Conferência ANPEI de Inovação de 2019, a ser realizado em Foz do Iguaçu, entre os dias 25 e 27 de setembro, avalia revoluções que transformam a sociedade e os mercados.
A inovação é uma ponte entre o presente e o futuro que se caracteriza por ser um processo de transformação de novas ideias em valor. Desta forma, a prática de inovar é o grande motor dos ciclos de evoluções da indústria, mercado e sociedade, e responsável pela maior parte da produtividade, crescimento e desenvolvimento mundial em longo prazo.
Alinhados a este conceito, realizaremos a Conferência ANPEI de Inovação de 2019, com o tema Inovação X.0 – As (Re)evoluções que Transformam Sociedades e Mercados. O termo Inovação X.0 é uma leitura dessa conjuntura em constante progresso e evolução. A enorme velocidade em que ocorrem as mudanças torna o ato de numerar as (re)evoluções quase imediatamente obsoleto, já que o processo assume constantemente novas características. Muito além do conceito de Indústria 4.0, o intuito da conferência é oferecer um olhar que compreenda a velocidade com que o futuro se aproxima.
Outro dia vi um filme institucional da consultoria Deloitte que me chamou muito a atenção pela simplicidade e objetividade da proposta. O filme utiliza uma garotinha (Alex) de 5 anos, que já nasceu no mundo digital, para passar sua mensagem. Em certo ponto, o narrador fala que, provavelmente, ela poderá viver 150 anos e que tudo o que foi desenvolvido nos últimos 150 anos será criado em apenas 15 anos, ou seja, com 20 anos ela verá tantas mudanças como nós vimos na nossa vida inteira.
Ela deverá ter licenças e direitos digitais para produzir suas próprias roupas e seus móveis, comerá alimentos balanceados a partir de nanotecnologia, poderá ter um órgão impresso em 3D implantado por um médico operando remotamente, não precisará dirigir um carro, todas as suas senhas, seguros e pagamentos serão protegidos por blockchain. Além disso, o conceito de emprego ou trabalho que existe hoje mudará radicalmente por causa dos robôs ou dos avanços tecnológicos.
Em resumo, precisamos nos reinventar, mudar nossos modelos de negócios, nossas empresas, nossa forma de trabalhar, ou, do contrário, estamos fadados a ser mais uma estatística de alguma empresa que existiu.
A partir de reflexões como essas e baseados nas experiências de especialistas brasileiros que militam na ANPEI, foram identificados quatro subtemas para compor a grade central da Conferência de 2019:
Inovação em modelo de negócios – Para o empreendedor, a mudança na forma de se fazer negócios tem sido radical. Embora nem toda inovação nos modelos envolvam novas tecnologias, muitas delas foram impulsionadas por reconfigurações de redes de valor. Exemplos recentes são o Uber, Airbnb, Amazon, iFood, Netflix, Nubank e Spotify.
Inovação com base tecnológica – A inovação dos processos tecnológicos é responsável por 80% do valor econômico da sociedade e o grande motor da indústria e do mercado. Algumas inovações, como o desenvolvimento de novos fármacos, têm uma ligação óbvia e direta com pesquisas científicas; outras podem resultar do uso da tecnologia existente de uma maneira nova ou da evolução em campos não relacionados. Alguns exemplos que ilustram este tipo de inovação são os drones, computação em nuvem, veículos autônomos, inteligência artificial ou blockchain.
Inovação de impacto social e ambiental – O avanço tecnológico também altera indiscutivelmente a forma de se relacionar socialmente. São novas formas de trabalho e de contratação de talentos. Por outro lado, as inovações tecnológicas na área da saúde e da medicina têm prolongado a expectativa de vida das pessoas, criando novos desafios para o exercício da atividade profissional na idade madura. É imprescindível o entendimento e envolvimento com essas transformações, ou não será possível prever as tendências mercadológicas. Além disso, o lucro não é a única fonte de motivação dos inovadores. A inovação social nos circunda por toda a parte, e seu principal objetivo é abordar problemas e melhorar os meios utilizados para a solução dessas questões, como a distribuição de renda e o acesso universal a serviços básicos. O compromisso com a sustentabilidade e a preservação dos recursos naturais colocam imensos desafios às org anizações e à sociedade em geral. É aí que entra a inovação. Dentre os diversos exemplos de inovação baseados neste tipo de revolução, ilustramos a Wikipedia e serviços e produtos voltados para a terceira idade.
Ecossistemas de Inovação – A inovação não ocorre de forma isolada e requer um conjunto bastante diversificado de stakeholders. O ecossistema de inovação é composto por todas as instituições envolvidas na produção, difusão e uso de ideias novas. A hélice tripla, composta pelo relacionamento entre governo, indústria e centros de pesquisas, relaciona-se com diversas outras instituições, como agências de fomento, regulação, investidores, startups, organizações não-governamentais, enfim, a sociedade, configurando-se como uma hélice no mínimo quádrupla. Dessa forma, o ecossistema, em sua complexidade, é transversal e conecta todos os outros temas centrais, além de incorporar esta aceleração das mudanças no seu novo formato. Inúmeros são os exemplos de inovações surgidas com base na revolução dos ecossistemas, dentre os quais citamos 22@Barcelona Innovation District, Silicon Valley e Cornell Tech NYC.
Em suma, inovação em modelo de negócios + inovação tecnológica + inovação de impacto social e ambiental + ecossistemas de inovação compõem o ambiente ideal para a troca de conhecimento e de experiências, de modo que possamos estar mais preparados para a Inovação X.0.
- Luís Cláudio Silva Frade, Assistente do Diretor de Gestão Corporativa da Eletronorte, Coordenador do Comitê de Fomento à Inovação da ANPEI e membro do Comitê Técnico da Conferência ANPEI 2019.