O ambiente no Brasil é, atualmente, propício à disseminação do empreendedorismo feminino
Redação
Radar do Futuro
Homens e mulheres correm lado a lado na corrida pela abertura de novas empresas no Brasil. A constatação é do Monitor de Empreendedorismo Global (GEM, na sigla em inglês), relatório anual sobre o ambiente de negócios em todo o planeta, ainda em sua edição de 2013. Em Gana, Nigéria e Tailândia, as mulheres estão criando empresas a uma velocidade maior do que os homens. Em outras quatro nações, as taxas são iguais. O grupo inclui, além do Brasil, Equador, Uganda e Suíça.
Os indicadores confirmam, mais uma vez, a expansão do poder das mulheres. É verdade que elas ainda precisam superar dificuldades, como os salários mais baixos que os dos homens no mercado de trabalho e a dupla jornada de atividades. Mas, no ambiente brasileiro de negócios, as perspectivas são de crescimento expressivo do empreendedorismo feminino, o fenômeno que coloca as representantes do gênero à frente de iniciativas empresariais.
Os avanços são reais. As diferenças salariais estão caindo. Elas também conquistam empregos em áreas que, no passado, eram restritas aos homens, como na construção civil ou na direção de veículos pesados, de navios a aviões. E chegaram ao poder, como ocorre no Brasil e na Alemanha. Em especial nos países sob a influência ocidental, os fatos apontam para o cenário favorável .
“Em âmbito mundial é evidente o empoderamento feminino. Cada vez mais temos líderes e chefes de estado, CEOs de grandes empresas internacionais e nacionais se destacando, o que inspira e fortalece as mulheres a se embrenharem cada vez mais no mundo dos negócios, com investimentos em empreendedorismo”, destaca Lênia Luz, sócia da Aurelio Luz Franchising & Varejo, consultoria em formatação de franquias.
Integrante do Empreendedorismo Rosa, espaço de interlocução sobre o empreendedorismo feminino, Lena Luz destaca a dedicação das mulheres em programas de atualização e de busca contínua de informações. “As jovens terminam a faculdade e já engatam em uma pós-graduação. As graduadas e pós-graduadas, se reciclam, fazem cursos no exterior e compartilham seus conhecimentos em pequenos grupos que participam”, avalia.
Visão global – Genericamente, o ambiente no Brasil é, atualmente, propício à disseminação do empreendedorismo. Segundo números divulgados pelo Sebrae Nacional, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), 27 milhões de pessoas estão envolvidas ou em processo de criação de um negócio próprio. Este número coloca o Brasil em terceiro lugar no ranking do empreendedorismo entre os países analisados na pesquisa da GEM. O País perde apenas para a China, que lidera o levantamento, com 370 milhões de empresários, e para os Estados Unidos, que ocupa a segunda colocação, com 40 milhões. Lênia Luz destaca que, um dos fatos mais interessantes revelados pela Pesquisa GEM, é que a brasileira está empreendendo mais por oportunidade do que por necessidade, revertendo comportamentos do passado.
Há uma profusão de fatos que contribuem para a expansão do empreendedorismo como alternativa de atuação profissional e pessoal. A economia brasileira continua crescendo, mesmo que em ritmo mais lento do que a maior parte dos brasileiros deseja. O fortalecimento do mercado interno integra as metas prioritárias, enquanto o mundo convive com o cenário instável. A mobilidade social tende a manter a expansão, ampliando o consumo de bens e serviços. Há crédito privado e público e políticas governamentais de apoio. E, a cada dia, a agenda de eventos de negócios, em todos os cantos, coloca em destaque novas oportunidades e consolida a crença de que a gestão de empresa própria abre portas para o paraíso da realização pessoal.
