Pesquisa mostra confiança em relação ao futuro profissional
Redação
Radar do Futuro
Jovens, esses eternos otimistas. Pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), com métodos passíveis de questionamento, mostrou que 60% dos jovens da América Latina e do Caribe têm confiança em seu futuro profissional até 2030. Outros 40% sentem incerteza ou medo. Um total de 69% espera trabalhar em sua própria empresa, 76% mostraram-se otimistas com a possibilidade de ganhar bons salários e 59% consideram que as mudanças associadas à tecnologia, como a robotização, serão positivas.
O otimismo dos entrevistados contrasta com a realidade diagnosticada pela própria OIT em outros estudos. A entidade vinculada à Organização das Nações Unidos (ONU) avalia que os jovens da região enfrentarão, nos próximos anos, um percentual de informalidade que, em média, deverá chegar a 56% deles. E uma taxa de desemprego três vezes maior que a dos adultos. Segundo a organização, apenas no último ano, o desemprego juvenil aumentou mais de três pontos percentuais na média da região, passando de 15,1% para 18,3%.
A pesquisa “El Futuro del Trabajo que Queremos. La Voz de los Jóvenes y Diferentes Miradas desde América Latina y el Caribe” tentou mostar como os jovens da América Latina e do Caribe veem o mundo do trabalho em transformação e as relações do trabalho com o avanço da tecnologia, as transformações demográficas – que inclui o envelhecimento da população e a incorporação de migrantes- , as mudanças climáticas e a dispersão da produção por diversos países.
Metodologia
Uma das explicações sugeridas pela OIT para os resultados otimistas encontrados foi a metologia utilizada na pesquisa, que foi feita em três etapas. As duas primeiras tiveram como foco a juventude do Peru. Ocorreram reuniões com especialistas e jovens lideranças, bem como pesquisas presenciais com mais de 400 participantes entre 18 e 29 anos no país andino.
Em seguida, o foco foi ampliado por meio de realização de questionário virtual respondido por 1.554 jovens, de 15 a 29 anos, de 26 países da região. A maior parte dos que responderam a pesquisa, portanto, é formada por jovens com acesso à internet e maior qualificação que a população em geral dos países pesquisados. Apesar da metodologia, na opinião da OIT, os dados permitem alimentar e aprofundar o debate sobre o futuro do trabalho na região.
A investigação considerou a situação acadêmica e laboral dos jovens; o futuro do trabalho e sua relação com a educação; a perspectiva acerca das relações de trabalho; o papel das tecnologias e os fatores considerados por eles como obstáculos ou facilitadores da concretização de oportunidades.
Maior importância
Do jovens pesquisados, 80% estavam estudando; 55% trabalhavam e 4% não estudavam e nem trabalhavam – um percentual que chega a 20% na América Latina e no Caribe, quando considerado o quadro geral da população. Entre os jovens estudantes, é forte a percepção da importância da qualificação profissional, pois 97% deles consideram que a educação recebida influi em seu cotidiano e 78% esperam fazer uma pós-graduação no futuro. Uma expectativa que é maior para as mulheres (81 %) do que para os homens (73 %) .
Os jovens que trabalham foram questionados sobre o que consideram mais importante na dinâmica laboral. No topo da lista, estão os seguintes critérios: bom salário, bom ambiente de trabalho e oportunidade de crescer na empresa. A importância da proteção social e da representação social cresce com a idade dos trabalhadores. Esses fatores foram apontados como mais importantes pelos jovens que têm entre 25 e 29 anos do que entre aqueles da faixa etária dos 15 aos 17. Para os mais velhos, é menor a importância dada, por exemplo, à qualidade do ambiente de trabalho. Em geral, os jovens que trabalham têm expectativa de trabalhar em suas próprias empresas (69 %) e no setor público (41 %) .
Ao divulgar a pesquisa próximo do Dia Internacional da Juventude, comemorado em 12 de agosto, a OIT destaca a importância dessas expectativas serem respondidas, por meio da criação de uma infraestrutura de oportunidades e emprego. Do contrário, alerta a organização, a frustração poderá impactar dinâmicas políticas e pactos sociais, além de afetar individualmente os jovens.