Escolas precisam se preparar para alfabetizar sobre o futuro, uma ação para preparar pessoas para novos tempos
Carlos Plácido Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro
As escolas, assim como as sociedades, estariam mais bem preparadas para a pandemia se tivessem uma cultura de reflexão e aplicação de conhecimentos e ferramentas sobre o futuro. A inclusão do tema deve ser levado em conta no Dia Mundial da Educação, comemorado neste dia 28 de abril. Afinal, especialistas em diversas áreas, inclusive futuristas, já previam, há algum tempo, a possibilidade de uma crise como a que o mundo vive atualmente.
“Não estamos em uma época de mudanças. Estamos em uma mudança de época”. Difundir este e outros conceitos relacionados com as transformações vividas pelo planeta e ensinar métodos de antecipação e preparação para o futuro é o exercício a que se dedica a futurista Rosa Alegria, uma das três especialistas com maior reconhecimento na América Latina.
Em palestras e entrevistas, a especialista dá forma e voz ao alerta sobre a necessidade de educar os jovens para o cenário diante deles. É uma questão urgente, pois estamos em um dos momentos mais importantes da história da humanidade. Para a geração dos nascidos nas duas primeiras décadas do século 21, um futuro precisa ser construído com novos valores e instrumentos.
As crianças e adolescentes em fase escolar atualmente serão adultos com elevada possibilidade de superar os 100 anos no final do século. A qualidade de vida que terão dependerá da intervenção nos acontecimentos de hoje. Inclusive na compreensão das novas profissões. Mas não devemos esperar. A aceleração das mudanças das sociedades, como consequência da pandemia, reforça a importância da adoção de estratégias de ensino que preparem novos cidadãos para o que vem pela frente.
Urgência
Em uma apresentação realizada no TEDx Senai Cuiabá, Rosa Alegria reitera a urgência da educação para o cenário em desenvolvimento. Ela representa, como diretora geral, o TTF Brasil, núcleo integrante do movimento global Teach The Future (Ensine o Futuro), que busca oferecer reflexões e técnicas e métodos para escolas privadas e públicas. A liderança da iniciativa, que abrange toda a América do Sul, é o resultado de um convite feito por Peter Bishop, um dos futuristas com maior reconhecimento no planeta.
Com a persistência e dedicação de uma cidadã e profissional adepta de causas voltadas à construção de um mundo melhor, os eventos são oportunidades para demonstrar que não há mais racionalidade em quem pensa em decidir as profissões dos seus filhos. Há perguntas essenciais pelo caminho: qual será o futuro que está adiante dos mais jovens? Como será o futuro para aqueles que têm mais futuro que a gente?
Os estudantes nascidos neste novo século precisam compreender que o mundo onde eles começarão a viver e atuar terá novas profissões. Muitas atividades que ainda nem foram criadas. Ainda hoje, os métodos adotados nas escolas estão atrasados, inadequados às necessidades de ensino. Educadores, pais, professores, gestores de escolas e de instituições públicas e privadas e a sociedade, em geral, devem refletir sobre o mundo que deixarão para as próximas gerações. As propostas de criação de um processo de “colonização do futuro” envolvem a responsabilidade de deixar um “rastro saudável, sustentável” para as próximas gerações.
“A sociedade precisa romper com o curto prazismo”, critica Rosa Alegria, para quem as crianças devem ser as participantes da definição das prioridades da sociedade em construção. “Quanta inteligência existe nessas novas gerações que não tem espaço nas decisões públicas?”, questiona.
A constatação é de que nós, os adultos, com nossas mentes ainda contaminadas por crenças das revoluções do século 20, estamos colonizando o futuro deles. Ao levar a técnicas e ferramentas do Teach the Future para dentro das escolas, incorporando estratégias criativas e críticas aos processos de educação, a possibilidade de criação de protagonismo das gerações passa a ser real.
Em resumo