 será elaborado novo Pacto Global das Diabetes e uma campanha para ajudar 100 milhões de pessoas a pararam de fumar.

“Também vimos o impacto devastador da pandemia, do isolamento social e da insegurança econômica sobre a saúde mental das pessoas em todo o mundo”, relata a organização.

  • Uma ‘reconstrução’ melhor

“A COVID-19 tem sido crucial, de muitas maneiras, e oferece uma oportunidade única de reconstruir um mundo melhor, mais verde e mais saudável”, informa a OMS, para quem “nosso Manifesto para uma Recuperação Saudável da COVID-19, com seus objetivos de abordar as mudanças climáticas e a saúde, reduzindo a poluição do ar e a melhoria de sua qualidade, podem desempenhar um papel importante em fazer isso acontecer”.

Em junho ocorrerá uma conferência para apoio à saúde em pequenos Estados insulares e serão fortalecidas as campanhas de recomendação da Comissão OMS-Unicef-Lancet “para garantir um planeta mais saudável para nossas crianças e melhorar a nutrição em todo o mundo – inclusive por meio da estratégia global sobre segurança alimentar”, relata a OMS.

  • Agir de maneira solidária

“Um dos princípios-chave que a OMS enfatiza durante a luta contra a COVID-19 é a necessidade de demonstrar maior solidariedade – entre nações, instituições, comunidades e indivíduos”, defende a OMS.

O organismo indica que dará prioridade a isto em 2021 através de novas iniciativas, “trabalhando com grupos de jovens, fortalecendo e expandindo parcerias com a sociedade civil e o setor privado, e fazendo parcerias com a nova Fundação OMS”.

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