Radar do Futuro
“O ano que vem está assumindo os contornos de uma catástrofe humanitária, e os países ricos não devem atropelar os pobres em uma corrida por vacinas para combater a pandemia de coronavírus”. A previsão sobre o cenário negativo é de autoridades de alto escalão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo matéria publicada pelo site da agência de notícias Reuters. Os executivos constatam as variáveis que já sinalizam os rumos da tragédia. O momento, que combina a pandemia, as medidas adotadas pelos países para tentar conter sua disseminação e seu impacto econômico, provocou um aumento de 40% no número de pessoas necessitadas de ajuda humanitária.
O chefe do Programa Mundial de Alimentos (PMA), David Beasley, afirmou que “2021 será literalmente catastrófico, com base no que estamos vendo a esta altura”, acrescentando que a fome está “batendo na porta” de uma dúzia de países. Ele e o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, falaram durante uma reunião especial sobre a Covid-19, que surgiu na China no final do ano passado e já infectou 65 milhões de pessoas em todo o mundo.
Os representantes da organização avaliam que 2021 tende a ser o pior ano de crise humanitária desde o início das Nações Unidas”, 75 anos atrás. “Não conseguiremos financiar tudo… então temos que priorizar, como digo, os icebergs diante do Titanic”, assinalou David Beasley. O secretário-geral da ONU, António Guterres, e suas principais autoridades também pediram que as vacinas contra Covid-19 sejam disponibilizadas para todos e que os países ricos ajudem países em desenvolvimento no combate e na recuperação da pandemia.
Alertas preocupantes
Na primeira quinzena de outubro, a Organização das Nações Unidas emitiu um outro alerta de que a quantidade de eventos climáticos extremos aumentou dramaticamente nos últimos 20 anos, cobrando um caro preço humano e econômico ao redor do mundo, e devem ser responsáveis por ainda mais estragos. Ondas de calor e secas serão a maior ameaça da próxima década, com temporadas continuando a crescer devido aos gases que retêm o calor, disseram especialistas.
China (577) e Estados Unidos (467) registraram o maior número de desastres entre 2000 e 2019, seguidos por Índia (321), Filipinas (304) e Indonésia (278), afirmou a ONU em um relatório publicado na véspera do Dia Internacional para a Redução de Risco de Desastres. Oito dos dez países estão na Ásia.
Cerca de 7.348 grandes desastres foram registrados globalmente, cobrando 1,23 milhão de vidas e afetando 4,2 bilhões de pessoas, com perdas econômicas de 2,97 milhões de dólares durante o período de duas décadas.
Secas, enchentes, terremotos, tsunamis, incêndios e eventos extremos de temperatura causaram muitos danos. “A boa notícia é que mais vidas foram salvas, mas a má notícia é que mais pessoas estão sendo afetadas pela emergência climática cada vez maior”, disse a Representante Especial para a Redução de Risco de Desastre do Secretário-Geral da ONU, Mami Mizutori, em uma entrevista coletiva. Ela pediu que os governos investissem em sistemas de alerta e implementassem estratégias de reduções de risco.
Debarati Guha-Sapir, do Centro de Pesquisa em Epidemiologia de Desastres na Universidade de Louvain, Bélgica, que forneceu dados para o relatório, afirmou: “Se este nível de crescimento de eventos extremos de clima continuar ao longo dos próximos 20 anos, o futuro da humanidade realmente parece desolador”.
Em resumo