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Inovação na moda: desafios para as empresas

Do ponto de vista tecnológico, o ambiente é propício à inovação. E a corrida já começou com iniciativas de startups, as empresas inovadoras de base tecnológica. Foto: Pixabay
Do ponto de vista tecnológico, o ambiente é propício à inovação. E a corrida já começou com iniciativas de startups, as empresas inovadoras de base tecnológica. Foto: Pixabay

Carlos Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro

Diz uma lenda que, certo dia, um homem inteligente apresentou ao imperador de um país asiático o jogo do xadrez. Impressionado com a novidade, o imperador resolveu premiar o criador do jogo. Ele poderia pedir qualquer coisa. Esperto, o inventor disse que queria cada um dos quadrados do tabuleiro preenchido com arroz. Começando por um grão no primeiro quadrado. Dobrando por dois no segundo. E assim por diante, o dobro no terceiro, no quarto, no quinto. O imperador custou, mas entendeu a roubada em que havia entrado. E mandou cortar o pescoço do criador do xadrez.

A história, que sintetiza o conceito de exponenciação, é útil para explicar o momento atual da humanidade e, em especial, das tecnologias, desde o momento da criação dos microcomputadores, passando pelo surgimento da internet até hoje. O ano de 2020, assim como na próxima década, serão marcados pelo momento em que, ao preencher os quadrados com arroz, avançamos para a segunda metade do tabuleiro do xadrez.

Já iniciada em países desenvolvidos, a disseminação de redes de internet com velocidade 5G nos próximos anos é um acontecimento marcante. A velocidade do trânsito de dados e informações de máquinas com outras máquinas e com os humanos dará saltos que podem chegar a dezenas de vezes. Não será exagero imaginar que, ao comprar uma camisa pela internet, o consumidor ativará um processo em que, da fazenda onde se produz algodão até a fábrica e a expedição da roupa, não ocorra a interferência de seres humanos.

O mundo, incluindo naturalmente o mercado da moda, estará entregue a um dilema apontado pelo futurista Gerd Leonhard. Ele questiona se devemos automatizar as coisas apenas porque podemos. Isso mesmo. O salto exponencial da entrada nos anos 2020 significará que tudo ou quase tudo poderá incorporar as tecnologias. Robôs, sistemas inteligentes, internet nas coisas, casas e cidades inteligentes estarão por todos os lados, como resultado da corrida pela incorporação das tecnologias.

Impactos

Do ponto de vista tecnológico, o ambiente é propício à inovação. E a corrida já começou com iniciativas de startups, as empresas inovadoras de base tecnológica, envolvidas em lançamento de novos projetos que impactam da produção de matérias primas têxteis à comercialização de roupas, incluindo as áreas de design e marketing. Ainda são poucas, quando se leva em consideração o grande número de projetos que se dedicam a explorar as oportunidades e interesses do sistema financeiro, por exemplo. Os exemplos pioneiros existem, envolvendo de aplicação de inteligência artificial em consultoria de moda ao uso de recursos de realidade virtual em processos de vendas.

Nos anos 2020, será possível imaginar o momento em que o consumidor pede uma camiseta no comércio eletrônico e recebe em casa sem qualquer intervenção humana. A automação e a robotização tendem a ganhar escala, com a redução de preços de máquinas e softwares. Como alternativa às dificuldades de encontrar mão de obra especializada em costura, a robótica tende a acelerar a oferta de soluções específicas, alterando o cenário das confecções, mesmo as de pequeno porte.

As empresas precisarão ter uma cultura de monitoramento de novos produtos e serviços que chegarão no mercado. Primeiro, a concorrência crescente das startups, que buscam nichos de oportunidades. Além disso, desenvolver uma capacidade de experimentação, tanto para explorar o uso de novos materiais, que serão gerados pela nanotecnologia, como a aplicação de ferramentas como a realidade virtual.

Nem todas as questões passam, entretanto, pelo reino dos computadores. O cenário será altamente influenciado por variáveis políticas, econômicas, sociais e demográficas, entre outras. Os próximos anos, por exemplo, serão determinados pela transição demográfica, que vai afetar profundamente o mercado. A geração dos nascidos nos anos 1960 e 1970 sairão do mercado de trabalho em condições de consumo superiores aos das gerações mais novas, especialmente a geração dos nascidos após 1990.

Aprender a lidar com a evolução tecnológica de forma ativa, com senso criativo e crítico para imaginar aplicações em toda a cadeia de produção e consumo, será um tema importante para a futura sobrevivência do setor de moda. Empresários e criativos, de uma forma geral, tendem a compreender que é necessário ter uma postura pró-ativa no relacionamento com tecnologias e transformações gerais na sociedade e nos mercados, para obter melhores oportunidades como criadores de inovações.

 

 

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