EMPREENDEDORISMO FEMININO
Indicadores favoráveis à atuação das mulheres como empresárias
Aceleração
Mulheres são 100 milhões no Brasil. A população total é de 195 milhões
61% das vagas em universidades são preenchidas atualmente pelas mulheres
No Brasil, a feminização da força de trabalho é sustentada pelo maior nível de escolaridade das mulheres
Nos últimos 12 meses, houve aumento de mais de 50% de microempreendimentos individuais de mulheres
Oportunidades
Setor de serviços terá expansão contínuo nos próximos anos
Oportunidades novas em projetos de economia criativa, responsabilidade social e sustentabilidade
Economia
Estabilidade econômica: aumento da mobilidade social
Melhoria das condições de distribuição de renda
Melhora dos indicadores gerais de qualidade de vida
ACONTECIMENTOS (*) |
IMPACTOS |
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Escolaridade Aumento da participação das mulheres em cursos superiores Mulheres passam mais tempo estudando Maior da escolaridade das mulheres Mulheres superam os homens em número de estudantes e até de doutores |
Elas estarão melhor preparadas para concorrer no mercado No Brasil, a feminização da força de trabalho é sustentada pelo maior nível de escolaridade das mulheres |
mais mulheres chegando mercado mulheres mais qualificadas para ocupar vagas |
Mercado de trabalho Crescimento médio anual da participação feminina no mercado de trabalho no Brasil, entre 0,3 e 0,4 ponto porcentual |
em 2020, haverá mais mulheres do que homens empregados no paísempregadas do que homens no país |
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Melhora dos indicadores gerais de qualidade de vida |
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Aumento da participação de mulheres em cargos de chefia Aumento da participação de mulheres no mercado |
As desigualdades salariais permanecem, mas estão sendo reduzidas |
Redução da disparidade de remuneração entre homens e mulheres, |
GEM – 27 milhões de empreendedores no Brasil em 2011 – 49% eram mulheres |
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Expansão das tecnologias: estímulo ao trabalho em casa |
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preserva a desvantagem |
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As mulheres são a maioria nos concursos públicos |
Mais mulheres em cargos de chefia, com poder de decisão |
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Expansão do número de empreendedoras: hoje estão à frente de 49,6% das novas empresas – com menos de 3,5 anos – do Brasil. No Nordeste, o comando delas é superior ao dos homens e as coloca na liderança de 51,8% das empresas iniciais, de acordo com dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor 2012 (GEM |
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(*) Fatos / indicadores relacionados a eventos passados ou presentes
Indicadores |
Impactos |
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Econômicas |
Continuidade de crescimento da economia |
cenário favorável à criação de novas oportunidades |
Políticas – Jurídicas |
Estabilidade política / manutenção da governabilidade Aumento do estímulo à participação feminina na política |
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Sociais |
Melhor distribuição de renda / redução da concentração Redução do número de mulheres casadas Aumento das separações Redução do número de mulheres com filhos
Expansão da diferença de níveis de educação formal entre homens e mulheres Início do processo de envelhecimento da população Mais mulheres em chefia de famílias Aumento da mobilidade social: ascensão da população de baixa renda
Expansão do setor de serviços, como principal empregador
Aumento da violência contra mulheres: aumento das denúncias
Culto ao empreendedorismo: a identificação do negócio próprio como melhor alternativa de sobrevivência Novas jovens – integrantes da geração Y – tendem a ter menos sonho em empregos estáveis.
Queda do número de empreendedoras que investem pela necessidade ou por falta de empregos
Os negócios iniciais estão mais concentrados nas mãos de jovens entre 25 e 34 anos, que respondem pela criação de 33,8% das empresas. |
Maior foco em carreiras Redução do número de empreendedoras por necessidade
Mulheres mais independentes |
Mercado de trabalho |
Redução da diferença salarial Aumento da renda feminina Maior presença de mulheres em cargos de chefia Maior valorização da carreira profissional Expansão das tecnologias de comunicação: infraestrutura para home office Saem de cena as grandes empresas empregadoras |
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Mercado de consumo |
Aumento das pressões por consumo responsável Aumento da demanda por serviços |
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MULHERES
ONTEM |
HOJE |
FUTURO |
casamento viver para a família sem autonomia financeira sem autonomia emocional |
casamento + carreira compatibilizar família + trabalho autonomia financeira é importante carteira assinada ou emprego público empresária: por necessidade |
carreira + casamento autonomia financeira é essencial empresária por opção |
INDICADORES
Mulheres são 100 milhões no Brasil. A população total é de 195 milhões
Hoje, 42,4% da mão de obra é feminina. Desde 1992, a participação no mercado cresceu 9,3%. Por outro lado, a masculina caiu 5,9% no mesmo período, para 57,6%, segundo o IBGE.
De 92,4 milhões de ocupados, 39,2 milhões são mulheres.
Permanecem profundas desigualdades históricas entre homens e mulheres. Nos espaços de poder e decisão, como em cargos de chefia, a participação feminina ainda é reduzida.
Outro aspecto que reflete essa desigualdade é a renda. No desempenho de uma mesma função, com as mesmas atribuições e competências, as mulheres ganham, em média, 25% a menos do que os homens.
Dados da Receita Federal revelam também que no ano de 2013 foi registrado um aumento de mais de 50% de microempreendimentos individuais que têm como responsáveis mulheres, passando de 10,3 mil em fevereiro do ano passado para 16,6 em janeiro deste ano. “É evidente que as mulheres estão se inserido cada vez mais no mercado dos negócios. Elas estão buscando cada vez mais espaços com potencial de sucesso, em que já são percebidas as demandas e a necessidade do serviço. São focadas e perseverantes, o que contribui para o resultado dos empreendimentos”, disse a gestora.