Clima e destruição de Gaza por Israel são os assuntos mais relevantes da semana, segundo o levantamento Notas Conjunturais, do Radar do Futuro
CARLOS PLÁCIDO TEIXEIRA
Jornalista Responsável | Radar do Futuro
As altas temperaturas registradas no Brasil neste segundo semestre não são apenas uma onda, um acontecimento eventual provocado pelo El Niño ou alguma força climática semelhante. Calor e chuvas fortes demais são o prenúncio de uma nova fase na história das sociedades do planeta. Os efeitos das mudanças climáticas estão cada vez mais próximos do cotidiano das pessoas. E o calor é apenas um dos problemas.
Dados mostram que até os anos 90, ondas de calor no país eram raras: apenas sete dias ao ano. Agora, ocorrem mais de 50 vezes. Calor supera a meta de 1,5º acima da média. 2023 é o ano mais quente no registro histórico.
Será que a ficha cai?
Parte da atenção do mundo será direcionada para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Depois de mais um ano cheio de eventos climáticos extremos, os líderes mundiais vão discutir o combate às mudanças climáticas em uma grande conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) em Dubai, entre 30 de novembro a 12 de dezembro de 2023.
Será o 28º encontro da COP, evento anual onde governos discutem como limitar e preparar-se para futuras alterações climáticas. Mas as populações não devem esperar muitos resultados das conversas entre as lideranças globais.
Mais que nunca, são os habitantes do planeta que devem acordar.
Sinais de tendências
Acontecimentos relevantes para identificar impactos futuros das altas temperaturas
- Alertas de temporais para São Paulo com possibilidades de ventos de até 100 quilômetros por hora
- ANS aciona usinas térmicas após aumento do consumo de energia por causa do calor. A demanda aumentou cerca de 63%. Estimativa de que a onda de calor vá até abril de 2024, com impactos sobre custos e poluição.
- Brasil aumenta importação de energia da Argentina em meio à onda de calor. Ministro garante que não há crise no sistema
- Focos de incêndio aumentam na região do Pantanal. Produtores de soja identificam mais de 3 mil focos
- Universidade Federal do Mato Grosso suspendeu aulas presenciais, para preservar.
- Cuiabá ficou no topo da lista das cidades mais quentes do país, com temperatura de 41,8% segundo o Inet
Ambiente político
Insanidade – Brasileiros que deixaram a Faixa de Gaza pedem proteção por ameaças sofridas no Brasil
“Saímos da guerra para nos sentir seguros em nosso país, e agora aqui não conseguimos ter segurança, xenofobia, ameaças”, disse Hasan Rabee, que chegou a pedir proteção policial.
Desarticulaçao bolsonarista – Levantamento realizado pela consultoria Quaest confirma a redução da capacidade de mobilização dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. O esvaziamento ficou evidente no dia 15 de novembro, quando a participação foi significativamente menor do que em protestos anteriores.
Ambiente internacional
Civis em Gaza podem morrer de fome – Segundo a ONU, apenas 10% dos fornecimentos alimentares necessários chegam hoje à Faixa de Gaza; situação piora com abrigos lotados e a chegada do inverno. Segundo Cindy McCain, diretora executiva do órgão da ONU “Com a chegada do inverno, os abrigos inseguros e sobrelotados e a falta de água potável, os civis enfrentam a possibilidade imediata de morrer de fome”, afirmou Cindy McCain, diretora executiva do órgão da ONU.
Israel amplia ataques a palestinos – Moradores da Cisjordânia relatam abusos. Com ataques, a tensão se espalha na região, onde mais de 170 palestinos já foram mortos desde o último dia 7 de outubro
Eleição na Argentina 1 – As pesquisas sobre preferências do eleitorado argentino revelam que a disputa é acirrada, sem indicação de possível vencedor. Javier Milei ganhou vantagem com apoio de Macri e da terceira colocada. Já o governista Massa ganhou em debate e conta com indecisos e com a mobilização de jovens.
Receita direitista – Seguindo o receituário comportamental de Bolsonaro e Trump, o candidato argentino de direita Milei já alega a possibilidade de fraude na eleição de domingo.
Victoria Villrruel
Candidata a vice-presidente de Javier Millei
Só uma “tirania” resolve a crise na Argentina
Ambiente econômico
Força para os trabalhadores – O Ministério do Trabalho revoga ato de Bolsonaro que autorizava acordo entre patrões e empregados para trabalho aos domingos e feriados. Agora, os sindicatos voltam a ter mais poder de negociação, já que será necessário fazer convenção coletiva para a definição de horários dos trabalhadores.
Empresas em dificuldades – Levantamento da Serasa Experian mostra que a quantidade de empresas em recuperação judicial explodiu no terceiro trimestre. Desde o início do ano a tendência é negativa. Segundo especialistas, o ano deve encerrar com índices recordes. Cerca de 40% de todos os pedidos registrados em 2023 foram feitos entre julho e setembro.
Meta fiscal permanece – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiu manter as teses defendida pelo sistema financeiro e a imprensa corporativa de manutenção da meta de déficit fiscal zero. Então, o governo não vai apresentar emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024, aumentando o limite de tolerância dos atuais 0,25% para 0,5%.
Pix completa três anos – O Pix, sistema de pagamentos instantâneos, completou três anos de operações entre os brasileiros. E se mantém no auge: dados mais recentes do Banco Central, o idealizador do meio de pagamento mais popular do Brasil criado em 16 de novembro de 2020, dão conta que ao menos 155,8 milhões de usuários utilizam o Pix.
Imprensa
Fakenews da grande mídia – A imprensa, com destaque para o Estadão, tentou vincular o ministro da Justiça, Flávio Dino, a negociações com o Comando Vermelho. Mas um e-mail interno enviados aos jornalistas da empresa vazou, mostrando a fragilidade a denúncia sobre a “dama do tráfico” que teria visitado o ministro.
Globo ataca palestinos – A repórter especial da Rede Globo Délis Ortis produziu matéria que estimula o ódio contra os palestinos repatriados pelo governo Lula. A reportagem, publicada na Globo News e no Jornal Nacional, insinua que os brasileiros do grupo são extremistas.
Censura indireta – A Abraji e mais organizações de defesa do jornalismo denunciam o risco de um caso que tramita no Supremo Tribunal Federal e que pode refletir, de maneira grave, no exercício da liberdade de imprensa. Se aprovada a decisão, veículos de imprensa podem ser responsabilizados criminalmente pelo conteúdo de denúncias feitas por entrevistados.
Manipulação explícita – Site paranaense Gazeta do Povo diz que, com apoio da Federação Nacional dos Jornalistas, jornalistas defendem o Hamas, grupo que combate Israel na faixa de Gaza.
Em resumo