Google estimula e acelera as interações por voz entre dispositivos e humanos. Como o futuro do jornalismo será impactado?
“Suas definições de busca foram atualizadas. Descubra no Google.”
A mais nova campanha da megacorporação tecnológica dos Estados Unidos merece atenção especial. Inclusive, ou principalmente, de jornalistas, profissionais de marketing e comunicação em geral. E de consumidores de notícias. As propagandas, veiculadas em meios tradicionais, abertos e fechados, e nas mídias digitais, com apoio de atores famosos e influenciadores, abrem um novo capítulo da revolução digital. Em resumo, os sistemas de assistência virtual, baseados em inteligência artificial e internet das coisas, ganharam um novo impulso. Exponencial.
A proprietária do principal sistema de buscas na internet está dizendo que pesquisas de conteúdos não precisam ser mais alguma coisa que você realiza com a ponta dos dedos. Você não terá mais inveja de seus filhos ou netos quando eles digitam em um teclado físico, no computador, ou virtual, em um smartphone. Em algum momento, todos vão aderir ao novo padrão de interação com recursos onipresentes, inteligentes e invisíveis. A voz é o meio.
Em outras palavras, a tecnologia vai substituir a digitação em teclados por interação por áudio
Ou, para quem quiser entender mais um pouco sobre o que não está explícito, a big tech Google comunica que o sistema de reconhecimento de voz e de imagens está pronto para tornar mouse e teclados obsoletos.
A tecnologia pode provocar mais uns passos em direção às mudanças na forma como os nossos públicos consomem informações na internet. Por trás de tudo, com a inteligência artificial aplicada à internet das coisas e recursos de linguagem natural, vamos “conversar” com os nossos objetos.
Você acorda de manhã e pergunta para o seu abajur (ou algo assim): quais foram as principais notícias da noite, enquanto eu dormia?
A mídia está começando a usar assistentes de voz para distribuir notícias sobre mercado financeiro, resultados esportivos, boletins meteorológicos, entre outros assuntos mais populares. E a tendência é de aumento, com diversificação de conteúdos. Buscas e respostas simulam conversas para entregar as informações baseadas em voz. Especialistas da tecnologia apostam na novidade, como a mais promissora no mundo da inteligência artificial, na relação com os seres humanos, porque são capazes de absorver o comportamento do usuário e se personalizarem, além de agilizar tarefas e otimizar o tempo das pessoas.
O que favorece o acesso por voz
O início da implantação de redes de internet com altíssima velocidade, as 5G, no Brasil, deve acelerar os novos projetos tecnológicos, como a utilização de sistemas de inteligência artificial e da Internet das Coisas. O ambiente de produção envolve a combinação de variáveis tecnológicas, de inovação e sociais que criam um quadro favorável para o mercado. A infraestrutura é a ideal, desde a capacidade de transmissão de dados, até o poder de processamento e de armazenamento.
A potência tecnológica encontra diversidade de equipamentos de acesso. Além dos tradicionais celulares, tablets, relógios e TVs inteligentes, desenvolvedores integram geladeiras, roupas, espelhos e carros, além de outros dispositivos, classificados na categoria de produtos vestíveis – ou wearables. Finalmente, o mercado conta com consumidores dispostos a utilizar os recursos no dia a dia.
Confira: como a mídia aplica sistemas de voz:
- Record TV investe em conteúdo por voz com Alexa, da Amazon
- Saiba como ouvir as notícias do g1 na Alexa e no Google
- Extra e O Globo lançam robô que tira dúvidas sobre coronavírus com função de comando de voz
- CanalTech agora tem notícias na Alexa
Evolução das interfaces
Até meados da década de 1990, o torcedor acompanhava os resultados do seu time no campeonato Brasileiro por rádios, TVs e de algum jornal. As interfaces eram limitadas, inclusive na forma como você interagia com elas. Por exemplo, para ver os gols da rodada era necessário esperar os últimos minutos do Fantástico, o velho programa dominical da rede Globo.
Se um jornalista precisava de uma informação sobre fatos do passado, recorria às hemerotecas — setor das bibliotecas das empresas jornalísticas onde se encontram coleções de jornais, revistas, periódicos e obras em série. Ou então contava com jornalistas mais experientes. Nas redações era frequente a presença de profissionais com tempo de experiência e conhecimento sobre os fatos mais marcantes da história. Era, também, a referência, no domínio sobre a gramática, para quem enfrentava dúvidas.
Com o tempo, após a revolução digital das duas últimas décadas, o responsável pelas pautas foi atropelado pela informatização das redações e pelo avanço dos sistemas de busca, graças ao acesso à internet. O jornalista que nasceu e cresceu desde a década de 1990, com o desenvolvimento da informática e da internet, tem um repertório de alternativas de pesquisas e de levantamento de informações infinitamente maior do que os seus antecessores.
O mouse e o teclado, físico, dos computadores, ou virtual, dos smartphones, ainda serão os companheiros dos profissionais de imprensa e da comunicação para acessar e interagir com as telas de seus equipamentos de trabalho, de pesquisas e de leitura. Mas as inovações em interfaces baseadas em inteligência artificial vão criar novos desafios de adaptação ao uso de assistentes virtuais, como ferramenta de busca e meio de comunicação com os seus públicos.
Impactos no jornalismo
A forma como as notícias são consumidas tende a ser alterada, com base no diálogo entre o ser humano e a máquina. Ainda hoje, se procuro informações sobre a Copa do Mundo, escrevo uma pergunta no Google e obtenho links de respostas. No futuro, aprenderei a ser mais específico ao formular uma pesquisa. Algo como: qual o resultado do jogo do Brasil contra a Alemanha? E a resposta será detalhada pela voz da internet. A inteligência artificial terá aprendido a sintetizar as informações de acordo com o freguês, para que ele não precise ler o conteúdo.
Os investimentos da plataforma em áudio estão abrindo as mídias para qualquer pessoa com um smartphone e uma história para contar. Como aconteceu em outros momentos da web, a tendência provavelmente criará um conjunto de problemas familiares para profissionais da imprensa. Mais conteúdo significa mais competição por atenção e pode ser mais difícil para o conteúdo profissional se destacar.
Por outro lado, também pode estimular a escuta global, possibilitando mais oportunidades de consumo e conexão. Para plataformas, haverá novos desafios de moderação de conteúdo em um meio ainda mais difícil de monitorar do que o texto escrito. Há quem aposte em aumento das oportunidades de engajamento e de geração de receitas — monetização — com a produção e venda de conteúdos para patrocinadores.
O áudio e vídeo são a nova mídia
Voz e vídeo tendem a consolidar no papel de porta de interação do usuário com as mídias. Os assistentes de voz estão ficando mais inteligentes e funcionais a cada semana. |
Os comandos por voz, no futuro vão estar em qualquer coisa, não só no celular. No carro, na televisão, no eletrodoméstico. |
As vendas dos aparelhos ativados por voz, como a Alexa, já estão crescendo com maior velocidade do que os smartphones. |
O uso atual dos assistentes ainda está bastante restrito a coisas como ouvir música, podcasts, saber a previsão do tempo e automação de casa |
Mesmo que o consumo de notícias seja por enquanto limitado nesses dispositivos, há uma tendência crescente de que o consumo de conteúdo terá que ser adaptado à mobilidade. |
Em resumo