Radar do Futuro
Atento às mobilizações e protestos em países da América do Sul e à expansão dos grupos de extrema-direita no mundo, o diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, defendeu, nesta terça-feira, em Portugal, que a ascensão de nacionalismos e populismos em vários países tem as suas raízes nas frustrações dos cidadãos em relação às condições de trabalho. Guy Ryder foi um dos oradores convidados no congresso anual da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, no Centro de Congressos do Estoril, e a sua intervenção teve como tema “O Futuro do Trabalho e o Papel das Empresas”.
“Globalmente, estamos enfrentando fortes desafios. Em vários países vemos um crescimento de populismo e nacionalismo”, disse o diretor-geral da OIT, acrescentando que, isso tem, “em grande medida, raízes no mundo do trabalho”. Para o executivo da OIT, as expectativas da vida de trabalho não estão sendo atingidas por uma grande parte da população mundial e isso leva-as a procurar uma alternativa, “uma solução simples, mas enganosa […] que tem pouco que ver com os objetivos da OIT” de tolerância e justiça social.
Citando dados de um relatório da OIT divulgado em janeiro, Guy Ryder lembrou que dois em cada 10 trabalhadores, em todo o mundo, vive na pobreza, apesar de ter emprego, e que há 25 milhões de pessoas vítimas de trabalho forçado.
Guy Ryder destacou ainda as mudanças que o mundo do trabalho, devido aos avanços tecnológicos, às mudanças demográficas e climáticas e à globalização, mas sublinhou que é preciso ter cuidado para não se cair na “armadilha” de ter medo que a chamada “quarta revolução industrial” destrua mais postos de trabalho do que os que está a criar.
“Podemos e devemos moldar o futuro [do mundo de trabalho] que todos queremos”, reiterou, acrescentando que nunca acreditou que os objetivos das corporações existam em contradição com as condições das pessoas que nelas trabalham.
Para o futuro, o responsável da OIT defendeu que é necessário investir no reforço da proteção social, nos empregos sustentáveis que contribuam para uma economia neutra em carbono e também nas leis e regulamentos que asseguram resultados acordados em sede de concertação social.
Para tal, defendeu que a Organização Internacional do Trabalho precisa melhorar a resposta à realidade dos negócios, dando como exemplo a importância que o setor privado teve na recuperação da economia portuguesa, depois da crise que começou em 2008. “Portugal demonstrou o sucesso de políticas que resultam de parcerias e diálogos. O exemplo de Portugal e os seus valores têm uma grande importância no mundo”, concluiu.
- Com informações do site JN.PT, de Portugal