Carlos Teixeira
Jornalista I Radar do Futuro
Na segunda metade dos anos 1990, um pequeno grupo de empresários acreditou que era chegado o momento de investir em uma nova ideia: escritórios virtuais. No período marcado pelo início da história da internet, empresários como o mineiro Flávio Alves Pinto, chegaram a abrir unidades do espaço compartilhado, no centro de Belo Horizonte. Não deu certo. Ao contrário, foram necessários quase 20 anos para que o modelo de negócios passasse a dar certo, com o nome coworking.
“Sempre fui um entusiasta do coworking”, assegura Flávio Pinto. Em 1995 ele foi um dos pioneiros da ideia. Hoje tem três unidades do SpaceJob Coworking. Entre a primeira tentativa e o sucesso atual, um dos principais fatores de impulsionamento é, sem dúvida, o avanço das tecnologias de comunicação pela internet e a maturidade da informática. Além de um ambiente propício entre as empresas, interessadas diretamente em possibilitar em investir em novas relações de trabalho, inclusive em estruturas de trabalho a distância.
Cenário de mudanças
A tecnologia está, de fato, impactando os escritórios tradicionais, com mudanças profundas na forma como os empresários operam e fazem negócios. A maior parte da comunicação é virtual, o recrutamento acontece via LinkedIn e os arquivos são armazenados na nuvem. Agora você pode trabalhar com empresas de Nova York a Xangai sem sair do conforto de sua mesa em São Paulo, Belo Horizonte, Fortaleza ou Curitiba.
A força da transformação está na “nuvem”. Ela possibilitou aos funcionários estarem tão presentes quanto os que estão no escritório. O culto ao trabalho colaborativo, propagado com o apoio dos formadores de opinião e da média, facilita essa tendência, permitindo que os empreendedores transformem qualquer escritório em qualquer cidade, com o mínimo esforço e a máxima produtividade.
Para Flávio Alves Pinto, a possibilidade de fortalecer redes de relacionamento — as networks — são a principal vantagem os escritórios de coworking. Ao contrário dos espaços de escritório tradicionais, os espaços de trabalho são construídos para a troca, permitindo que a empresas flexione seu quadro de funcionários e o espaço físico para cima ou para baixo, conforme necessário. Para o profissional, transformado em prestador de serviços em muitos dos casos, é a oportunidade de se manter conectado com o mundo das pessoas.
Tendências
Pelo menos na metade da década atual, as oportunidades para o setor de coworking continuarão crescentes graças à combinação de variáveis como a evolução das tecnologias digitais de comunicação, desregulamentação da economia e do mercado de trabalho, expansão dos negócios de base tecnológica, como as startups e crença no espirito do empreendedorismo. O efeito será, evidentemente, o aumento da concorrência.
Especialistas do segmento acreditam que o setor provavelmente verá uma nova geração de espaços de coworking dedicados a segmentos específicos. Esses espaços serão equipados com tecnologia alinhada às necessidades daqueles que trabalham em demandas especializadas, favorecendo a colaboração e criando um senso mais próximo da comunidade para impulsionar o sucesso.
Um ótimo exemplo é a indústria de alimentos, onde os testes de produtos são fundamentais. No momento, os espaços de coworking normalmente não são projetados ou equipados com a tecnologia para lidar com os estágios de desenvolvimento e teste do produto.
Haverá um aumento no número de empresas corporativas que utilizam espaços de coworking. Isso não apenas permite economizar no custo e no comprometimento dos contratos tradicionais de escritório, mas também permite que eles acessem o talento e a tecnologia que eles talvez ainda não tenham em suas empresas. Isso é particularmente benéfico quando se trata de pesquisa e desenvolvimento. Além de estar cheio de pessoas com uma ampla gama de habilidades que podem ser necessárias, os espaços de coworking também são projetados de maneira a inspirar a criatividade, tornando-os um ambiente mais favorável ao aumento da produtividade.
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